quinta-feira, 17 de março de 2016

As aranhas do bem: uma parábola poética sobre as leis e a justiça do Estado

As aranhas do bem tecem as teias
onde aos poucos se apegam. 
Quando enfurecem, 
já só o próprio cheiro as satisfaz.

terça-feira, 15 de março de 2016

Milagres da Fé Económica I - O IVA

Fonte da imagem: aqui


IVA: Milagre da fé pelo qual o consumidor paga um imposto sem dar por isso, e o agente económico é transformado em cobrador de impostos e depositário de dinheiro que não é seu, igualmente sem dar por isso e sem receber um chavo pelo serviço prestado.

Actualidades

Roda de Euxion, picado aqui

sexta-feira, 11 de março de 2016

Intemporal


Dispo o casaco, tiro a máscara dos dias cansados, a gravata, o cinto 
preto e vou-me embora.
O mar chão colorido de peixes, o templo, a porta de casa. O riso de 
quem me espera mesmo antes de eu chegar. Esse espaço íntimo e
absoluto, uma flor de lótus, um toque de açafrão.

É tempo de voltar ao Magoito...


quarta-feira, 2 de março de 2016

O deus (i)mortal

«O Estado é o mais frio dos frios monstros. É frio mesmo quando mente; e eis aqui a mentira que sai da sua boca: 'Eu, o Estado, sou o Povo’. »

F. Nietzsche, Assim Falou Zaratustra

Foto: aqui

Foto: aqui

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Morrer é só não ser visto

A morte é a curva da estrada ´

A morte é a curva da estrada, 
Morrer é só não ser visto. 
Se escuto, eu te oiço a passada 
Existir como eu existo. 

A terra é feita de céu. 
A mentira não tem ninho. 
Nunca ninguém se perdeu. 
Tudo é verdade e caminho. 

Fernando Pessoa
Fonte: Arquivo Pessoa

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Clarice Lispector

«Se eu tivesse que me esforçar para te escrever ia ficar tão triste. Às vezes não aguento a força da inspiração. Então pinto abafado. É tão bom que as coisas não dependam de mim.»
 
Clarice Lispector, Água Viva. 1973
 
Clarice Lispector (1920-1977). Foto: picada aqui
 

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Lição de economia

Para haver crescimento e emprego é preciso que haja economia. Mas para haver economia tem de haver produção e consumo ou seja, consumo de rcursos naturais e produção de entropia no sistema eccológico-económico. A questão não é se vamos ou não explorar e poluir a natureza: é quanto e como vamos fazê-lo para conseguir manter um dado nível de crescimento e emprego.

Fonte: picado aqui

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

O novo mito de Sísifo

Tem o homem, a montanha e a pedra que deixou de ser como a pedra: tornou-se como a bola de neve que aumenta ao subir e ao descer a montanha. O homem que insiste em empurrá-la para o cimo é o novo homem: o homem da singularidade ou do absurdo exponencial. 


Fonte:picado aqui.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

ZIKA... Uma Charada de Inverno no Hemisfério Boreal

Exercício de engenharia: Com as treze palavras ou expressões abaixo indicadas tente construir uma frase com sentido:
Zika
Campo de concentração
Microcefalia
Eutanásia
Lei
Urgência
Socialismo
Mega-hospitais e grandes centros hospitalares
Arquitectura
Descarbonização
Nazismo global
Rede transeuropeia
Logística.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Definições...

Democracia liberal: sistema de governo onde cada um é livre de escolher o socialismo que quiser.

domingo, 13 de setembro de 2015

Uma leitura pré-eleitoral, condenada a estar sempre actual! No fundo, somos como aquele hamster que corre, corre, corre... e nunca sai do mesmo sítio...

O Carrossel Popular

No carrossel, as crianças alegres e pegajosas de algodão doce entretêm-se rodando em volta do eixo. Entusiasmadas, experimentam o potro malhado, a girafa africana, o avião e a furgoneta e, depois das voltas que o dinheiro consente, vão-se embora azamboadas e algo tristes pelo fim da festa. A democracia ‒ o modelo de governo que mais responsabilidade exige aos cidadãos ‒ tende com o tempo a transformar-se num grande carrossel popular onde os bonecos de assento fazem as vezes dos políticos, os folgazões são as bases populares, a música os media de massas, e o maquinismo é controlado por alguma personagem mefistotélica que se esconde atrás das cabines, não vá a ilusão desfazer-se! Apesar de muitos cidadãos preferirem a roda gigante ou o canguru do amor, e de alguns se esquivarem furtivos ao monótono entretenimento, o carrossel gira e gira e gira e gira, provando que existe sempre uma maioria popular que se diverte. Ao fim de mil rodopios, o pior acontece quando falha a electricidade ou ‒ azar dos azares ‒ quando o preço dos bilhetes aumenta para além das posses populares, algo que gera nas pobres gentes insofreáveis dores e desconsolos, pois os malandros dos políticos viajam sempre sem pagar, agarrados ao carrossel de traseiro tremido mesmo quando já só restam dois ou três pagantes montados neles. Assim é nas crises em democracia, as quais podem servir de bálsamo ao povo se, claro está, ele conseguir chegar ao fundo do problema, que é o seguinte: para quê andar estupidamente em círculos num cavalo de madeira quando se pode ter um cavalo a sério capaz de nos levar aonde queremos? A reflexão especulativa – essa fonte de claridade que ilumina e esclarece o espírito – podia desta forma trazer grandes benefícios ao povo, e fá-lo-ia talvez questionar-se: e afinal, para onde é que realmente queremos ir? Depois de algum tempo de meditação e justa ponderação, poderá até o povo ser levado a indagar sobre delicadas questões práticas, do tipo: porque razão tem ele, para poder exercer na sociedade uma profissão, de sujeitar-se a rigorosas provas e contínuas avaliações, e de possuir formações especializadas, aptidões “culturais” mínimas onde se inclui o domínio da língua do Estado em que estão, a fluência em língua inglesa – a língua “universal” da ciência e da técnica modernas – e a indispensável proficiência no uso das TIC, isto quando para o exercício da profissão de político, métier de enorme responsabilidade pois envolve a tomada de decisões que afectam o bem-estar presente e futuro de todos, nada disso é exigido? Porque razão não se exigem a um presidente de junta, a um membro da assembleia de freguesia, a um candidato à câmara municipal ou a ao parlamento, no mínimo semelhantes avaliações e qualificações? E a prestação de provas públicas para avaliar da sua “cultura geral” e capacidade técnica para administrar a fazenda pública? Alguns, ainda incrédulos e meio aturdidos pelo baque da claridade, poderão alegar que a função política não corresponde a uma actividade profissional no seu sentido comum ou habitual. Fraco argumento entenda-se, pois o amadorismo político podia bem ser a causa da "crise", mas jamais seu remédio. A questão é: o que teria afinal a sociedade a perder com um escrutínio destes? Acaso serão as pessoas mais inteligentes e cultas da sociedade também as mais propensas à corrupção ou ao desmazelo? Mas eis que de novo as luzes acendem, a economia volta a “crescer” e anunciam-se novas promoções (uma corrida grátis a cada duas pagas!) e o carrossel volta a girar. Lá para o Outono, pelo cair da folha, haverá “mudança” de assentos. Ao potro malhado sucederá um esbelto potro de crinas doiradas, e a furgoneta será substituída por um potente mini-avião. Depois, seguir-se-ão os habituais enguiços no maquinismo. A culpa vai ser dos assentos, do Mefistóteles ou então daquelas aves agoirentas, tipo Cassandras, que não se juntam ao povo no alegre rodopiar. Necessário e importante é que o carrossel continue a girar, a girar, a girar... mostrando como é forte a democracia! 

Valdemar J. Rodrigues