quinta-feira, 23 de novembro de 2017

As artes necessárias

A arte são artes, e nenhuma arte sobrevive ao falecimento de outra arte. As artes nascem e falecem conjuntamente. Então porque não perguntam os entrevistadores, de António Lobo Antunes por exemplo, aos autores - no caso de imortais livros - também sobre música e pintura, por exemplo? Aí está: provavelmente a arte, tal como a ciência e a religião, chegaram (de novo) ao fim. E o fim é sempre um novo começo. Nietzsche, melhor do que ninguém, percebeu a coisa. .

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Mais um subsídio para a "história municipal" que o sr. Fleming de Oliveira não quer contar

Ainda Cós, no período marcelista, e o "activismo radical" do «panfletário, acintoso e azedo» José Barbosa Rodrigues, meu pai, no dizer ressentido do "historiador municipal", advogado camarário e fundador do PPD/PSD, o sr. Fleming de Oliveira (FO), de nome próprio Fernando José Ferreira.

Cena: Últimas "eleições" para a junta de freguesia de Cós antes do 25 de Abril de 1974, cujo vencedor foi o meu pai, José Barbosa Rodrigues

Durante o Estado Novo havia "eleições", nomeadamente para as juntas de freguesia. O regedor, à época dos factos, era Joaquim Fialho, nomeado pelo presidente da câmara Tarcísio Trindade e directamente dependente dele. Contados os votos (dos "chefes de família") o vencedor foi... o «anti-clerical» e revolucionário José Barbosa Rodrigues, «anti-clerical» e revolucionário no "enviesado" entender "histórico" do "historiador municipal" de Alcobaça, FO. O "perdedor" havia sido o sr. Levi, que se não era cabo de polícia era, pelo menos, agente da Polícia de Segurança Pública, um homem à altura residente na Póvoa (de Cós). Gerado o "pânico" na pacata aldeia onde até então reinara a paz dos cemitérios, como resolver a situação? Ora, "descarregando" votos de não votantes para dar a vitória ao sr. Levi, homem do regime que o regime tinha na mão. Porém, a estratégia não foi do agrado de Joaquim Fialho, homem honesto para quem uma "eleição" era, afinal, uma "eleição". Se José Barbosa tinha sido eleito então ele que fosse o presidente. Joaquim Fialho terá achado mal a falsificação dos resultados, coisa à época pelos visto frequente, e, portanto, não ajudou a sanear a "crise". É então que Tarcício Trindade, incomodado com esta pequena chatice numa freguesia habitualmente tão serena, manda chamar ao seu gabinete o meu pai e o sr. Levi. Aí, muito "democraticamente", pede ao meu pai que abdique a favor de Levi. Fá-lo em tom de ameaça. O meu pai, jovem e inexperiente, teve então medo e, salvaguardando a "paz podre da freguesia", onde cabia o magro mas, ainda assim, seguro, "subsídio financeiro municipal" que Tarcício pôs pendente, decidiu abdicar, aceitando a proposta de Tarcísio de ficar não como presidente mas como... secretário da junta. O terrível "agitador social" agindo a mando de perigosas forças "anti-clericais" da "oposição", aceitava assim submeter-se às... "forças do bem" e do "progresso municipal" que estavam, e continuaram a estar pelo menos até 1976, ao leme da política municipal. É claro que a "história" que o "historiador municipal" FO quer contar, e quer que fique registada como "verdade histórica", tem muito que se incomodar com pequenas nódoas e episódios nada "democráticos" como este. É certo que o "rolo compressor" da "história" tudo alisa, para que tudo depois pareça limpo e claro. Mas enquanto houver gente viva com memória o "rolo compressor da história" vai ter dificuldade em passar; porque tem de passar por cima dela; foi aliás sempre assim que aconteceu, pelo menos desde o tempo do Moisés. Acima de tudo tenho muito orgulho do meu pai e, ainda que a vida a tivesse levado de nós tão cedo, da minha querida mãe. Ninguém há-de pisar incolumemente a sua história enquanto viver.

Valdemar José Correia Barbosa Rodrigues
20 de Novembro de 2017

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Sobre o “historiador municipal” Fleming de Oliveira

Sobre o “historiador municipal”
Fleming de Oliveira, de Alcobaça

Só tardiamente tive notícia da obra de Fleming de Oliveira (FO) enquanto “historiador” na área de história contemporânea de Alcobaça. FO publicou, nessa cidade e nos últimos anos, dois livros sobre a «vida na sociedade civil de Alcobaça por alturas de 1974» e, tanto quanto sei, irá lançar, este mês e na mesma cidade, um «dicionário de alcobacenses». 

   Como declaração de interesses, não tenho nem nunca tive qualquer tipo de relações pessoais, de amizade ou negócios, com FO ou membros da sua família. E não tendo nem vocação nem qualificações para a “ciência histérica”, e menos ainda para a análise crítica historiográfica – algo que FO, ao que sei, também não tem – estou à vontade para avaliar a qualidade de trabalhos escritos, com a pretensão de registos da “verdade histórica”, sobre factos e acontecimentos que, em parte pelo menos, também presenciei ou vivi, relativos à terra e a pessoas que bem conheci, como foi o caso do meu pai, José Barbosa Rodrigues, o «panfletário, acintoso e azedo» “correspondente” da imprensa da esquerda revolucionária (O jornal Voz de Alcobaça) no dizer espinhoso e traumatizado de FO – traumatizado com essas “conquistas de Abril” que foram, entre outras, as da liberdade de reunião e expressão. 

   Entre os factos dignos de “registo histórico” depreciativo FO “acusa” o meu pai de ter mobilizado, por alturas de 1974-76, as gentes da freguesia para a limpeza das ruas e da escola de Cós, e por ter tido um papel activo no movimento local que pedia a expulsão do padre Manuel da paróquia de Cós-Maiorga. Fá-lo ressentido, qual juiz que, sem se dignar analisar e descrever os factos, e sem ouvir as testemunhas (FO por exemplo jamais me contactou), passa directamente à sentença: o meu pai era arruaceiro, um anti-clerical e desprezível agitador social. O dizer simples (e de péssima redacção) do “historiador municipal” não esconde a ira: o meu pai, e os demais “agitadores” da “paz social” das aldeias pré-25 de Abril, eram peste que viera ao mundo. 

Já, por exemplo, sobre a história da última eleição para a junta de freguesia de Cós antes do 25 de Abril, cujo vencedor foi o meu pai, FO não diz palavra. Não fala da pressão que ele sofreu, da parte de Tarcísio Trindade, para abdicar a favor do concorrente, o que acabou por fazer para não prejudicar a freguesia. Era ele um tal Levi, homem do regime residente na Póvoa de Cós, a quem, pelo menos até Abril de 1974, o meu pai assessorou enquanto secretário da junta de freguesia. O “juiz” condena o meu pai pelo “crime” de «anti-clericalismo» mas não acha digno de menção o porquê de, à época, muita gente de Maiorga e Cós pedir a demissão do padre: a recusa do baptismo a crianças cujos pais não fossem à missa. Em Cós o salão paroquial onde a minha mãe (que viria a falecer em 1978) durante anos se empenhara na realização de espectáculos e iniciativas várias de índole cultural, o padre Manuel encerrou-o após o 25 de Abril. Até seria justíssimo dizer que, se tinha havido durante o marcelismo alguma vida cultural em Cós, isso se deveu em grande parte ao esforço da minha mãe, Maria Manuela Roxo Correia, tal como, é certo, à paróquia que abrira as portas do salão às iniciativas da comunidade. É óbvio que esquecer estes factos da história e acusar as pessoas de “anti-clericalismo” é errado; é tomar a parte pelo todo, algo típico de gente pouco instruída ou ignorante. O “crime” de mobilização da sociedade para a limpeza das ruas e da escola primária (cujas condições eram miseráveis) desmerece, evidentemente, qualquer comentário.

Sobre o “activismo social” do meu pai FO esquece que foi graças a ele, mais a um pequeno punhado de “perigosos activistas”, entre os quais a minha mãe, que a colectividade local veio-a-ser, e o seu leitmotiv foi, originariamente, a decisão do padre Manuel de encerrar o salão paroquial. Assim nasceu a Associação desportiva e cultural de Cós” que ainda hoje lá está. Para uma mente lúcida interessada em conhecer e, sobretudo, em dar a conhecer a historia local, é óbvio que estes “métodos” de investigação e “esquecimentos” são suspeitos; eu digo: não são nem ingénuos nem acidentais. Triste é que alguém um dia venha a dar crédito a uma “história” contada assim.

A título pessoal, o retrato que FO apresenta do meu pai é ofensivo e moralmente danoso. Sei que de pouco serve pedir-lhe que publicamente se retrate pelo que escreveu e publicou. Resta-me, para mal dos meus pecados, estar mais atento para não deixar passar mais nenhum texto deste “historiador municipal” em vão, para que os leitores possam conhecer melhor a “mecânica” do revisionismo histórico, algo em que o regime de Stalin foi exímio.

17 de Novembro de 2017


1cf. flemingdeoliveira.blogspot.com/


2e.g. http://flemingdeoliveira.blogspot.pt/2011/10/i-vida-na-sociedade-civil-de-alcobaca.html

Fonte: Região de Cister, Ed. de 30 de Nivembro de 2017

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Da cidade (naturalmente) dividida

 Em comentário ao texto de Vitor Bento Sobre a Web Summit, aqui, escrevi assim:

«Advogados, médicos, financeiros (é engraçado não ter posto economistas, será por ser economista que o fez?), professores, arquitectos, etc. E porque não juízes. padres, políticos, legisladores, militares, polícias, bombeiros, etc? O "super-homem biónico" não é coisa nova; quem pode há muito que se "entrelaçou" com a técnica; que usa, por exemplo, próteses dentárias, pacemakers, membros artificiais, insulina biotecnologicamente produzida, etc. E há até aqueles que se multiplicam, vivem várias vidas, mudam de rosto, identidade, etc. Ver a grandes distânias, ou na escuridão, ou ter uma memória googleana pode ser, para o indivíduo, uma inovação, mas não para o grande colectivo de indivíduos, para a grande empresa ou para o estado que são, ou pelo menos ambicionam ser, à maneira de Deus e, como os deuses, imortais (veja-se a letra do hino: «...nação valente e imortal»). Agora essa de o Facebook conhecer melhor o sr. Vitor Bento do que os seus amigos e família é, no mínimo, constatação de um problema ou ideia fantástica! Problema da sociedade - a anomia e o crescente isolamento dos indivíduos na multidão e no meio de tanta possibilidade de comunicação, talvez - ou ideia à qual subjaz a velhíssima convicção de uma cultura a que o esquecido Spengler chamava de fáustica: a de que o ser humano chegaria ao ponto de se auto-produzir. Ideia velha portanto, cujo grande crítico foi e continua ainda a ser o mestre Agostinho de Hipona, crítico do modo de ser maniqueu. Os maniqueus, tal como os inquisidores (medievais e modernos) e os nazis, continuam por aí, vivos e de boa saúde. O que esqueceram da humanidade foi algo que os antigos gregos bem conheciam e que tomavam por máximas da sua vida: o "nada em excesso" - este nada é mesmo nada, nem sequer o amor ou a verdade em excesso são oisas boas! - e o socrático "conhece-te a ti mesmo", melhor do que qualquer Google, ou do que qualquer estado. A técnica, essa, é certo que não tem culpa nenhuma. Parece-me profundamente errado o sr. Vitor Bento falar de um "super-homem biónico" como se ele fosse de outra espécie humana; como se a sua causa, técnica, não fosse afinal tão-só e profundamente humana, fruto dessa velha cultura fáustica do Ocidente. Falar assim, com esse à-vontade e com esse sentido (a)crítico, faz até pensar no renascimento do sonho nazi de naturalzação da política e do fenómeno político, hoje resplandecente na chamada biopolítica. Será que é de biopolítica que se trata quando sugere o domínio de uma espécie de humanos por outra espécie de humanos, biónica ou cyborg, à qual a primeira, a "actual espécie humana" haveria "naturalmente" de submeter-se? Estou em crer e espero, sinceramente, que não. Até porque acredito no lema da minha "alma mater": omnis civitas contra se divisa non stabit. A "cidade" dividida, composta já não de uma mas de duas "humanidades", acabaria por desaparecer da face da Terra.»

Valdemar J. Rodrigues,  10-11-2017

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Mais sobre a "justiça" das repúblicas (e impérios) de advogados

«A explicação é, talvez, demasiado simples, mas para isso é preciso compreender um pouco da lógica industrial agropecuária. Nas "repúblicas de advogados" (neste caso, nos "impérios de advogados") primeiro há que deixar "engordar" bem as reses; dá-se-lhes boas jus-vitaminas e jurisprudenciais suplementos de "engenharia financeira" que as ajudam a engordar. Quando elas já estão bem gordinhas, usam-se técnicas várias de boato e "fuga de informação privilegiada" (vulgo, de bufaria) para as "abater", isto ao mesmo tempo que se vai junto delas em "auxílio". É uma "cura jurídica" de emagrecimento; uma "morte" lenta, suave e sempre juridicamente bem acompanhada. No final, dependendo da "proteína" disponível, as reses escanzeladas talvez escapem à crueldade do espigão... As vítimas - se as houver de facto, e muitas vezes há-as - recebem a publicidade e o "carinho" das multidões, e fruem desse sentimento de vingança que Homero dizia ser, de todos, o mais doce. A "justiça" corresponde então a isso simplesmente: à "transformação criativa" do produto e das rendas do crime em "justos" honorários de advogados, tal como em taxas e custas processuais da dita...»

Valdemar Rodrigues, 3 de Novembro de 2017, comentado aqui.

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

La llibertat no té bandera ...

e
se um estado incomoda muita gente,
dois estados incomodam muito mais!

Foto: daqui (mas sem nenhuma afiliação ideológica... esses são ainda dos que precisam de mais do que um pai...)

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Nota sobre o "Rendimento Básico Incondicional"

Para registo, e memória futura enquanto a parceria Google/"estado português" deixar, fica aqui o comentário que fiz ao artigo, no Jornal Económico, de Ricardo Sant' Ana Moreira, intitulado: Rendimento Básico Incondicional: receber dinheiro por existir é uma boa ideia?

«Estimado colunista. O texto é de facto longo e a argumentação crítica ao tal RBI pedia mais do que um comentário necessariamente breve, ou pelo menos não demasiado longo. Fica para outra altura. Só gostaria de lhe lembrar uma coisa e de lhe dar a minha singela opinião sobre o que escreveu em geral. A lembrança é: quando diz que «muitas atividades que não são consideradas trabalho, como as artes ou o envolvimento social» devia notar que há actividades bem conhecidas, como a de professor, que não são consideradas "trabalho" à luz do código do trabalho, um produto do "estado social" baseado no tal "direito ao trabalho" que defende. Basta que, no caso das universidades, nao haja "subordinação jurídica", ou que haja um "contrato de docência" que, à luz do "direito do trabalho", não é um "contrato de trabalho", não existindo portanto o tal "vínculo laboral" que caracteriza a relação laboral, e que faz do "colaborador" "trabalhador". Há neste país muita gente cuja actividade não é considerada "trabalho", e não são apenas os servilços domésticos ou o trato de familiares idosos; há até - para seu espanto talvez - universidades que, simplesmente, funcionam mas não têm trabalhadores! Além disso, porque o seu artigo confunde "trabalho" e "emprego", refere o "pleno emprego" sem cuidar de ver a "engenharia jurídico-estatística": para se estar empregado basta, por exemplo, "trabalhar" 3 horas semanais... quero eu dizer, em síntese, que o "direito ao trabalho" e o "pleno emprego" aos quais tanto se agarra são já puras miragens, talvez de um passado económico difícil de esquecer...
A minha opinião sobre o que aqui escreveu começa por ser a de que a sua análise está enviesada, como aliás não esconde. Por exemplo, diz que «A forma pura do RBI» é a «original e liberal» e toma-a como base de referência do seu prognóstico de falência do "estado social". Antes havia dito que «liberdade é decidirmos em conjunto, em democracia, como decidimos gastar a riqueza que produzimos enquanto sociedade»... Faz contas à medida mas simplifica demasiado o problema. E não esclarece como as fez. Tomando um PIB a rondar os 200 mil milhões de euros, como fez a conta para chegar aos 21,6% do PIB ou seja, a cerca de 43 mil milhões de euros? Valor que, dividido pelos 300 euros "por pessoa", vezes 14 meses (?), que sugere, resulta num "universo" de 10,5 milhões de pessoas a abranger pela medida! - certo, ou será que estou a fazer mal as contas? Parece-me, à primeira vista, demasiada gente, e porque razão considera na conta os actuais pensionistas, que já têm, por natureza por assim dizer, um "RBI", em muitos casos muito mais do que "B"?... Fala ainda dos 22% do PIB que o estado português arrecada em impostos; pergunto: directos, indirectos ou ambos? E já agora, porque fala de um «RBI à portuguesa» quando o Portugal é memblo de pleno direito da UE? Porque ignora a dimensão europeia nesta análise sobre um problema que é de todos os ditos europeus? Porque não se pergunta, por exemplo, "O que será que o PIB de Portugal tem que faça dele, com autenticidade e certeza, um "PIB português", ou "nacional" como dizem?
Não vou alongar-me muito mais. Não tenho opinião formada sobre o assunto, que merecia ser discutido a nível europeu e não apenas local ou "nacional"... Uma discussão em liberdade, como bem diz, pois a todos afectará; e sem os fantasmas da ideologia ou da crença cega nos ditos "mercados".... que só funcionam como funcionam porque o tal "estado social" de que fala aprovou as leis e os acordos internacionais que lhes permitem fazer o que fazem, bem e mal está-se em ver, porque, creio eu, o bem e o mal nunca são puros, i.e., andam sempre de mão dada... Haveria que ver em particular a situação das famílias com crianças, dos pensionistas, etc. etc. etc. Um debate que, por estar à partida enviesado (como se explica, por exemplo, e a quem realmente interessa, que um "trabalhador" normal tenha hoje de trabalhar mais horas por ano do que um camponês na Idade Média?!) , corre o risco de nunca vir a acontecer.
Um abraço, e obrigado por me ter dado esta oportunidade para reflectir sobre o assunto e para manifestar sobre ele algumas das minhas dúvidas.»

NOTA: Este texto/comentário desapareceu misteriosamente da caixa de comentários do dito "jornal económico". Por acaso tinha-o gravado, como sempre faço não vá o diabo tecê-las. Por duas vezes voltei a pô-lo lá e por duas vezes ele voltou a desaparecer. Convluí o que não podia ter deixado de concluir: é a "liberdade de expressão" no seu melhor... Pelo contrário, os comentários violentos e xenófobos que por lá andavam por lá continuam a andar alegremente, sem qualquer rasura ou censura... Deve ter a ver com a estratégia agressiva da "corporate governance" do grupo de me(r)dia a que o jornal pertence... Face a isto, o que dizer? Puta que o pariu, obviamente!

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Perguntas inconvenientes I - A pergunta pelo "cientista" do direito

Fonte: daqui

Porque é que se pede a um cientista em geral que publique em revistas internacionais da especialidade, com refree (isto para além de ter um "desempenho" internacional notável) pelo que é de resto "sumariamente avaliado", e não se pede a um "cientista do direito", a um jurisprudente cientista que não seja somente daquela área do "direito das gentes", que faça o mesmo; que se deixe avaliar, do ponto de vista do "desempenho", dessa maneira? Quantos artigos publicados em revistas internacionais com refree, ou quantas obras publicadas em "língua" tida por necessária e universal (ou quase), têm, por exemplo, um jurisconsulto(r) Marcello Caetano ou Diogo Freitas do AmaralJorge Miranda ou Vital Moreira , isto para já não falar do "supremo" Marcelo de Sousa? (com o nome em primeiro lugar, é certo, porque é certo que há os assistentes & estagiários & associados que nos departamentos e escritórios das "sumidades jurídicas jurisprudenciais e consultadorais", se esfolam pela "inscrição na ordem" e pelos 800 euritos mensais... e, por isso, se calhar têm de publicar num destes "jornais" para darem nas vistas do chefe)? Basta ver os CVs da malta de hoje como esta - vejam-se por exemplo este e esta que saquei aleatoriamente. Onde estão as obras publicadas internacionalmente, em revistas da especialidade com refree? Se isso do direito é "ciência",  jurídica como dizem, porque será que assim acontece? Será porque o objecto dessa "ciência" se confunde com o "sujeito" que "investiga"?! Mas vamos ser técnicos, como gostam de ser os nossos "prezidentes & avariadores municipais e estaduais" quando perguntados por questões do "direito", do "processo", etc. O que é que tais "cientistas" descobriram de realmente novo? Que conhecimento verdadeiramente novo trouxeram ao mundo... depois dos romanos? Até que ponto a vida na Terra tem beneficiado da sua contribuição "técnica"?

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

O problema da "Inteligência artificial", geradora "por si" de apagões fiscais "seletivos"...




Está-se em ver que é um  problema da IA do "sistema tributário" do Portugal. Portanto, siga para arquivo, depois do "inquérito". Ou então liquidem o "sistema", pois se ele é inteligente ou seja, se ele raciocina e decide por si próprio, quem mais poderia ser o auctor material do crime?

O legal e o ético - uma notinha, à maneira de Espinosa

Tese

O que é legal pode perfeitamente não ser aceitável eticamente

Proposição

A existência de um valor limite legal para a concentração de um poluente cancerígeno P num alimento processado, ou na água para consumo humano, não só não impede como pode, pelo contrário, estimular, o comportamento eticamente inaceitável de adicionar esse poluente ao alimento ou à água em causa.

Demonstração

Admita-se que o alimento ou água em causa não contêm, em concentrações detectáveis pelos instrumentos de medida usuais e disponíveis, o poluente P.

Admita-se que os custos de eliminação/tratamento em condições de segurança do poluente P são muito elevados.

Ora, se a indústria alimentar, ou de tratamento de água para consumo humano, adicinar ao seu produto uma quantidade de poluente P de modo a não ultrapassar o limite legal fixado de x miligramas por kg de produto (i.e., de alimento ou água) ela não só estará legal como... poderá ganhar bastante dinheiro com isso, aumentando os seus lucros e podendo até mandar para o lixo boa parte da produção... porque ao inserir o poluente na água ou no alimento (processado) ela já facturou a quem queria ver-se livre dele! E poderá, até, dizer-se "amiga do ambiente", uma vez que "dilui o mal"... e, como dizia o Paracelso, «sola dosis facet venenum». Do "agente económico", como sempre, espera-se que aja "racionalmente"...

c.q.d.

Possível objecção

O "agente económico" que quer ver-se livre do "resíduo" está proibido de fazê-lo dessa forma, ou seja, de pagar a quem trate do assunto e não seja "operador de resíduos licenciado"... portanto, o procedimento é, ainda, ilegal. É portanto ainda na ilegalidade que assenta a falta de ética.

Contra-objecção

Há, por um lado, o conceito jurídico de "resíduo" e, por outro, a política, designadamente da UE, tendente a uma "economia circular" que tem como lema "Turning waste into a resource". No significado de "resource" podemos ler: "a source of wealth or revenue". Assim, o poluente P pode facilmente ser transformado, pelo milagre jurídico dos & Associados, num recurso valioso que gera bem-estar e receitas financeiras para ambas as partes, ou seja, para a empresa que quer ver-se livre dele e para a indústria que recebe dinheiro para o "diluir legalmente" nos alimentos ou na água. E quanto ao estado ou sociedade? - poderá perguntar-se - o que ganha ou perde com isso? Ora, a burocracia estatal ganha sempre e, se a questão alguma vez chegasse a colocar-se publicamente, certamente batalhões de & Associados, - que facilmente levam o assunto ao "supremo" -cientificamente apoiados nas leis que fizeram (e "respetivos" "vazios legais"), tal como nos diversos "estudos científicos" que as suportaram, haveriam no final,  como sempre, de concluir que afinal "todos ganham"; que se trata de um "win-win" inteligente e preferível a levar, por exemplo, o "recurso" para "co-incineração" na cimenteira, e uma vez mais ganham sobretudo eles (mais até do que quando trataram de fazer as leis...).

Premonição

Em breve, uma vez mais, chegar-se-á à conclusão apolínea de que "tudo o que é demais é moléstia"; que ter tantas leis "técnicas" e tantas resmas de advogados a viver delas, e para elas, não é boa ideia, que as leis não abolem o crime, simplesmente o refinam; que leis em demasia é o mesmo que ausência de lei; ou até - o que seria, tanto quanto sei, uma agradável surpresa - que afinal foi o "império dos advogados" aquilo que ruiu quando dizem ter "caído" o "Império Romano do Ocidente", numa altura em que, nesse desejado "império sem fim", já nada podia ser ou funcionar sem a "ajuda" de uma jurisprudência parasita; etc. etc. etc.

Fonte: aqui. Fala de "Inglaterra" e de um tempo muito mais recente; 
não li, mas o título chamou-me à atenção.
mas talvez seja  interessante.

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Milagres da fé jurídica V - A greve soberana, o "Nóbele" da "sciência histórica" e outras passagens da mayor relevância "scocial", "pulhitica" e "ecunómica"


Um cantar da Jvstitiae milenarmente prescricionária, no modo peso pessado de quem pode manda. Entre outras adoro aquela parte em que ela canta. «Aquele banco de Jardim passou....» Que alcance, que visão; Que poder premonitório!

Veja-se esta maravilha da "ciência mística": O "órgão de soberania" "juridicamente subordinado" ao "soberano" ("povo", desta vez) que lhe paga e dita as leis e os códigos (!!) decidiu marcar uma greve mas, depois, insondáveis razões que a razão comum, profana, desconhece, levaram a que a desconvocasse. Entretanto...

Tudo legal, tudo justo, tudo "concetualmente" harmonioso e preciso, em stricta conformidade com o "direito" que, pelos vistos, já nasceu torto, com o Moisés egípcio, como Freud acreditava que ele era... Entretanto...

Interesantes e "inovadores" "estudos técnico-científicos" vêm sendo dados à estampa, mostrando como era o mundo há dez anos a esta parte (!) - tudo prescrito portanto! mas, noticiosamente falando, com a malícia própria dos "merdia" comunicacionais " da propaganda (quem haveria de pagar para ler essas porcarias de jornal), noticiada assim: "Portugueses têm 21% do PIB em offshores" quando, em verdade, deveria ser, quando muito (já era suficientemente merdoso): "Portugueses tinham em 2007 21% do PIB em offshores". É lindo de ver um "investigador" de uma "consagrada" "universidade" "atualizar" assim os seus dados sobre a "matéria de fato" (entre aspas ponho ou as novas palavras do AO90 ou os "conceitos jurídicos", ou jurisconceitos, que enxameiam esta língua que erradamente a "verdade oficial", isto é, a "verdade jurídica" ou a "verdade histórica" equivalentes à mentira que convém ao poder que está e vai sendo,  diz ser a do pobre Camões).

Mas não, não há (como poderia haver?) nenhum prémio "nóbele" para a "ciência histórica", nem "pura" nem na variante de "arqueologia ecunómica", como parece ser o caso. Sem dúvida o puto, o Gabriel Zucman, merecia um "nóbele em história" nessa variante, a menos que se chamasse Susana,  só que se ele fosse a "espanhola" Susana Gonzalez, ou a "portuguesa" Sónia Melo (dois desses bodes expiatórios regularmente seleccionados para holocausto, no caso cabras - as senhoras que me desculpem pois se trata apenas de "adotar" a expressão - para que o resto fique na mesma, tudo muito legal, muito justo e bem limpinho... na mais pura "verdade honesta"...) e fizesse as investigações "ecumenónicas" (esta inventei eu, que também o tenho às vezes direito...) que fez nessa área da "ciência mística" e "social-arqueológica" que é a "ecunomia", jamais a carapuça lhe seria descoberta, a mesnos que as suas "verdades" não fossem suaves e doces para o ser na história do estado, para o estado-criatura jurídica que é à maneira de deus supremo, e se Deus é a Verdade, então a Verdade está com o estado, e a Verdade é o Estado. (Tanto faz se estado-empresa ou se empresa-estado, a merda é "exatamente" a mesma). E, de "fato", as "verdades" do puto não poderiam ser mais suaves e doces para o ser na história: veja-se como ele até "descobriu" que «O recurso às off-shores não parece ser influenciado pelo nível de impostos.» Fantástico melga Zucman! Tudo cientificamente legal, tudo justo e tudo - à "exceção" de um ou outro bode ou cabra expiatórios - gente séeeeria, honrrrrada e honessssta! Ai de quem disser o contrário, pois leva com a Vara dos Justos & Associados... com a Vara da Verdade Jurídica que é a dos....

advogados-sacerdotes, criadores de estados e federações, autarkeias e Yupidos, de afundações, associações & grandes uniões de toda a espécie, de "pessoas jurídicas" singulares, mistas e colectivas, apoiados numa "ciência jurídica" tão pura e criatslina quanto essa do Kelsen, uma refinada merda que só é pena - e aí está a contradição - ainda precisar de humanos para se exercer e... sobreviver. Mas sim, humanos tão pretendidamente elevados e puros que são como puro espírito, porque tudo é espírito como dizia o Berkeley, e é para eles o espírito que, pela força do querer da razão iluminada, gera o hamburguer com batatas fritas que as almas imperfeitas, aprisionadas que estão em corpos descalcificados, feios e gordos, haverão de comer toda a vida, pagando e dando graças pelo veneno legal que ingerem... Poluíste, então hás-de comer os resíduos, até ao valor limite legislado obviamente, tudo para bem do estado-empresa e da eterna jvstitiae

Termino sem esqueçer as minhas amadas Cocktail. Para a próxima honarei aqui o meu querido Tony Carreira, um senhor da "música popular", tão "ilegal" quanto os carrosséis e as vendas de farturas das feiras desse portugalório sem fim (à maneira do império dos romanos), mas infinitamente mais legal do que as "legais" transferências para offshore, as viagens da HUAWEY ou até os almoços sem "fatura" das inúmeras "coletividades", associações, etc. etc.

Para todos boas prescrições, e bons voos para offshore enquanto novas leis não vierem, para refinar o procedimento... E olhem, não esqueçam os "créditos laborais" que, legalmente, ao que sei, prescrevem ao fim de dois anos. Se não puserem a "açãozinha" a tempo depois não se queixem, porque a massa... chapéu! Milagrosamente desaparece.... como os papéis dos biliões do BES Angola... Uns mágicos estes queridos do capute...

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Da série grandes textos I - Animal Farm

   Fonte: aqui.


Friend of fatherless!
Fountain of happiness!
Lord of the swill-bucket! Oh, how my soul is on
Fire when I gaze at thy
Calm and commanding eye,
Like the sun in the sky,
Comrade Napoleon!

Thou are the giver of
All that thy creatures love,
Full belly twice a day, clean straw to roll upon;
Every beast great or small
Sleeps at peace in his stall,
Thou watchest over all,
Comrade Napoleon!

Had I a sucking-pig,
Ere he had grown as big
Even as a pint bottle or as a rolling-pin,
He should have learned to be
Faithful and true to thee,
Yes, his first squeak should be
“Comrade Napoleon!”

G. Orwell, Animal Farm, 1945

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Mais um post com bolinha vermelha, por causa do foda-se, do caralho e da puta que pariu

O boneco e o texto fiz eu, mas a ideia deve ter algum dono, que não sei quem é. Se quiserem processem-me, como fizeram ao meu querido Tony Carreira. Até pensava que essa coisa do "Mistério Público" tinha mais que fazer do que empenhar-se em que eu ouça música da original, de auctor como dizem os juristas. 

A "bolonhesa", ou seja, o lado obscuro e fedorento do "espírito de Bolonha", continua legalmente a dar "belos" frutos cá no portugalório (leia-se, frutos do "trabalho" com "vínculo laboral" de ilustres "juristas", "deputados" e "altos", "médios" e "baixos" magistrados da "nação" - foi o caso do inefável Gago , majestade da sciencia nacional e vulto maior da "respetiva" academia, supremo auctor do milagre jurídico-legal da bolonhesa - é curioso não ter ouvido falar de relvices idênticas noutros países da "desunião europeia", mas deve ter sido por não ter estado atento aos grandes "merdia" noticiosos -, o qual revolucionou e trouxe finalmente à modernidade as sciencias e as technicas do "ensino superior" indígena).

A pressa agora é muito grande, em especial no "Politécnico", para haver um boom de doutores ainda maior do que aquele que Gago ajudou a proporcionar, dando ao paiz aquella illusão de "pügresso", que tanto fascinava o alto magistrado C. Silva - lembro ainda os seus olhinhos brilhantes diante das ordenhas das vacas, brilhantes mas não tão sinceros nem lindos quanto os de M. Gago que, de resto, já passou à história com aqueles oculozinhos marotos à Harry Potter que tão bem lhe ficavam nas ventas. Há que assegurar que a ignorância e a arrogância (para além da gatunagem) se diplomam e "dótoram" rapidamente, em breve nas "universities of applied sciences" do laboralmente vinculado  professor doutor Lourtie, pois de outra forma andam por aí "desqualificadas" e abaixo do seu "escalão" justo de remuneração, e de vitalícia aposentação ... Nada há de mais juridicamente inaceitável do que um ladrão pobre e desqualificado - ilegal portanto - desconhecedor das sagradas leis e vazios legais do estado & associados que lhe permitem roubar com seriedade e dignidade e, acima de tudo, no mais estrito cumprimento da lei.

O portugalório é mesmo um país de "dótores"...

Portanto, foda-se.

É como essa treta dos "ETI", legal, sempre tudo bem legalinho entenda-se, e portanto biquinho calado..., isto é, o conceito jurídico de "equivalente de tempo integral"... A malta já há muito que anda a cu-laborar e a dar tiros nos pés, mas ou porque é nova demais ou porque "fica mal" uma manifestação de "dótores".... um contra-senso "cultural" dirão os magistrados, até porque estadisticamente a malta está quase toda empregadinha... Graças ao milagra da fé jurídica ETI, pois para se estar empregadinho, como reza a lei e confere a "estadística", basta o "dótorado" ter um cagajésimo de ETI... Aliás, andam por aí, em "Diário da Répública" - um pasquim que há muito deixei de ler, a conselho do meu psiquiatra - "regulamentos de avaliação do "desempenho docente" onde se estabelece, por exemplo, que um gajo (um "merdas-docente", provavelmente um doutorado "pré-bolonha ressabiado como eu,"inimigo" da excelsa tecno-inovação bolonhesa) que dê, por exemplo, 74 horas de aulas por ano (e por elas seja pago, à hora como os "homens e mulheres-a-dias", o que haverá de redundar em vencimentos mensais astronómicos, da ordem dos 200 euros mensais... duzentos disse bem, um luxo portanto num país de preguiçosos "dótores"...) esteja sujeito exactamente aos mesmos critérios de avaliação do desempenho do que um outro gajo (provavelmente já um juridicamente modernizado dótor "pós-bolonhês", emérito pela "university of applied sciences" da distrital de Vila Franca de Xira de um socialismo qualquer...) que dá 730 horas anuais. É como quem diz: o desempenho nada deve à "atividade"... se a Rosa Mota soubesse disto não precisava de ter treinado tanto para ganhar a medalha de ouro da maratona. Três horitas semanais bastava, em vez das 35... do tal TI...

Por isso foda-se e, além do mais,

caralho.

Ide brincar com a da tia, ou a da puta que pariu, sempre com o desconto para a mãezinha, que até pode não ter dado nada para a concelhia, da paróquia e/ou do partido.

Aqui o vosso ressabiado invejoso vai mas é apanhar sol, até porque apesar do Verão estar a acabar está um rico dia.