A vida é assim:
Um dia vais ao banco pedir cento e cinquenta mil
No outro vem a crise e ficas no desemprego
Vai-se a casa por metade e outra casa ainda
Vai-se o que havia e não havia
Menos a dívida.
E a vida cessa para que outra logo comece
No dia em que alguém vai ao banco
Pedir duzentos e cinquenta mil.
A casa é sempre a mesma,
Só a vida vai passando nela.
Até ao silêncio esguio dos ciprestes
Que as aves rasgam entediadas.
Entre a casa e o cemitério
Há um caminho de pedras mal caminhadas
E uma cruz antiga carcomida pelos líquenes.
E entre a vida assim e a vida tal como é
Há um rio infinito que quase ninguém vê.
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