quarta-feira, 10 de abril de 2013

Uma Vénia para Gonçalo Ribeiro Telles, e outra para o saudoso António Viana Barreto



Uma Vénia para Gonçalo Ribeiro Telles, e outra, sempre, para o meu querido amigo Arqtº e Engº Silvicultor António Viana Barreto, falecido em 2012, outrora seu vizinho de atelier: dois grandes nomes da arquitectura paisagista portuguesa e mundial. Do segundo recebi, além da amizade pessoal ao longo de todos estes anos, o meu primeiro cheque... ainda andava a terminar a licenciatura (foi pela minha contribuição para o Estudo de Impacte ambiental do troço Palmela-Marateca da Auto-Estrada A2...corria o ano de 1991-92). Ele pensava que eu sabia alguma coisa, mas enganou-se redondamente: foi ele que me ensinou imenso ao longo dos anos e dos vários projectos em que me envolveu e em que conjuntamente trabalhámos (na sua empresa PEV - Projectos de Espaços Verdes, Lda.). Não me conhecia de lado nenhum: cheguei a ele através de um amigo de ambos, também engenheiro do ambiente, e a amizade entre nós manteve-se até ao fim da sua vida. Jamais esquecerei as suas lições de técnico e de Homem. Tal como jamais esquecerei a sua honestidade, nobreza de carácter e verticalidade.  Já o disse mais do que uma vez, aqui e alhures, mas não me canso de o repetir. Apenas lamento que certas forças "progressistas" do nosso país não lhe tenham dado a atenção e a estima que merecia. Tal como lamento, porque sou de Alcobaça, a incompreensível desatenção, para não dizer outra coisa, das entidades públicas, designadamente locais, face ao espólio científico e cultural de Joaquim Vieira Natividade, do qual António Viana Barreto era uma excelente testemunha. 
 
De Gonçalo Ribeiro Telles sei - para além daquilo que é público e notório em relação à sua figura - que teve um contributo notável na redacção da Lei de Bases do Ambiente portuguesa, de 1987, onde se bateu para que a luz fosse também considerada um valor ambiental das cidades (o ensombramento causado pelas amálgamas de edifícios representava, para Gonçalo, também uma forma de poluição), o que veio resto a acontecer, tendo a nossa lei de bases sido considerada por muitos juristas à época como uma das leis mais avançadas e inovadoras a nível mundial. Sei também o que Viana Barreto dizia do seu colega de profissão e vizinho de atelier, no prédio da Avª Duque de Loulé (à esquina com a Rua Bernardo Lima), e que era bem revelador do carácter de mais um grande Homem, um grande português e um grande patriota. Parabém pois a ambos, no caso de António Viana Barreto um parabéns póstumo, e que a História merecidamente os possa inscrever nas suas páginas maiores.