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sábado, 27 de abril de 2019
Da grande revolução de agora que era ontem e será amanhã
Para a história continuar, quando o absurdo a invade e corrompe a cidade até esta se dividir em duas, tomando posições para o próximo sacrifício humano em massa - há que purgá-la dos maus infecciosos, que são os não muitos que ainda pensam por si, já que os outros, que são sempre um pouco mais, são úteis aos bons, para a marcha histórica do trabalhinho. A Terra roda e nela não pode ser sempre dia ou sempre noite, à excepção desses lugares polares frios habitados, a Norte, por ursos, e, a Sul, por pinguins. A preparação para a revolução é o mais importante para que o acontecer da revolução seja uma revolução-de-si mas jamais o pareça. Para que a história continue a ser essencialmente o que é desde o início, uma interminável dança. A purga deve naturalmente ser feita pelos revolucionários, e alguns deles talvez sintam a dada altura uma estranha leveza, como se a empresa revolucionária que ao início lhes pareceu tão temerária e difícil surgisse agora estranhamente leve e facilitada. Ora, isso é já o efeito daquela preparação para a revolução. Mas como se prepara afinal uma revolução? Certo é que todas as revoluções precisam de apoio financeiro e de uma propaganda eficaz. Sem dinheiro e sem propaganda não há revoluções, e quando o absurdo invade a história e a corrompe por dentro a história corre o risco de deixar de ser, esse que é o pior de todos os riscos. A história sem movimento é como o universo sem lei da gravitação: ninguém sabe ao certo para onde vão os astros e as estrelas arriscam colidir umas contra as outras numa desordem legal assustadora - pensa o deus Sol e pensam os seus dignitários ou regentes. Mas qualquer propaganda precisa de uma agenda o mais fechada e completa possível. Para cada item da agenda há que pensar pelo menos em duas saídas possíveis, diferentes mas igualmente inócuas para a lei gravitacional que mantém a história, tal como é, em movimento de rotação. Quando tiverem de escolher, os "jovens" revolucionários escolherão entre as opções dadas, e porém convencidos de terem sido eles a escolhê-las. A frase "os velhos não fazem revoluções" é certa só até certo ponto; o que alguns "velhos" fazem é mesmo prepará-las cuidadosamente, de maneira que os "jovens" acreditem nelas e, ao fazê-las, acreditem que são eles que as estão fazendo; porém o que os "jovens" historicamente fazem é seguir o plano rigorosamente estudado e delineado pelo "velhos sábios" da cidade que estão sempre dos dois lados; ainda do lado onde a noite dorme, e já do lado onde o Sol acordou. Eles simplesmente esperam, pois a noite e o dia é para eles indiferente; é apenas sinal de que a Terra se move e continua a mover-se, e com ela a interminável história humana pela qual tanto se bateram nestes últimos 5% do tempo de existência humana. A agenda dos "jovens" tem hoje no topo a "luta contra o aquecimento global" e, par extentio, a luta descarbonizadora e desmaterializadora contra os seres poluentes e tóxicos da cidade. Por detrás das suas globais manifestações há um "velho" em especial que se ri: Sófocles e o seu Édipo.
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