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sexta-feira, 15 de abril de 2016
Petrolíferas memórias... ainda bem frescas no essencial
Mohave Oil & Charity
Valdemar J. Rodrigues
Os tempos correm deformados e céleres, e os nigromantes ao serviço anunciam amanhãs que cantam, sulfurosos. No pasa nada porém tudo acontece, nos bastidores. Recrudesce o reverencial temor e a Realidade fende-se de encontro às águas. A ciência está morta: a verdade pertence aos vencedores. Ansiosamente feliz, ou triste, o povo receia a toda a hora uma espécie de holocausto. Nem repara que as notícias são como bumerangues que continuamente lhes ofuscam a visão e alteram o pensamento. A racionalidade morreu. Pelo céu circulam fadas e duendes, piratas e princesas, e nada se ousa ou estranha, pois estranho é aquilo que não se sabe, ou aquilo que já se esqueceu. Tudo se sabe e espera e tudo se guarda na infinita memória googleana: o ilusionismo é a arte maldosamente bela e eficaz que Houdini tão bem conheceu.
É certo que numa Europa minguante ainda está bem presente o afã de lutar contra o aquecimento global, razão de inúmeras taxas e ecotaxas destinadas a proteger o ambiente e a salvar o planeta da destruição causada pelos humanos. Razão também para novas portagens à entrada das cidades, ou para o agravamento das portagens que já existem. Ora, quanto valem anualmente as taxas ecológicas que recaem directamente sobre os consumidores nacionais de produtos petrolíferos, e quanto valem as licenças, taxas e compensações pagas ao Estado nacional pelas empresas exploradoras dos recursos energéticos de origem fóssil? Seria lógico que tais parcelas fossem semelhantes, pois tão responsáveis pelo aquecimento global são aqueles que consomem os combustíveis fósseis como as corporações que os exploram com licença do Estado. Mas a ilusão é a seguinte: o Estado nacional, tão “empenhado” que anda na sua luta descarbonizadora, faz de vilão e cobra a uns e a outros, como de resto faz com produtos como o tabaco e as bebidas alcoólicas. Lastimando os malefícios que causam ao clima os gases esquentadores, ou à saúde e à segurança rodoviária o fumo do tabaco e o vinho, o Estado é o principal dependente e beneficiário de tais vícios, e não parece! Bela ilusão, portanto. E a União Europeia, que vive à custa dos Estados nacionais e dos seus cidadãos, em vez de definir uma estratégia clara para a exploração dos recursos energéticos não renováveis, faz como os Estados nacionais: vive do vício porque o negócio rende, e bastante.
Volto assim à “eterna” Mohave Oil & Gas Corporation, empresa que há mais de duas décadas realiza a prospecção de gás e petróleo na região Oeste de Portugal, mas que ao fim deste tempo ainda não conseguiu organizar, que eu saiba, nenhum sítio da Internet dando conta, por exemplo, dos seus vários estudos e pesquisas, planos ou programas de actividade. Eis uma lacuna evitável, que como é óbvio em nada beneficia a transparência do projecto. Desta vez foi anunciado em Alcobaça pelo Ministro da Economia um investimento nacional de 230 milhões de euros para extrair 8 mil barris de petróleo por dia. Coisa que, fazendo as contas (a 159 litros/barril de petróleo com uma densidade média de 0,81 kg/l isso dá cerca de 1030 toneladas/dia), justifica o desencadear do necessário processo de Avaliação de Impacte Ambiental do projecto, tal como há muito venho defendendo. A questão é que nada é claro quando se vive num país de ilusões e ilusionistas, na sua maioria de fraco quilate. Como será apresentado este “projecto”? Como um todo ou em projectos parcelares, ou por fases? Quantos furos, e quando, serão testados e postos à exploração? Em que locais exactamente, com que capacidade e fazendo uso de que tecnologias (por exemplo, será ou não empregue o processo de Fracking, ou fratura hidráulica), etc, etc. O governo diz agora ter aprovado um “Plano geral de trabalhos de desenvolvimento e produção de hidrocarbonetos” que lhe terá sido apresentado pela Mohave Oil & Gas. Onde estão os pareceres técnicos da administração sobre tal plano? Irá o “plano” ser sujeito a consulta pública? Aplicar-se-lhe-á a directiva europeia de avaliação ambiental de planos e programas (vulgo avaliação ambiental estratégica)?
Tantos planos, normas, leis e regulamentações europeias e nacionais não chegam, pelos vistos, para atender às questões mais fundamentais do nosso desenvolvimento. Algo de estranho despontaria de toda esta história em torno do “ouro negro” nacional, caso ainda estivéssemos lúcidos e fizéssemos bom uso da razão. Nas fotografias da sessão de “anunciação” da coisa em Alcobaça dói ver, por exemplo, a diferença entre o semblante (e até o simples cuidado na indumentária) das autoridades políticas presentes e o dos emissários das corporações envolvidas no negócio. As primeiras curvadas, com ar solene entre o extasiado e o patético, e os segundos hirtos mas incapazes de esconder um certo ar de enfado. Por esta hora deverá andar – presume-se – o autarca alcobacense com enorme diligência a tratar de rever, mais uma vez, o seu Plano Director Municipal, ajustando-o à nova “realidade petrolífera” concelhia, realidade essa que deverá, como todos vaticinam, servir de “alavanca para o desenvolvimento local e regional” (um dia, quando recuperarmos a lucidez, vai perceber-se que já só restam alavancas na economia, nada havendo nela de “peso” para levantar). Dói, mas é o espectáculo possível e, portanto, merecido. O país infantilizado e bruto não merece mais do que fábulas com príncipes e princesas, músicas de embalar e histórias da carochinha com muitos pais natais para entreterem as criancinhas. Boa noite, e que a Mohave Oil & Gas tenha piedade de nós, e do ambiente também.
Sintra, 4 de Setembro de 2012
Publicado aqui.
Volto assim à “eterna” Mohave Oil & Gas Corporation, empresa que há mais de duas décadas realiza a prospecção de gás e petróleo na região Oeste de Portugal, mas que ao fim deste tempo ainda não conseguiu organizar, que eu saiba, nenhum sítio da Internet dando conta, por exemplo, dos seus vários estudos e pesquisas, planos ou programas de actividade. Eis uma lacuna evitável, que como é óbvio em nada beneficia a transparência do projecto. Desta vez foi anunciado em Alcobaça pelo Ministro da Economia um investimento nacional de 230 milhões de euros para extrair 8 mil barris de petróleo por dia. Coisa que, fazendo as contas (a 159 litros/barril de petróleo com uma densidade média de 0,81 kg/l isso dá cerca de 1030 toneladas/dia), justifica o desencadear do necessário processo de Avaliação de Impacte Ambiental do projecto, tal como há muito venho defendendo. A questão é que nada é claro quando se vive num país de ilusões e ilusionistas, na sua maioria de fraco quilate. Como será apresentado este “projecto”? Como um todo ou em projectos parcelares, ou por fases? Quantos furos, e quando, serão testados e postos à exploração? Em que locais exactamente, com que capacidade e fazendo uso de que tecnologias (por exemplo, será ou não empregue o processo de Fracking, ou fratura hidráulica), etc, etc. O governo diz agora ter aprovado um “Plano geral de trabalhos de desenvolvimento e produção de hidrocarbonetos” que lhe terá sido apresentado pela Mohave Oil & Gas. Onde estão os pareceres técnicos da administração sobre tal plano? Irá o “plano” ser sujeito a consulta pública? Aplicar-se-lhe-á a directiva europeia de avaliação ambiental de planos e programas (vulgo avaliação ambiental estratégica)?
Tantos planos, normas, leis e regulamentações europeias e nacionais não chegam, pelos vistos, para atender às questões mais fundamentais do nosso desenvolvimento. Algo de estranho despontaria de toda esta história em torno do “ouro negro” nacional, caso ainda estivéssemos lúcidos e fizéssemos bom uso da razão. Nas fotografias da sessão de “anunciação” da coisa em Alcobaça dói ver, por exemplo, a diferença entre o semblante (e até o simples cuidado na indumentária) das autoridades políticas presentes e o dos emissários das corporações envolvidas no negócio. As primeiras curvadas, com ar solene entre o extasiado e o patético, e os segundos hirtos mas incapazes de esconder um certo ar de enfado. Por esta hora deverá andar – presume-se – o autarca alcobacense com enorme diligência a tratar de rever, mais uma vez, o seu Plano Director Municipal, ajustando-o à nova “realidade petrolífera” concelhia, realidade essa que deverá, como todos vaticinam, servir de “alavanca para o desenvolvimento local e regional” (um dia, quando recuperarmos a lucidez, vai perceber-se que já só restam alavancas na economia, nada havendo nela de “peso” para levantar). Dói, mas é o espectáculo possível e, portanto, merecido. O país infantilizado e bruto não merece mais do que fábulas com príncipes e princesas, músicas de embalar e histórias da carochinha com muitos pais natais para entreterem as criancinhas. Boa noite, e que a Mohave Oil & Gas tenha piedade de nós, e do ambiente também.
Sintra, 4 de Setembro de 2012
Publicado aqui.
quinta-feira, 14 de abril de 2016
O paraíso está a ficar sobrelotado...
Há gente a mais no paraíso, conferem os analistas; quem entrou entrou, e vamos ver se tem qualidade suficiente para permanecer a bordo; quem não entrou que tivesse entrado! O navio da história parece estar cheio e com pressa de largar... oxalá não se afunde, como aconteceu ao Titanic...
Foto daqui.
sábado, 9 de abril de 2016
A "cultura" e o aquecimento global
Esta breve nota vem a propósito disto e disto , e ficou lá postado com a devida identificação da proveniência.
Se o Estado tem alguma coisa a ganhar com a poluição então é porque o "povo" - aceitando o dogma indemonstrável de Estado = povo - tem alguma coisa a ganhar com a poluição. Chamemos então A a essa "alguma coisa", um benefício cujos prejuízos serão B. Então o Estado sabe que A é maior que B, pois de outra forma não haveria justificação racional para licenciar a prospecção cuja finalidade é a exploração dos hidrocarbonetos de origem fóssil responsáveis pelas alterações climáticas. A pergunta é: onde estão os Estudos técnicos que demonstram que A > B? Agora pensemos num Estado mundial seguindo este exemplo, que pelos vistos é regra e está conforme com as leis e o direito internacional, ou seja, um Estado-mundo agindo com o conhecimento de que a exploração de gás e petróleo lhe traz mais benefícios do que prejuízos, a ele que é a população mundial, segundo o notado dogma vigente. (o mesmo seria válido se pensássemos na União Europeia). Então como justificar racionalmente as políticas públicas de ambiente e de luta contra o aquecimento global? E as taxas ambientais e ecológicas que os povos do mundo crescentemente têm de suportar? Era só isto que gostaria de ver esclarecido, para que tudo o resto pudesse começar a ser melhor compreendido...
quarta-feira, 6 de abril de 2016
Pérolas da "cultura" II - A (re)descoberta da roda
Afirma Pacheco:
José Pacheco Pereira, Abrupto, 27 Jan. 2016
José Pacheco Pereira, Abrupto, 27 Jan. 2016
Caberia ainda perguntar:
Quem é este "nós" que perdeu a independência e a soberania? A quem se refere Pacheco quando fala do povo? Ou melhor: o que entende Pacheco por povo?
Onde estava Pacheco Pereira a 12 de Junho de 1985, quando a criatura jurídica que dá pelo nome de Portugal assinou o tratado de adesão à CEE?
Onde estava a 7 de Fevereiro de 1992 quando a referida criatura jurídica assinou O Tratado de Maastricht que deu à luz a criatura jurídica maior da União Europeia?
Por onde andava Pacheco a 13 de Dezembro de 2007 quando a mesma criatura assinou o Tratado de Lisboa?
E a 2 de março de 2012, quando a mesmíssima criatura assinou o Tratado sobre a Estabilidade, Coordenação e Governação na União Económica e Monetária (TECG), vulgo tratado orçamental ou tratado da austeridade para o "povo"?
O que saberá o dito "povo" de direito internacional, de direito europeu ou sequer de teoria do direito em geral, para ser responsabilizado pelas assinaturas em seu nome feitas pela criatura iluminada? Ou pelas dívidas que ela em seu nome contraiu?
Será o "povo" tão responsável quanto os "pastores" iluminados que o levaram ao deserto com promessas de oásis?
Será o "povo" tão responsável quanto as criaturas iluminadas que em seu nome negociaram e redigiram as constituições e os tratados?
Pacheco Pereira tem contudo o grande mérito, que merece toda a minha consideração, de dizer o que pensa e como pensa. São muito raros os que o fazem com honestidade e sabedoria, e é isso sem dúvida que o diferencia da maioria dos comentadores políticos. Agora que redescobriu a roda, talvez ele me possa ajudar a compreender melhor a essência do véu que há milénios encobre a criatura, tal como o misterioso mecanismo que a faz mover e a leva a tomar decisões por mim sem o meu consentimento. A história da representatividade deve estar mal contada...
terça-feira, 5 de abril de 2016
domingo, 3 de abril de 2016
Pérolas da "cultura" I: o desdobramento do Conceito
I. Roubo
II. Furto
III. Desvio
IV. Apropriação indevida
V. Enriquecimento ilícito
VI. Acréscimo patrimonial não justificado
VII. ...
I. Miséria
II. Pobreza
III. Pobreza absoluta
IV. Carência económica
V. Privação material severa
VI...
II. Furto
III. Desvio
IV. Apropriação indevida
V. Enriquecimento ilícito
VI. Acréscimo patrimonial não justificado
VII. ...
I. Miséria
II. Pobreza
III. Pobreza absoluta
IV. Carência económica
V. Privação material severa
VI...
Dogmas da Fé Económica I - A Mão Invisível
Mão invisível: dogma da fé económica segundo o qual a geração de riqueza só é possível dando trabalho e pagando a empregados, o que assegura a justa distribuição da referida riqueza.
sexta-feira, 1 de abril de 2016
A voz de fundo da "cultura": Quanto menos souberes a quantas andas melhor para ti...
«Quanto menos souberes a quantas andas melhor para ti, não te chega para o bife? Antes no talho do que na farmácia; não te chega para a farmácia? Antes na farmácia do que no tribunal; não te chega para o tribunal? Antes a multa do que a morte; não te chega para o cangalheiro? Antes para a cova do que para não sei quem que há-de vir, cabrões de vindouros, ah? Sempre a merda do futuro, a merda do futuro, e eu ah? Que é que eu ando aqui a fazer? Digam lá, e eu? José Mário Branco, 37 anos, isto é que é uma porra, anda aqui um gajo cheio de boas intenções, a pregar aos peixinhos, a arriscar o pêlo, e depois? É só porrada e mal viver é?»
José Mário Branco, FMI, que talvez não soubesse exactamente o que estava a dizer quando disse o que disse...
quarta-feira, 30 de março de 2016
O ser ou não ser da questão angolana
Eis a questão: Angola é ou não é um Estado de direito? Tal como o Estado Novo o foi, e tal como ele constitucional e soberano?
Não terão todas, ou pelo menos quase todas as ditaduras acontecido em Estados de direito?
Não era a Alemanha do III Reich um Estado de direito?
Haverá porventura alguma coisa de errado no Estado de direito? Ou melhor: será possível algum Estado que não seja Estado de direito, e em caso negativo haverá então alguma coisa de errado na próprio conceito de Estado?
E se as respostas forem que é possível um Estado de não direito e que, por exemplo, Angola não é um verdadeiro Estado de direito, que direito será aquele que os juízes e magistrados diariamente nesses países se empenham em aplicar? Será um direito torto ou distorcido? E que nome dar então àqueles que o aplicam? Inconscientes? Loucos? Será que a irresponsabilidade das decisões dos juízes significa o mesmo que não estar consciente delas e das suas consequências para as pessoas reais e concretas?
Foto: aqui
sábado, 26 de março de 2016
quarta-feira, 23 de março de 2016
segunda-feira, 21 de março de 2016
A Minha Moral
Este silêncio magnânimo em que o nada se ouve e se diz de nada,
e porque nada.
A minha moral ao espelho é a minha neurose.
Obrigado.
A imagem, bem ou mal, veio daqui
Descarboniza filho, descarboniza...
Descarboniza filho, descarboniza, antes que os chatos fujam todos para o Egipto!
Fonte: aqui
Com vénia para o José Mário Branco
domingo, 20 de março de 2016
sábado, 19 de março de 2016
Milagres da Fé Económica III - O Valor Subjectivo
Valor Subjectivo: Milagre da fé económica através do qual o valor real das coisas passa a ser determinado pela fé dos economistas.
Milagres da Fé Económica II - A Escolha Racional
Escolha Racional: Milagre da fá económica segundo o qual a Maria-que-vai-com-as-outras age racionalmente e, como tal, é juridicamente responsável pela sua quota parte da dívida do Estado.
quinta-feira, 17 de março de 2016
As aranhas do bem: uma parábola poética sobre as leis e a justiça do Estado
As aranhas do bem tecem as teias
onde aos poucos se apegam.
Quando enfurecem,
já só o próprio cheiro as satisfaz.
terça-feira, 15 de março de 2016
Milagres da Fé Económica I - O IVA
Fonte da imagem: aqui
IVA: Milagre da fé pelo qual o consumidor paga um imposto sem dar por isso, e o agente económico é transformado em cobrador de impostos e depositário de dinheiro que não é seu, igualmente sem dar por isso e sem receber um chavo pelo serviço prestado.
sexta-feira, 11 de março de 2016
Intemporal
Dispo o casaco, tiro a máscara dos dias cansados, a gravata, o cinto
preto e vou-me embora.
O mar chão colorido de peixes, o templo, a porta de casa. O riso de
quem me espera mesmo antes de eu chegar. Esse espaço íntimo e
absoluto, uma flor de lótus, um toque de açafrão.
quarta-feira, 2 de março de 2016
O deus (i)mortal
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016
Morrer é só não ser visto
A morte é a curva da estrada ´
A morte é a curva da estrada,
Morrer é só não ser visto.
Se escuto, eu te oiço a passada
Existir como eu existo.
A terra é feita de céu.
A mentira não tem ninho.
Nunca ninguém se perdeu.
Tudo é verdade e caminho.
Fernando Pessoa
Fonte: Arquivo Pessoa
A morte é a curva da estrada,
Morrer é só não ser visto.
Se escuto, eu te oiço a passada
Existir como eu existo.
A terra é feita de céu.
A mentira não tem ninho.
Nunca ninguém se perdeu.
Tudo é verdade e caminho.
Fernando Pessoa
Fonte: Arquivo Pessoa
terça-feira, 23 de fevereiro de 2016
Clarice Lispector
«Se eu tivesse que me esforçar para te escrever ia ficar tão triste. Às vezes não aguento a força da inspiração. Então pinto abafado. É tão bom que as coisas não dependam de mim.»
Clarice Lispector, Água Viva. 1973
Clarice Lispector (1920-1977). Foto: picada aqui
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016
Lição de economia
Para haver crescimento e emprego é preciso que haja economia. Mas para haver economia tem de haver produção e consumo ou seja, consumo de rcursos naturais e produção de entropia no sistema eccológico-económico. A questão não é se vamos ou não explorar e poluir a natureza: é quanto e como vamos fazê-lo para conseguir manter um dado nível de crescimento e emprego.
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016
O novo mito de Sísifo
Tem o homem, a montanha e a pedra que deixou de ser como a pedra: tornou-se como a bola de neve que aumenta ao subir e ao descer a montanha. O homem que insiste em empurrá-la para o cimo é o novo homem: o homem da singularidade ou do absurdo exponencial.
Fonte:picado aqui.
sexta-feira, 29 de janeiro de 2016
ZIKA... Uma Charada de Inverno no Hemisfério Boreal
Exercício
de engenharia:
Com as treze palavras ou expressões abaixo indicadas
tente construir
uma frase com sentido:
Zika
Campo de concentração
Microcefalia
Eutanásia
Lei
Urgência
Socialismo
Mega-hospitais e grandes
centros hospitalares
Arquitectura
Descarbonização
Nazismo global
Rede transeuropeia
Logística.
sábado, 23 de janeiro de 2016
sexta-feira, 15 de janeiro de 2016
quinta-feira, 3 de dezembro de 2015
Definições...
Democracia liberal: sistema de governo onde cada um é livre de escolher o socialismo que quiser.
domingo, 13 de setembro de 2015
Uma leitura pré-eleitoral, condenada a estar sempre actual! No fundo, somos como aquele hamster que corre, corre, corre... e nunca sai do mesmo sítio...
O Carrossel Popular
No carrossel, as crianças alegres e pegajosas de algodão doce
entretêm-se rodando em volta do eixo. Entusiasmadas, experimentam o
potro malhado, a girafa africana, o avião e a furgoneta e, depois
das voltas que o dinheiro consente, vão-se embora azamboadas e algo
tristes pelo fim da festa. A democracia ‒ o modelo de governo que
mais responsabilidade exige aos cidadãos ‒ tende com o tempo a
transformar-se num grande carrossel popular onde os bonecos de
assento fazem as vezes dos políticos, os folgazões são as bases
populares, a música os media de massas, e o
maquinismo é controlado por alguma personagem mefistotélica que se
esconde atrás das cabines, não vá a ilusão desfazer-se! Apesar de
muitos cidadãos preferirem a roda gigante ou o canguru do amor, e de
alguns se esquivarem furtivos ao monótono entretenimento, o
carrossel gira e gira e gira e gira, provando que existe sempre uma
maioria popular que se diverte. Ao fim de mil rodopios, o pior
acontece quando falha a electricidade ou ‒ azar dos azares ‒
quando o preço dos bilhetes aumenta para além das posses populares,
algo que gera nas pobres gentes insofreáveis dores e desconsolos,
pois os malandros dos políticos viajam sempre sem pagar, agarrados
ao carrossel de traseiro tremido mesmo quando já só restam dois ou
três pagantes montados neles. Assim é nas crises em democracia, as
quais podem servir de bálsamo ao povo se, claro está, ele conseguir
chegar ao fundo do problema, que é o seguinte: para
quê andar estupidamente em círculos num cavalo de madeira quando se
pode ter um cavalo a sério capaz de nos levar aonde queremos?
A reflexão especulativa – essa fonte de claridade que ilumina e
esclarece o espírito – podia desta forma trazer grandes benefícios
ao povo, e fá-lo-ia talvez questionar-se: e afinal,
para onde é que realmente queremos ir?
Depois de algum tempo de meditação e justa ponderação, poderá
até o povo ser levado a indagar sobre delicadas questões práticas,
do tipo: porque razão tem ele, para poder exercer na sociedade uma
profissão, de sujeitar-se a rigorosas provas e contínuas
avaliações, e de possuir formações especializadas, aptidões
“culturais” mínimas onde se inclui o domínio da língua do
Estado em que estão, a fluência em língua inglesa – a língua
“universal” da ciência e da técnica modernas – e a
indispensável proficiência no uso das TIC, isto quando para o
exercício da profissão de político, métier de enorme responsabilidade pois envolve a tomada de decisões que
afectam o bem-estar presente e futuro de todos, nada disso é
exigido? Porque razão não se exigem a um presidente de junta, a um
membro da assembleia de freguesia, a um candidato à câmara
municipal ou a ao parlamento, no mínimo semelhantes avaliações e
qualificações? E a prestação de provas públicas para avaliar da
sua “cultura geral” e capacidade técnica para administrar a
fazenda pública? Alguns, ainda incrédulos e meio aturdidos pelo baque da
claridade, poderão alegar que a função
política não
corresponde a uma actividade profissional no seu sentido comum ou
habitual. Fraco argumento entenda-se, pois o amadorismo político
podia bem ser a causa da "crise",
mas jamais seu remédio. A questão é: o que teria afinal a
sociedade a perder com um escrutínio destes? Acaso serão as pessoas mais
inteligentes e cultas da sociedade também as mais propensas à
corrupção ou ao desmazelo? Mas eis que de novo as luzes acendem, a
economia volta a “crescer” e anunciam-se novas promoções (uma
corrida grátis a cada duas pagas!) e o carrossel volta a girar. Lá
para o Outono, pelo cair da folha, haverá “mudança” de
assentos. Ao potro malhado sucederá um esbelto potro de crinas
doiradas, e a furgoneta será substituída por um potente mini-avião.
Depois, seguir-se-ão os habituais enguiços no maquinismo. A culpa vai ser dos assentos, do Mefistóteles ou então daquelas aves agoirentas, tipo Cassandras, que não se juntam ao povo no alegre rodopiar. Necessário
e importante é que o carrossel continue a girar, a girar, a girar... mostrando como é forte
a democracia!
Valdemar J. Rodrigues
domingo, 6 de setembro de 2015
segunda-feira, 3 de agosto de 2015
sexta-feira, 24 de julho de 2015
quarta-feira, 15 de julho de 2015
quinta-feira, 9 de julho de 2015
Teilhard de Chardin (1881 — 1955): Quem tiver ouvidos que oiça
«O século passado conheceu as primeiras greves sistemáticas nas fábricas. O próximo século não terminará sem uma ameaça de greve na Noosfera.»
Teilhard de Chardin, Le Phénomène humain,1955
PS: Isto devia interessar às chamadas empresas "criativas", à indústria da "cultura" e à chamada aposta "política" na "inovação"...
domingo, 28 de junho de 2015
sexta-feira, 26 de junho de 2015
James Ensor, 1860-1949
Jus romanum, o Pato de Goethe, o Estado Global, arquitectado mas sem governo à vista, e uma Nação de tecnocratas sem poiso... assim não vamos lá, nem com a "ajuda" do Papa Francisco...
Prefiro a Erica....
Prefiro a Erica....
quarta-feira, 17 de junho de 2015
quinta-feira, 7 de maio de 2015
sexta-feira, 1 de maio de 2015
Contra o ortografês e a "normalização cerebral"
Tenho estado publicamente contra essa merda de "acordo" ainda escrevia no DN Jovem, estávamos no início da década de 1990. A técnica, que o f.d.p. do Estaline tanto gostava, não se combate com mais técnica: combate-se com Arte e com vernáculo, e com um murro nos cornos se necessário for, a la Nietzsche, homem que como qualquer não ignorante saberá nunca foi nem anti-semita nem fascista. Não existem "organismos oficiais". Existem - na natureza - apenas organismos. Uns pensam; outros, nem por isso.
domingo, 5 de abril de 2015
Engenharia do Ambiente da Lusófona: Factos que falam por si...
Um Mestrado totalmente restruturado e reorganizado que obteve acreditação por 6 anos! por parte da A3ES, e uma Licenciatura, reconhecida em Portugal pela Ordem dos Engenheiros Técnicos e, internacionalmente. pela FEANI. Eis o trabalho em que eu e o prof. Jorge Costa - que se afastou da univesidade há cerca de um ano, optando por processar judicialmente a univesidade pelos danos que esta lhe causou - nos empenhámos arduamente, muitas vezes à custa da nossa vida pessoal e do tempo que não era o da Lusófona. Nunca antes o curso alcançara tanto reconhecimtno. Deus sabe - mas não apenas Ele - as condições actuais de funcionamento de tais cursos... Todos sabemos o trabalho que dá construir alguma coisa de bom, e a facilidade com que se destrói o tabalho feito. Apelo aos antigos e actuais alunos que se movam em defesa de algo que nós, entre outros colegas e funcionários generosos e competentes que felizmente ainda vai havendo na universidade, fizemos sobretudo por eles, a pensar neles e também com a sua preciosa ajuda. Não caberia aqui a lista de nomes de actuais e ex-alunos de Engenharia do Ambiente da ULHT que tornaram possíveis tantas e tão construtivas acções e eventos.
sexta-feira, 3 de abril de 2015
Era uma vez uma universidade...
É com muita pena minha que me vejo obrigado a fazer este post, e espero que os actuais e ex-alunos da Lusófona que me conhecem possam vir a perdoar-me, pois na verdade o que escrevo é para seu bem, e visa mostrar que o declínio da ULHT é recente, e foi muito pronunciado após o "caso Relvas" em 2012. Aos colegas professores na ULHT, com os quais sempre estive solidário, deixo, para que reflictam um pouco, as seguintes palavras de Hannah Arendt:
«Onde todos são culpados, ninguém o é; as confissões de culpa coletiva são a melhor salvaguarda contra a descoberta dos culpados, e o tamanho do crime a melhor desculpa para
não se fazer nada.» - Arendt, H. (2006
[1969/70])
– Sobre la violencia. Madrid: Alianza Editorial, p. 87
Aí vai então o excerto da minha página da Wikipedia, actualizada hoje:
Valdemar José Correia Barbosa Rodrigues...
Foi - e "teoricamente" ainda é - professor na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias de Lisboa desde 1998/199918 , actualmente com a categoria de Professor Associado Foi Director nesta Universidade, entre 2009 e 2013, dos cursos de Licenciatura e Mestrado em Engenharia do Ambiente ministrados pela Faculdade de Engenharia da ULHT, integrando ainda o corpo docente do Instituto Superior de Gestão onde colaborou até 2012 no Mestrado em Gestão da Energia. Acedeu em 2013 ao convite para integrar o Centre for Interdisciplinary Development and Research on Environment, Applied Management and Space (DREAMS), unidade de I&D da ULHT
da qual em Março de 2015 ainda era responsável o Prof. João Corte-Real,
catedrático da Univ. de Évora, mas onde nunca chegou a desenvolver
qualquer actividade de investigação. Pediu a demissão dos cargos de
direcção de cursos na Univ. Lusófona em Setembro de 2013, após ter
manifestado por diversas vezes, nos órgãos próprios da universidade, a
sua discordância com a "gestão do dossier Relvas", e com o facto de os
custos materiais e morais dessa "gestão" estarem a ser sobretudo
suportados pelos professores e alunos, reflectindo-se na degradação geral
das condições para um ensino de nível univesitário. Acresceu o facto
de, ao fim de 15 anos de serviço ininterrupto na Univ. Lusófona, e após
ter assumido cargos de direcção de cursos, continuar na condição de
"prestador de serviços", pago à hora, em função do número de alunos
inscritos a cada disciplina, alunos que, para a ardilosa administração da
ULHT, só contam como "inteiros" se estiverem inscritos à
totalidade de UCs do semestre, correspondente a 30 ECTS. Após a sua demissão
ter sido finalmente aceite, em Novembro de 2013, continuou, até Maio de
2014, a assegurar a docência das unidades curriculares das quais era
habitualmente responsável. Em Março de 2014, com uma carga horária
completa, correspondente a 12 horas semanais de aulas, em período
laboral e pós-laboral - até às 23 horas - o seu salário líquido como
Professor Associado, com responsabilidades não apenas docentes mas
também de investigação científica, não chegava a mil eurros. Os subsídios de
férias e Natal que haviam sido pagos regularmente até 2012, desde então e até Abril de 2015 nunca mais foram pagos.
Sindicalizado desde 2005, inscrito no SNESUP, viu até Março de 2014 as
suas quotas sindicais serem-lhe mensamente descontadas pela COFAC, CRL - a
cooperativa titular da Univ. Lusófona. Subitamente, a partir de então
não mais lhe foram feitos os descontos. Denunciou em Julho de 2014 a
situação insustentável vivida na ULHT à autoridade competente - a IGEC
Inspecção Geral da Educação e Ciência - baseando-se no seu caso
particular e no dos cursos que dirigiu e onde leccionou, dando conta das
constantes ingerências da administração da COFAC, nomeadamente
através do então administrador-adjunto Manuel José Damásio - o mesmo que agora diz n'O Público não falar em nome da Lusófona - em assuntos
do foro científico e pedagógico dos cursos, o que punha em causa o
princípio da autonomia científica e pedagógica das faculdades e dos seus
órgãos competentes nessa matéria: os Conselhos Científicos e Pedagógicos. Denunciou
ainda a situação degradante de muitos professores com doutoramento que,
com responsabilidades pela regência de unidades curriculares e pela
obrigatória investigação, recebiam mensalmente quantias irrisórias, em
muitos casos de poucas centenas de euros, e viam o seu trabalho limitado
pela falta de condições e equipamentos laboratoriais, situação agravada
pela circunstância de estarem dem causa não só licenciaturas mas também
mestrados. Estranhamente, em Abril de 2015 sinda não lhe tinha sido
comunicada qualquer decisão por parte da ACT, para onde a IGEC decidiu
remeter a sua queixa, considerando-a um "assunto laboral". Relativamente ao
Sindicato SNESUP, teve a ingrata experiência de uma reunião com um dos
seus advogados, "encarregue da Lusófona", durante a qual alguém, que se intitula de jurista, teve o desplante de encolher os ombros perante tão
óbvias injustiças e irregularidades, rendendo-se à ideia de que o
"legal" neste país equivale ao "justo". Mais tarde não se queixem os advogados se
forem substituídos por "máquinas judiciárias" de uma "justiça
científica"... obviamente que para os pobres que são a maioria...
Desde Maio de 2014 encontra-se em situação de baixa médica, devido ao
agravamento do seu estado de saúde, nomeadamente à sua retinopatia
diabética causada pela diabetes tipo I diagnosticada quando tinha 14
anos de idade. Pediu reiteradamente ao serviço de recursos humanos da ULHT as declarações normalmente exigidas pela Segurança Social à entidade empregadora para que o doente possa usufruir do direito aos complemento dos subsídios de férias e Natal de 2014, mas, até Abril de 2015, não obteve nenhuma resposta.
Sintra, 3 de Abril de 2015
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015
Felizmente há luar!
Sttau Monteiro deu mote, mas não é de uma revolução liberal falhada que vou falar. Do que falo é do mundo de abstracções em que vivemos, e da necessidade de separarmos ficção e realidade, sem termos de cair em materialismos ou outros "ismos". Quando se ouve "Portugal isto", "Bruxelas aquilo" ou a "Grécia aqueloutro" já quase não reparamos que tais "seres" inexistem enquanto tal, e ganham vida apenas nesse mundo ficcionado de abstracções. Abstracções geralmente sem beleza nem grandeza. "Portugal" pode até exportar automóveis para a "Alemanha", mas eu não conheço nenhum "Portugal" e não conheço nenhuma "Alemanha". Tais seres nunca me foram apresentados, nunca falei com eles nem eles alguma vez se dignaram almoçar comigo. Os automóveis que "Portugal" exporta até podem ter sido feitos numa "fábrica alemã" que está em "Portugal", isso pouco me importa. Sei é que não existem seres tais como "fábrricas alemãs" – que ideia ridícula a de haver fábricas que falam como os animais de La Fontaine; que falam e ainda por cima numa língua tão difícil de entender como é a alemã ... – "Berlim" ou "Lisboa". Nunca amei nenhuma "Lisboa", contudo amei os belos versos livres de Irene:
Irene Lisboa - picado aqui
Escrever
Se eu pudesse havia de... de...
transformar as palavras em clava!
havia de escrever rijamente.
Cada palavra seca, irressonante!
Sem música, como um gesto,
uma pancada brusca e sóbria.
Para quê,
mas para quê todo o artifício
da composição sintáctica e métrica,
este arredondado linguístico?
Gostava de atirar palavras.
Rápidas, secas e bárbaras: pedradas!
Sentidos próprios em tudo.
Amo? Amo ou não amo!
Vejo, admiro, desejo?
Ou não... ou sim.
E, como isto, continuando...
E gostava,
para as infinitamente delicadas coisas do espírito
(quais? mas quais?)
em oposição com a braveza
do jogo da pedrada,
da pontaria às coisas certas e negadas,
gostava...
de escrever com um fio de água!
um fio que nada traçasse...
fino e sem cor... medroso...
Ó infinitamente delicadas coisas do espírito...
Amor que se não tem,
desejo dispersivo,
sofrimento indefinido,
ideia incontornada,
apreços, gostos fugitivos...
Ai, o fio da água,
o próprio fio da água poderia
sobre vós passar, transparentemente...
ou seguir-vos, humilde e tranquilo?
O "ser" "Portugal" inexiste, mas felizmente há o "ser" Lua e o seu insubstituível luar. A Lua existe na sua beleza grandiosa e economicamente inútil, até que alguém se aproprie dela e passe a "representá-la" e a "falar" em seu nome... O que há na verdade são sempre esses alguéns...
sábado, 7 de fevereiro de 2015
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