sábado, 28 de abril de 2018

O "vestir-se" milenar das bibliotecas

Sócrates não gostava de livros, e na Academia de Platão não havia biblioteca. Mas tudo mudou com Aristóteles, um apaixonado por livros: no Liceu havia-os em abundância, e até "sebentas"... Nas bibliotecas, privadas ou públicas não importa,  há como um "vestir-se" para  poder "ser", um "mostrar-se" por detrás da armadura do "poder-saber".  Muitos "inteletuais" gostam de falar ou de se fazer fotografar diante de estantes com livros: é dos livros que a sua "autoridade" promana, e é nos livros que ela anseia por eternizar-se. Os livros são o fundo que reveste e autoriza; são o saber calado que dispensa dialéctica e aclaração. Falar diante de livros é como agaloar uma farda; é o gesto belicoso de mostrar-se sem necessidade de explicação, pois autoridade que é autoridade não tem de explicar-se, ou sequer de ser compreensível. O  "povo" acostumou-se por isso a dizer:  «Eles é que sabem; eles é que têm os livros». Tudo velharia com mais de 3000 anos; nada de novo sob o céu, portanto.

Imagem tirada daui.

Sem comentários: