sábado, 4 de março de 2000

Monitorização do Ruído Causado pelo Transporte Ferroviário


Entre 1995 e Abril de 2008 trabalhei para várias empresas prestadoras de serviços para a REFER - Rede Ferróviária Nacional, SA, tendo sido responsável pela Gestão Ambiental de um grande número de empreitadas de obras ferroviárias e tendo participado na avaliação técnica de propostas e na elaboração de Cadernos de Encargos para a área do Ambiente. Esse trabalho de Acompanhamento Ambiental de Obra iniciou-se em 1995 com uma grande obra, conhecida na "gíria" profissional por PTNS (Projecto de Travessia Ferroviária Norte-Sul), e que contemplou numa primeira fase o reforço estrutural da Ponte 25 de Abril para permitir a passagem dos comboios, a construção do prolongamento sul do Túnel do Pragal, a construção das estações ferroviárias do Pragal, Corroios, Foros de Amora e Fogueteiro; a construição dos viadutos da Caparica, de Corroios e do Fogueteiro, o Túnel do Feijó, o Depósito de material circulante de Coina e cerca de 14 quilómetros de plataforma ferroviária na margem sul do Rio Tejo. Foi, como costuma dizer-se, um "baptismo de fogo" numa grande obra nacional. Mais tarde continuei a acompanhar as obras para sul (por exemplo as estações ferroviárias de Coina, Palmela e Pinhal Novo), e mais recentemente na Linha do Alentejo. Foi uma grande "escola" de engenharia, sendo escusado tentar colocar aqui os nomes de todos os colegas que muito me ensinaram e dos quais acabei por tornar-me amigo. São muitos, e podia escapar-me algum.

O que aqui deixo, até porque "já prescreveu" (de facto na altura das campanhas de medição a Lei do Ruído que estava em vigor era outra), é um relatório também ele inovador, sobre:


Foi um trabalho que me deu imenso prazer. Mais de quatro anos com o sonómetro atrás de mim, de dia e de noite (sim, tinha de se medir o ruído no período nocturno, e por isso acabei por conhecer todos os vigilantes que estavam nos estaleiros, não me esquecendo do Sr. Fernando e do seu cão amestrado...) com o meu "ajudante" António Pedro de Jesus (ele era - e é - Engenheiro Técnico Civil e não percebia nada de ruído) a aprender como se faziam as medições, quer no exterior quer nos edifícios, dentro da casa das pessoas, quer ainda nos auto-silos das estações ferroviárias, por exemplo para ver se os ventiladores esvavam conformes com os requisitos estipulados nos Cadernos de Encargos...

Mas não se tratou apenas de medições de ruído. Acompanhei as obras de instalação de quilómetros de barreiras acústicas, tanto na plataforma como nos vários viadutos. E acompanhei todo o processo de selecção de fornecedores e de instaladores da manta resiliente para a minimização do ruído estrutural nos viadutos de Corroios e do Fogueteiro. Medi o ruído antes, na chamada situação zero ou de referência, e depois voltei aos mesmos locais para ver a eficácia das medidas. Foi, por assim dizer-se, um trabalho completo aquele em que tive oportunidade de participar.

sábado, 6 de março de 1999

Gestão e acompanhamento ambiental de obras

Foram muitas as Empreitadas que acompanhei do ponto de vista ambiental, quer na óptica da Entidade Executante (empreiteiro) que na da Entidade Fiscalizadora (fiscalização). Entre as principais obras e projectos, são de destacar o PTNS na Margem Sul do Tejo (já referido num anterior post a propósito do ruído), a Linha do Alentejo e o Projecto de Reabilitação do Túnel do Rossio em Lisboa (todos na óptica da fiscalização, para a REFER, e contemplando um grande número de empreitadas, e.g. as estações ferroviárias do Pragal, Corroios, Foros de Amora, Fogueteiro, Coina, Penalva e Pinhal Novo; os túneis do Pragal, Feijó e Penalva e o já citado túnel do Rossio, com uma extensão de cerca de 2,300 km); os viadutos da Caparica, de Corroios, do Fogueteiro; o depósito de material circulante de Coina; as passagens superiores rodoviárias da Baixa da Banheira e da Moita; diversas passagens pedonais); acompanhei ainda, na óptica do empreiteiro, diversas obras, entre as quais a da construção da estação do metropolitano do Terreiro do Paço. Numa perspectiva mais abrangente de gestão ambiental, fui contratado em Julho de 2004 pela (então) Holland Railconsult, uma empresa holandesa especializada em construção ferrovuiária, tornando-me a partir do mês seguinte Gestor do Ambiente do Projecto de Implementação da Alta VCelocidade Ferroviária em Portugal, enquanto gestor privado, o extinto THR, trabalhando para a RAVE - Rede Ferriviária de Alta Velocidade, SA. Nesse projecto permaneci apenas 8 meses, tendo-o abandonado por razões de profunda discordância com o rumo que o projecto vinha tomando. Tornei em 2007 públicas as minhas tomadas de posição sobre o assunto do TGV, que poderão ser consultadas por exemplo aqui. Várias reacções na imprensa surgiram entretanto, por exemplo aqui, aqui, aqui, aqui, etc.

De todas as obras que acompanhei entre 1996 e 2007 resultaram inúmeros relatórios, técnicos muitos dos quais não posso aqui publicar por razões óbvias de confidencialidade. Quanto a publicações, o tema do acompanhamento ambiental de obras foi por mim tratado, com a ajuda dos colegas e amigos António Pedro de Jesus e Luís Briz, no artigo que aqui coloco à vossa disposição, e que infelizmente está muito desformatado:

Rodrigues, V.J.; Jesus, A.P. e Briz, L. (1999) – Gestão e acompanhamento ambiental de obras: o caso da obra na Margem Sul do Projecto de Travessia Ferroviária Norte-Sul. Actas da 6ª Conferência Nacional sobre a Qualidade do Ambiente, Vol 1: 461-472.

 Carregue sobre a imagem para aumentar. Para ler todo o artigo, vá aqui.

Como podem confirmar acima, este artigo é provavelmente o primeiro publicado em língua portuguesa  sobre o assunto. Quem o diz é o conhecido especialista português em Avaliação de Impacte Ambiental, Engº Júlio de Jesus, Sócio nº 1 da APAI - Associação Portuguesa de Impactes Nalgumas coisas fomos, de facto, os primeiros... (risos...)