A função de uma escola serve o interesse comum científico e/ou
educativo e, portanto, o seu cliente
principal é toda a sociedade e não partes dela. Em particular, a
ideia de ver no aluno um cliente
principal da escola parece-me totalmente errada e perigosa, o mesmo
se aplicando à sua família ou a determinados «sectores»
da sociedade. Não está em causa que sejam partes interessadas, que
de facto são. Está em causa a essência
da escola e o conceito de “qualidade” qua
“satisfação do cliente”. A essência
da escola é posta em causa pois a escola, enquanto colectivo humano
interessado no conhecimento, i.e.,
em conhecer e dar a conhecer, engloba na mesma missão professores e
estudantes. Não se compreende que o professor não seja também um
cliente principal da escola, ele que é considerado nos "manuais da qualidade" de muitas escolas apenas como uma “parte interessada”. Quanto à ideia de
“satisfação do cliente” ela é objectivamente perigosa quando
transposta
para a escola. Se acaso o principal interesse do “cliente” for o
da obtenção de um diploma para algum propósito pessoal (e.g. a
subida de escalão na função pública, a possibilidade de exercer
tarefas mais bem remuneradas que exigem qualificações académicas),
o mais natural é que a sua satisfação decresça quando a escola
lhe exige o que é próprio de si exigir: que conheça e desenvolva
aí
na escola o conhecimento, dando assim a sua (necessária)
contribuição para o desenvolvimento da escola, ou seja, para a
melhoria da respectiva qualidade.
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