Antes que me morras... meu querido António... antes de mim... de alguma merda de constipação... e eu tenha de morrer contigo... como quem vivo se despedisse de si próprio... só queria dizer-te isto: eu amo-te... e que me faltas na goela se te fores... como uma mudez antecipada... que o dia em que li o teu Fado Alexandrino foi como um despertar para esta foda... mas confesso que foi a tua Explicação dos Pássaros que me fez sentir mais pequenino... com mais vontade de chegar aos teus calcanhares de garoto... meu querido... não me morras por favor... que eu enquanto viver morrer-te não deixarei... meu menino que um dia trouxeste de volta o meu... a morte não nos matará... eu sei... mas perdoa-me por te sentires só... sem que tivéssemos feito o que devíamos para estar contigo... a vida é uma coisa do caralho... acabamos por morrer-nos todos uns aos outros aos bocadinhos... se morreres primeiro farei os possíveis por não saber... enquanto junto os bocados... prometo... continuarei lendo a tua Explicação até lá... como se nunca tivéssemos daqui saído... nem envelhecido nesta porra...
E disse o mestre ao discípulo em plena era digital: «Não temas o algoritmo inteligente sempre apostado em fazer-te desaparecer do seu mundo se lhe desagradas; enquanto podes e não é tarde demais, afasta-te dos ecrãs e vai analógico ao encontro dos teus amigos. Abraça-os, beija-os, joga à bola ou vai vai à praia com eles; faz alguma coisa com o teu corpo que o deles também possa sentir, e verás então se eles verdadeiramente gostam ou não.»
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