quinta-feira, 14 de novembro de 2019

O aluno não é um cliente da escola!


A função de uma escola serve o interesse comum científico e/ou educativo e, portanto, o seu cliente principal é toda a sociedade e não partes dela. Em particular, a ideia de ver no aluno um cliente principal da escola parece-me totalmente errada e perigosa, o mesmo se aplicando à sua família ou a determinados «sectores» da sociedade. Não está em causa que sejam partes interessadas, que de facto são. Está em causa a essência da escola e o conceito de “qualidade” qua “satisfação do cliente”. A essência da escola é posta em causa pois a escola, enquanto colectivo humano interessado no conhecimento, i.e., em conhecer e dar a conhecer, engloba na mesma missão professores e estudantes. Não se compreende que o professor não seja também um cliente principal da escola, ele que é considerado nos "manuais da qualidade"  de muitas escolas apenas como uma “parte interessada”. Quanto à ideia de “satisfação do cliente” ela é objectivamente perigosa quando transposta para a escola. Se acaso o principal interesse do “cliente” for o da obtenção de um diploma para algum propósito pessoal (e.g. a subida de escalão na função pública, a possibilidade de exercer tarefas mais bem remuneradas que exigem qualificações académicas), o mais natural é que a sua satisfação decresça quando a escola lhe exige o que é próprio de si exigir: que conheça e desenvolva na escola o conhecimento, dando assim a sua (necessária) contribuição para o desenvolvimento da escola, ou seja, para a melhoria da respectiva qualidade.

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