quarta-feira, 6 de abril de 2016

Pérolas da "cultura" II - A (re)descoberta da roda

Afirma Pacheco:


José Pacheco Pereira, Abrupto27 Jan. 2016

Caberia ainda perguntar:

Quem é este "nós" que perdeu a independência e a soberania? A quem se refere Pacheco quando fala do povo? Ou melhor: o que entende Pacheco por povo?

Onde estava Pacheco Pereira a 12 de Junho de 1985, quando a criatura jurídica que dá pelo nome de Portugal assinou o tratado de adesão à CEE? 

Onde estava a 7 de Fevereiro de 1992 quando a referida criatura jurídica assinou O Tratado de Maastricht que deu à luz a criatura jurídica maior da União Europeia? 

Por onde andava Pacheco a 13 de Dezembro de 2007 quando a mesma criatura assinou o Tratado de Lisboa? 

E a 2 de março de 2012, quando a mesmíssima criatura assinou o Tratado sobre a Estabilidade, Coordenação e Governação na União Económica e Monetária (TECG), vulgo tratado orçamental ou tratado da austeridade para o "povo"? 

O que saberá o dito "povo" de direito internacional, de direito europeu ou sequer de teoria do direito em geral, para ser responsabilizado pelas assinaturas em seu nome feitas pela criatura iluminada? Ou pelas dívidas que ela em seu nome contraiu? 

Será o "povo" tão responsável quanto os "pastores" iluminados que o levaram ao deserto com promessas de oásis? 

Será o "povo" tão responsável quanto as criaturas iluminadas que em seu nome negociaram e redigiram as constituições e os tratados? 

Pacheco Pereira tem contudo o grande mérito, que merece toda a minha consideração, de dizer o que pensa e como pensa. São muito raros os que o fazem com honestidade e sabedoria, e é isso sem dúvida que o diferencia da maioria dos comentadores políticos. Agora que redescobriu a roda, talvez ele me possa ajudar a compreender melhor a essência do véu que há milénios encobre a criatura, tal como o misterioso mecanismo que a faz mover e a leva a tomar decisões por mim sem o meu consentimento. A história da representatividade deve estar mal contada...