sexta-feira, 26 de julho de 2019

A época de incêndios e a face oculta da luta climática...


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Os fogos, os florestais, depois os incêndios, os maus (incontrolados) e os bons (controlados), o "combustível", as ZIFes, os Planos, as "autoridades", etc. etc.

Os factos:  No Portugal, mais de 90% da área florestal é propriedade de privados; são mais de 400 000 proprietários florestais que, se por um lado, não tratam da floresta como deviam e, muitas vezes, negligenciam a limpeza das propriedades, o que traz impactos negativos para a sociedade, por outro geram benefícios pelo quais a sociedade não os compensa: sequestro de Carbono da atmosfera, reciclagem de nutrientes, purificação das águas, preservação da biodiversidade, etc.

O remédio: obviamente não é "nacionalizar a floresta", que de facto já está nacionalizada (por exemplo cortar árvores ou fazer um buraco no terreno já exige licenças; então é como se o "automóvel" fosse do proprietário mas quem o controla e diz o que pode fazer com ele é o estado). Nacionalizar de jure nada traz de novo, além de que a gestão pelo estado das áreas florestais sob sua administração e tutela está muito longe de ser exemplar.  Um dos remédios - o mais lógico seguramente face à lógica estatal de combate às alterações climáticas - é compensar os proprietários pelos benefícios ambientais que as suas florestas proporcionam à sociedade, tal como já se penalizam quando os terrenos florestais não são limpos ou quando há incêndios florestais.

E como administrar? Ora, por exemplo estendendo os mercados de carbono à participação dos pequenos proprietários florestais. Atribuindo-lhes créditos de Carbono transaccionáveis nos respectivos mercados ou em mercados de "segunda divisão" - dado o grande número de participantes e as pequenas áreas florestais de cada participante.

Sendo não apenas castigado pelo "mal" que a sua propriedade traz ao estado mas também compensado pelo "bem" associado à sua conservação e manutenção,  o estado colocar-se-ia assim numa posição moralmente sustentável para ordenar e regular a actividade florestal e assumir uma posição responsável face ao continuado flagelo dos incêndios florestais.

Já o disse várias vezes, e nos lugares próprios, aquando da discussão sobre o último "pacote legislativo" relativo às florestas.

Não digam é que não há soluções!

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