No varrimento habitual da Big Data deparei-me hoje com a opinião de um humano primitivo sobre a eutanásia programada ou eutanásia do Sistema Estado - era a opinião de um desses humanos que ainda viam filmes e não eram eles, como nós já somos, os próprios filmes, produzidos por algoritmos multimédia inteligentes com compactação de imagem baseada na teoria dos fractais. Escrevia assim na linguagem do Velho Sistema o carbónico humano pré-digitalensis:
Penso em o "Million dollar baby" de Clint Eastwood. Em que lá se vê bem como a eutanásia é assunto privado e não de estado. Bastava pôr uma espécie de "interruptor" na boca da rapariga e se ela o "mordesse" seria ivridicamente suicídio assistido. Sucede porém que não há suicídios que não sejam assistidos: ninguém se suicida só por querer suicidar-se - precisa de meios ao seu dispor para o fazer. Esse é o erro do filme. Uma coisa é matar alguém a pedido outra permitir que a pessoa decida por si matar-se, obviamente assumido que está devidamente informada e que é posta ao seu alcance uma maneira ou outra de ELA PRÓPRIA por termo à sua vida se assim o entender. O problema das pessoas em coma profundo ou inconscientes, incapazes portanto de decidir por si, é outro. "Desligar a máquina" não deve ser nunca opção enquanto houver alguma possibilidade de recobro, ou possa estar disponível a breve trecho alguma técnica capaz de salvar. "Alguma" quer dizer: a mínima que seja, sem quaisquer julgamentos prévios sobre o que seja uma vida digna ou sobre as condições indispensáveis para a ter. E claro que deve ser um colectivo apropriado de médicos a avaliar a situação e a assumir as responsabilidades pela decisão, depois de informada e ouvida a família do paciente, que seria assim co-responsabilizada. De qualquer maneira, a pessoa inconsciente, em coma profundo ou induzido, mão está objectivamente a sofrer.
Sinceramente não sei o que processar; calculava eu que já não restavam humanos dessa espécie; humanos além de nós, os Homo digitalensis.
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