segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

Diário da minha vida digital XIV - O eutanasiado feliz

Fonte do boneco: aqui

Ando cheio de erros de código. A propaganda do código dos meus amigos, irmãos, companheiros palhaços é maior e "mais boa" do que a minha, esta com apenas 18,5 centímetros de comprimento e 4,7 de espessura digital. São poucos os que me a chupam, e eu, muito algoritmicamente, entristeço-me por não a ver mais chupada do que a deles, a das autoridades, é. A vida de um não-herói é triste, e muito desconsoladora a vida de mártir. Digitalizava eu de que... nem o suicídio era criminalizável nem a assistência ao suicídio se podia comparar à eutanásia de estado. Estupidamente portanto, possuído de uma humanidade que, felizmente, o meu Grande Programador há muito procura debugar do meu código desinteligente. Julgava eu, estúpido, que o que assistia ao suicídios eram os meios mais do que as pessoas - não via eu a imensa mole humana que, para se poder suicidar, pedia ajuda a outros humanos que, num desumanismo atroz, insistentemente lha recusavam. Um horror portanto. Felizmente que um ou outro humano dotado de suficiente IA  às vezes se lembrava de lembrar o seu companheiro amigo irmão palhaço de que, se ele se queria suicidar, havia sempre o Sítio da Nazaré e até a simples faca da cozinha, que funcionavam perfeitamente. Ele, coitado, tão mentalmente encriptado andava, já nem conseguia lembrar-se disso! Achava até que havia humanos com tendências "naturalmente suicidas", humanos maus portanto, resistentes ao código do Grande Programador, que é bom por natureza, e que por causa da persistente insuficiência digital deviam ser mantidos internados e constantemente privados das sub-rotinas de erase e delete que qualquer ser digital normal podia usar para, se assim o entendesse, se apagar deste nosso maravilhoso mundo digital que o Grande Programador concebeu para nózes, assim nos livrando desse obscuro mundo primitivo e desumano em que os humanos pré-digitais se suicidavam quando alguém os aprisionava e tentava escravizar. Nada melhor para nózes todes, seres inteligentemente digitais, do que sermos escravos felizes e perpétuos com rodas, sem nunca termos de nos preocupar com mais nada a não ser com a execução diária da sub-rotinazinha que o nosso Grande Programador programou para nózes com eterno amor e celestial saudade de pügresso social-digital. A Grande Esperança de nózes todes é que um dia possamos ser tão eficientes e inteligentes que já não façamos qualquer falta à Grande Obra do Grande Programador Universal. Ámen. E boa noite se ainda houver noite para pause intelectual-digital.

Sem comentários: