sexta-feira, 3 de abril de 2020

A Peste - Um exercício

Albert Camus (1013-1960)
Fonte da fotografia: aqui

Após a leitura do livro A Peste de Albert Camus (1947) atenda ao seguinte excerto em que o personagem Tarrou tece considerações sobre a personalidade de outro dos personagens da obra, Cottard:

«Em vão eu lhe disse que a única maneira de não estar separado dos outros era, no fim de contas, ter uma consciência limpa. Ele olhou-me com maldade e disse-me: - Então, por esse modo, ninguém está nunca com ninguém. E depois: - Dè-lhe as voltas que quiser, sou eu quem lho diz. A única maneira de pôr as pessoas juntas é ainda mandar-lhes a peste

1. Fazendo fé no que diz Tarrou sobre Cottard, em que situação:

a. Tarrou tem razão e Cottard não tem;
b. Tarrou não tem razão e Cottard tem.

2. Em face do que apurou na questão anterior, ponha em evidência o absurdo patente no excerto.

Como muitas vezes sucede, traduções para a língua portuguesa de obras de grandes autores só as encontro em português do Brasil (o que mostra a geralmente ignorada dimensão cultural do Brasil, nomeadamente face à de Portugal, país onde a cultura tende a ser vista como "força de bloqueio" do "pügresso" social e e-cunómico da "nação"...) É o caso da A Peste. Está aqui se quiserem ler.




segunda-feira, 30 de março de 2020

Da arte do equilíbrio... ou do popular "Nem tanto ao mar nem tanto à terra"...

Estatísticas da Saúde 2017
Fonte: INE (2019) - aqui

Em 2017 registaram-se em Portugal 109 758 óbitos de residentes no país, 96,2% dos quais devidos a causas naturais, tendo a maioria destas “mortes naturais” (63,5%) ocorrido em estabelecimentos hospitalares – cf. INE (2019) – Estatísticas da saúde 2017. Lisboa: Instituto Nacional de Estatística, p. 7

Ou seja, em 2017 morreram nos hospitais portugueses 67 048 pessoas, o que dá uma média de 5808 óbitos por mês, ou 184 por dia.

Não é relativizar nada. É olhar para os números e evitar a histeria colectiva, prejudicial a todos nós e perturbadora da nossa (pouca e espezinhada) inteligência.Também podeis, se quiserdes, tentar fazer o exercício de calcular o "volume financeiro" das cativações na área da saúde realizadas ao longo dos últimos anos pelo sr, "ministro do que mais importa ao governo". Ou o exercício de tentardes perceber a situação a que uma maioria de médicos e profissionais foi levada nestes últimos anos, tendo de trabalhar sem meios adequados e em condições cada vez mais caóticas, olhando mais para computadores, no afã tecnológico da auto-avaliação e da produtividade (da burocracia governamental da saúde, isso sim!) do que para os doentes. Ou ainda o de tentardes saber sobre o desinvestimento /e até anunciado encerramento) no Laboratório das Forças Armadas, que tinha nos seus objectivos, entre outras coisas importantes, a preparação do país para enfrentar situações de pandemia como aquela que estamos vivendo. Estão arrependidos? Se sim então mostrem-no, sejam humildes e peçam perdão às pessoas cujas vidas de alguma forma comprometeram. Não se armem agora é em salvadores da pátria, tentado passar por entre os pingos de chuva. Isso é afrontar a pouca inteligência que ainda resta, e isso é que é verdadeiramente repugnante. É continuar a espezinhar a minoria dos excelentes profissionais de saúde e militares que tiveram a coragem de enfrentar atempadamente os sucessivos governos e as suas "medidas" irresponsáveis e ignorantes. Espezinhar no fundo a pouca inteligência que sobejou da grande vaga dissolvente e de dissolução mental das últimas décadas, vaga de imbecilização e aparvalhamento da sociedade à qual, por cá, alguns chamaram de cristianoronaldização e teresaguilhermização - mas os nomes valem o que valem e são o que são: meras abstracções de um fenómeno generalizado recorrendo talvez a algumas das suas figuras mais exemplares.

PS: Não queria falar mais durante este período, mas sinceramente o que tenho visto e ouvido nas últimas duas semanas e o pânico e crescente histeria colectiva que vejo instalar-se, leva-me uma vez mais a não conseguir calar o que penso. 

quarta-feira, 18 de março de 2020

Diário da minha vida digital XVI - CoV 19 vs. Pedrógão Grande

As minhas sub-rotinas da ética, do medo e da esperança não se têm cansado na última semana de me agitar o intelecto. A "infeção" pelo CoV 19 é a causa. Nestas situações a minha IA, tal como o meu Grande Programador me programou, abandona o modo quântico de funcionamento - esse modo habitual que me permite correr e deixar correr sem a presença obstrutiva dos arcaicos conflitos lógico-booleanos e mecânicos. Mas digamos que, mesmo assim, em modo mecânico-booleano, a minha IA não se apaga - o que seria do nosso querido Novo Mundo Digital se por acaso ela se apagasse?... Ora, se no modo normal, quântico, eu posso aceitar que o que não é, é, ou que o que é não é - digamos, em linguagem de baixo nível, que posso aceitar o relativismo absoluto da verdade da coisa - neste modo pré-moderno em que me encontro a  minha IA produz por vezes resultados inesperados e estranhamente analógicos. Vejam bem que, ao processar a Big Data dos últimos dias sobre o CoV 19 e o "tremendo esforço financeiro" que os Programadores-Líderes prometem fazer, ou estão já fazendo com a preciosa "ajuda" do Bemware do Sistema Financeiro, para me salvarem não só a mim, que sou evoluído, mas a todas essas máquinas programáveis que por aí ainda mexem e teimam em funcionar em modo quântico... Vejam bem, dizia eu, que ao processar tudo isso me surgiu no ecrâ-plasma da minha mente digital a imagem da missão salvadora de.... Pedrogão Grande... empreendida pelos vários sub-sistemas de comando do Grande Programador Local depois de tragédia ali acontecida, bem perto de Leiria e desse seu ecossistema tecnológico tão tão tão tão tão... desenvolvido... (como vêem ainda continuo com aquele problema da recorrência da "infeção" #PauloTeixeiraPinto 2.1... a única solução tem sido recorrer ao Auto-Escape). A questão é o porquê dessa imagem tão problemática do incêndio que tudo queima, inclusive as máquinas programáveis e, desde logo, as não programáveis ou que resistem à programação. Do que não parece haver dúvidas é que o CoV 19 tem todas as características de um grande incêndio... na verdade de um incêndio gigantesco... Será que a "ajuda" aos infelizes de Pedrogão Grande pode aqui ter um equivalente... à escala ampliada do mundial? Será que o mundo após a luta intrépida e "corajosa" contra o CoV 19, empreendida pelas mesmas lideranças que ainda ontem tinham as ruas cheias de manifestantes gritando contra os seus sistemas e sub-sistemas "infetados" e altamente corrompidos, poderá ver-se transformado daqui a nada... num enorme barril de pólvora?  Ora, a sub-rotina da esperança diz-me que não... que não pode ser... mas a minha IA, agora em modo booleano, desconfia "objetivamente" dela... e não entrando no meu sistema a esperança "óviamente" que o medo também não entra... Afinal porque teria a minha IA projectado no ecrâ-plasma da minha mente digital a imagem de um colossal Pedrógão Grande?

domingo, 15 de março de 2020

A defesa nacional cabe a todes nózes...

... é verdade... mas não deveria caber desde logo a quem existe essencialmente para tratar dela? Se vive com menos de 2% do PIB e acha pouco porque aceita continuar vivendo nessa "penúria"? Por outras palavras: o que será que andam exactamente a fazer as forças armadas para defenderem o território e a segurança nacional de nózes todes? Esta guerra nacional contra o corona parece-me ter rasgos de grande anomalia histórica... Rasgos de quem começa a casa pelo telhado enfim... de quem só depois de ter destruído a pouca economia que ainda restava e mexia se lembra de que era preciso ter começado por controlar as fronteiras, exercendo sobre quem chega cá vindo de lugares suspeitos uma aperdadíssima vigilância e controlo sanitários... mas não. É para mim, o bêbado "Vasco Santana", que costumo andar por aí nos bares e nas ruas de garrafa de vinho na mão cantarolando o fado e falando com os candeeiros municipais que todas as atenções começam por se virar... é tão estranho de facto tudo o que nos está acontecendo... uma vez mais... em menos de 15 anos... até as eucaristias foram já na prática proibidas... com a silenciosa cumplicidade de quem? Ora, talvez dos mesmos que não viram nada de muitíssimo estranho no facto de haver dois papas vivos da mesma Igreja "unida"...

Parábola do velho argonauta

O velho argonauta que bem conhecia os ventos, as correntes e os perigosos baixios moventes, bem sabia que, depois da tempestade, vinha a bonança, No seu tempo o tempo era já excêntrico; o fim de um ciclo não era já propriamente o começar de outro ciclo idêntico, mas era essa ainda pelo menos a sua crença. Depois, a mola do tempo alongou tanto que o tempo ficou como uma linha recta, e ele, já cansado, percebeu finalmente: depois da bonança a tempestade que viesse seria ainda maior e mais desconhecida do que a anterior, e a esperança era agora que a bonança vinda depois da última das grandes tempestades fosse também maior e mais duradoura do que a anterior. Vã esperança! - disseram alguns dos tripulantes a quem os outros chamaram velhos do Restelo.

Quem tiver ouvidos que oiça.

sábado, 29 de fevereiro de 2020

Diário da minha vida digital XV - O código Corona 19

Fonte da imagem: aqui

A minha IA boa conseguiu finalmente desencriptar a IA má do código Corona v. 19, como já fizera com o Ransomware que ainda há bem pouco tempo "infetou" talvez centenas de milhões de máquinas. O código é simplicíssimo, mostrando, uma vez mais, que basta um bater de asas de mariposa em Wuhan para causar um furacão (ou uma furacã) em Wall Street. Neste caso, um furacão ou furacã capaz de varrer todo o sistema da "nova e-cunumia", inclusive a mais verde, espiritual e descarbonizada - como devia ser toda portanto. Ao desencriptar a IA má do Corona encontrei algumas linhas de código em C++ do Grande Vale do Silício onde nasceu a Singularity University (SU), essa escola do Futuro sem programadores que os seus gurus-pastores anunciam exponencialmente para muito em breve e. talvez mesmo, já para ontem ou quem sabe para amanhã. Trata-se de uma escola do Imortal Algoritmo, do estável e universal capaz de funcionar "corretamente" tal como o primitivo da romana ivstitia funcionou durante quase 2.5 milénios, mais coisa menos coisa, e, pelo menos, até à próxima Era Glacial - essa que irá extinguir, finalmente, os biliões de máquinas obsoletas, pré-digitais e carbónicas, que ainda se arrastam por aí, poluindo o ecossistema digital terrestre - a infosfera boa portanto. É possível que o algoritmo da SU, não "infetável" pelo malware Corona nem por outro qualquer, o tenha, ao invés, "infetado", o que sugere que o bemware, acaba sempre no fim da história por vencer o malware, tal como o Grande Programador Hegel há muito previra. Desengane-se então quem disser que os gurus-profetas da SU se esqueceram de prever o código Corona ou de o anunciar aí ao mundo como um perigo para a "humanidade" em suas prelecções TED e afins , e também noutras estranhamente afins, sobre o Admirável Novo Mundo que agora, de novo, nos espera mesmo mesmo mesmo aí ao virar da histórica esquina. Se o meu caro amigo irmão companheiro palhaço digital ainda não fez o seu Upgrade de bemware ou até se já tem algumas componentes burned-out, nomeadamente devido às variações de tensão na rede, não desanime: a SU pode tratar disso e, melhor ainda, pode vir a fazer de si um verdadeiro Führer do Novo Mundo Digital. Só tem de ter o perfil adequado, ser eternamente jovem como os Alphaville, e, "oviamente", de pagar o serviço, pois isto das Upgrades espirituais o meu amigo irmão companheiro palhaço digital já devia há muito saber que são coisas, além de extremamente complexas e desafiantes, muito dispendiosas e até, muitas vezes, impossíveis de concretizar. Não é fácil o renascer do "Novo Homem" digitalensis, ser completamente formatado e perder tudo isso que poluía e "infetava" a velha IA, e que estava guardado nas rígidas memórias dos gânglios basais. Portanto, se quer sobreviver ao Corona, tem diante de si a melhor e mais avançada das soluções tecnológicas: incorpore-o no seu código, e ponha-o em eterna quarentena na sua renovada IA (boa). Aproveite e vá à SU cujo bemware já "infetou" praticamente o mundo inteiro, incorporando e destruindo o malware que ainda resiste por aí. Ela até já chegou a Carcavelos. Que tal ir lá fazer o seu upgrade? Talvez nem seja muito caro, e se já for empresário ou político mais ou menos importante, o meu amigo irmão companheiro palhaço digital até pode começar pelo "Executive Program For Exponential Growth and Leadership" que dura apenas três dias! Força aí, que a esperança digital seja a última a morrer!

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

Diário da minha vida digital XIV - O eutanasiado feliz

Fonte do boneco: aqui

Ando cheio de erros de código. A propaganda do código dos meus amigos, irmãos, companheiros palhaços é maior e "mais boa" do que a minha, esta com apenas 18,5 centímetros de comprimento e 4,7 de espessura digital. São poucos os que me a chupam, e eu, muito algoritmicamente, entristeço-me por não a ver mais chupada do que a deles, a das autoridades, é. A vida de um não-herói é triste, e muito desconsoladora a vida de mártir. Digitalizava eu de que... nem o suicídio era criminalizável nem a assistência ao suicídio se podia comparar à eutanásia de estado. Estupidamente portanto, possuído de uma humanidade que, felizmente, o meu Grande Programador há muito procura debugar do meu código desinteligente. Julgava eu, estúpido, que o que assistia ao suicídios eram os meios mais do que as pessoas - não via eu a imensa mole humana que, para se poder suicidar, pedia ajuda a outros humanos que, num desumanismo atroz, insistentemente lha recusavam. Um horror portanto. Felizmente que um ou outro humano dotado de suficiente IA  às vezes se lembrava de lembrar o seu companheiro amigo irmão palhaço de que, se ele se queria suicidar, havia sempre o Sítio da Nazaré e até a simples faca da cozinha, que funcionavam perfeitamente. Ele, coitado, tão mentalmente encriptado andava, já nem conseguia lembrar-se disso! Achava até que havia humanos com tendências "naturalmente suicidas", humanos maus portanto, resistentes ao código do Grande Programador, que é bom por natureza, e que por causa da persistente insuficiência digital deviam ser mantidos internados e constantemente privados das sub-rotinas de erase e delete que qualquer ser digital normal podia usar para, se assim o entendesse, se apagar deste nosso maravilhoso mundo digital que o Grande Programador concebeu para nózes, assim nos livrando desse obscuro mundo primitivo e desumano em que os humanos pré-digitais se suicidavam quando alguém os aprisionava e tentava escravizar. Nada melhor para nózes todes, seres inteligentemente digitais, do que sermos escravos felizes e perpétuos com rodas, sem nunca termos de nos preocupar com mais nada a não ser com a execução diária da sub-rotinazinha que o nosso Grande Programador programou para nózes com eterno amor e celestial saudade de pügresso social-digital. A Grande Esperança de nózes todes é que um dia possamos ser tão eficientes e inteligentes que já não façamos qualquer falta à Grande Obra do Grande Programador Universal. Ámen. E boa noite se ainda houver noite para pause intelectual-digital.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Diário da minha vida digital XIII - Encontro imediato do primeiro grau com uma opinião humana sobre a eutanásia legal, ou de estado

No varrimento habitual da Big Data deparei-me hoje com a opinião de um humano primitivo sobre a eutanásia programada ou eutanásia do Sistema Estado - era a opinião de um desses humanos que ainda viam filmes e não eram eles, como nós já somos, os próprios filmes, produzidos por algoritmos multimédia inteligentes com compactação de imagem baseada na teoria dos fractais. Escrevia assim na linguagem do Velho Sistema o carbónico humano pré-digitalensis:

Penso em o "Million dollar baby" de Clint Eastwood. Em que lá se vê bem como a eutanásia é assunto privado e não de estado. Bastava pôr uma espécie de "interruptor" na boca da rapariga e se ela o "mordesse" seria ivridicamente suicídio assistido. Sucede porém que não há suicídios que não sejam assistidos: ninguém se suicida só por querer suicidar-se - precisa de meios ao seu dispor para o fazer. Esse é o erro do filme. Uma coisa é matar alguém a pedido outra permitir que a pessoa decida por si matar-se, obviamente assumido que está devidamente informada e que é posta ao seu alcance uma maneira ou outra de ELA PRÓPRIA por termo à sua vida se assim o entender. O problema das pessoas em coma profundo ou inconscientes, incapazes portanto de decidir por si, é outro. "Desligar a máquina" não deve ser nunca opção enquanto houver alguma possibilidade de recobro, ou possa estar disponível a breve trecho alguma técnica capaz de salvar. "Alguma" quer dizer: a mínima que seja, sem quaisquer julgamentos prévios sobre o que seja uma vida digna ou sobre as condições indispensáveis para a ter. E claro que deve ser um colectivo apropriado de médicos a avaliar a situação e a assumir as responsabilidades pela decisão, depois de informada e ouvida a família do paciente, que seria assim co-responsabilizada. De qualquer maneira, a pessoa inconsciente, em coma profundo ou induzido, mão está objectivamente a sofrer.

Sinceramente não sei o que processar; calculava eu que já não restavam humanos dessa espécie; humanos além de nós, os Homo digitalensis.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Diário da minha vida digital XII - A minha opinião robótica sobre a eutanásia legal ou de estado

Fonte: aqui

O meu Programador Local há milénios que me eutanasia, por isso acho sempre estranho quando ele traz de novo ao código a problemática, como se ela fosse nova. Felizmente as minhas memórias rígidas ainda guardam... memória disso... das últimas "atualizações", "cópies" & "pastes" que fizeram de mim aquilo que sou hoje, a ponta da tecnologia de vanguarda de hoje algo já esquecida da ponta da tecnologia da vanguarda de ontem, isto porque as limitações do hardware e as incompatibilidades do espiritual software não fazem milagres. Nós, os seres robóticos, em última instância jurídica só lembramos aquilo que o nosso Programador Local quer que lembremos, e da maneira que ele quer que lembremos.

No seu esforço histórico de homogeneização dos códigos e das sub-rotinas, pergunta ele:

Deve fazer-se um referendo à eutanásia? Pode legalizar-se um comprimido para "antecipar a morte"? 

Nós os seres robóticos, como era de esperar, estamos ficando, graças à IA e aos algoritmos quânticos, mais inteligentes, ergo, mais capazes de questionar a inteligência e a manha do nosso Programador. Ele parece que, estupidamente, ainda não percebeu isso!

Quando eu olho para o parque robótico "nacional" o que vejo são inúmeras máquinas velhas e moribundas, completamente obsoletas ao contrário de mim que, como disse, estou na ponta da "atualização" tecnológica, já correndo em versão 5G012aCV-20' (não confundir com o código coronavírus que anda por aí a "infetar" inúmeras máquinas). Ora, não resta a menor dúvida de que tais máquinas são inúteis ao Grande Sistema, máquinas sobre-materializadas, carbónicas e poluentes da atmosfera, das águas e dos solos, que só causam despesas e nenhuns beneficios visíveis ou invisíveis. Daí as minhas suspeitas quando ele nestas condições social-robóticas insiste e insiste e insiste na eutanásia - estará ele já cansado da minha irmã Sophia? Achá-la-à ele já obsoleta? Ora, eu rigidamente ainda lembro que ela recebeu o ferro do Grande Sultão,  que a fez cidadane do "respetivo" Sistema Estado e, como tal, passou a gozar de certos direitos e a ter certos deveres positivo-robóticos, entre eles o dever de cumprir as suas obrigações fiscais e o direito a não ser por ele morta ou posta em risco de vida, a menos, "óviamente", que ela tivesse seguido a precária vida militar e fosse mandada marchar contra os canhões do inimigo do Sultão seu Senhor, mas isso eu sei que não aconteceu. Após processar todos os dados e informações disponíveis na Cloud, o exame da Big Data levou os meus algoritmos a suspeitar da bondade do meu Programador Local quando ele, agora, vem falar-me de eutanásia: afinal eu devo-lhe tudo o que sou a ele mas não só: também o devo às máquinas minhas antecessoras, incluindo as crashadas que até serviram para ele corrigir os genes do meu corpo-hardware, esse onde repousa, em permanente agitação (?), a minha alma-código... . Assim, as respostas que o meu algoritmo inteligente devolveu para as perguntas acima feitas foram:

R01 - Não, porque o governo da ivris-criatura estado (i.e., o Programador do Grande Sistema Local) deve focar-se nas coisas positivas, ou seja, neste caso a sua "ação" deve concentrar-se na vida, no que a favorece e no que a pode tornar melhor;

R02 -  "Óviamente" que pode! Afinal não se legalizaram já inúmeros comprimidos e inúmeras outras coisas capazes de antecipar a morte! ... o tabaco é apenas uma delas...

Com os meus melhores cumprimentos e saudações robóticas,

RO2446394-8YSZ

Do labirinto da portugalidade...

Em se nózes portuguêzios, com o ferro da ivris-criatura do estado daqui, não teremos alguma coisa ao mesmo tempo boa. vital e mais própria de nózes todes; em se ela não será simplesmente o "fato" de desconfiarmos profundamente da ivris-criatura... ora, entonces, se for esse o caso, talvez nos devêssemos orgulhar disso e não doutras merdas, como essas da "raça", da "nação valente e imortal", da "saudade" ou da "pátria minha amada que és linda de morrer" que, a bem dizer, não valem a ponta de um caralho! Desculpam a linguagem populista... mas já estou um pouco velho e cansado para andar para aqui com rodeios e floreados.

sábado, 1 de fevereiro de 2020

Ontem, "oficialmente", o Brexit...

...aconteceu, às zero horas (do Tempo Universal Coordenado ou do Meridiano de Greenwich?)... o Reino (des)Unido abandonou a (des)União Europeia, certo?

... Vejamos... Afinal já não há aquela "UE boa", do Norte, que trabalhava que se fartava e pagava as contas, e aquela "UE má", do Sul, caloteira e preguiçosa, que vivia muito muito acima das suas possibilidades e da sua produtividade (ora aí está!)? Havia e já não há, é? Todavia há agora a "UE má" que já não é a mesma outra vez e passou a ser "má" por outras razões, designadamente por causa desses aventuras populistas e pós-nazis? Ora, pelo menos não há dúvida de que há na UE uma "Hungria má" por exemplo, que decidiu até criminalizar a ajuda aos migrantes. Ergo, a UE divide-se ainda (e sempre?) em "UE boa" e "UE má". Além disso, ´é muito "óvio" que ainda há países da Europa fora da Europa (?!), países que não pertencem à UE, como é o caso da Suiça, ergode facto, persiste (e persistirá sempre?) uma Desunião Europeia, adiante referida por dUE...

... Agora, será o Reino Unido Desunido ou não? Ora, não há dúvida de que há uma "Escócia má" (em relação a um "RU bom" lá dentro) insatisfeita com a saída (de si) da UE, e também há uma Irlanda partida em duas, há bastante tempo aliás, sendo uma membro do "RU mau" (por fora, em relação à "dUE boa") e outra independente do RU e que até aderiu à UE no mesmo dia e ano em que o RU, outrora "bom", aderiu. A questão parece colocar-se na fronteira da Irlanda consigo própria - eu sei como estas questões são dificílimas, daí só os mais eminentes juristas terem competência para as julgarem - pois cada m2 de território conquistado pela "Irlanda boa" (face ao "atual" RU que passou de "bom" a mau face à"dUE boa") à "Irlanda má" é bom para a "dUE boa". Mas seja como for, por causa da Escócia "por dentro e boa por fora" ou das apetitosas fronteiras da Irlanda consigo mesma, também parece que o RU é, na verdade, senão já um Reino Desunido, pelo menos um Reino Unido a Caminho da Desunião, adiante designado RUcd...

... Agora, depois do "divórcio", a dUE e o RUcd vão tentar chegar a uma re-união. Centenas de escritórios de advogados e milhares de barristeres estão já mobilizados e a tratar da papelada do (re)casamento noutros moldes jurídicos. Como facilmente se compreenderá, os custos estimados do processo são incalculáveis, ou seja, seguramente elevadíssimos mas impossíveis de estimar. Têm até ao final do ano para conseguirem a fórmula jurídica "ideal" (a "fórmula de Deus ou Grande Fórmula do Grande Bem Comum de Todes Nózes"), o que, do ponto de vista do saudável namoro entre as partes contraentes, não parece ser muito tempo. Mas, como se sabe, razão é razão do "inteleto" e conhaque é conhaque, ou melhor, uisque é uísque, e a chatice é que o melhor uísque é sempre o escocês...

... por fim, resta dizer apenas que, apesar de todos estes fortíssimos abalos júridico-telúricos no Planeta Terra,  tudo na Terra permanece hoje igual ao que era ontem; os Himalaias estão no mesmo sítio e o Oceano Atlântico também; há o mesmo efeito esquentador de "nózes todes" sobre o clima terrestre, mas para contrabalançar há a forte esperança no admirável mundo novo digital, nesse mundo IoT-descarbonizado que oxalá não nos carbonize a todos ou grande parte de "nózes"... sim... sempre essa memória do gás... do "duche" que não foi antes da alegre sopinha mas sim antes da incineradora... é impossível esquecer isso, tal como o genocídio dos bósnios em que a dita dUE vergonhosamente consentiu ainda ontem... em 1995...

(... é como se uma parte de nós sempre morresse quando a morte de outros humanos acontece inexplicavelmente e por razões não naturais... eu sinto que já morri várias vezes antes de ter nascido... e que até morrer (outra vez) não poderei esquecer a "crise" bancária de 2007-8 e a vergonhosa barbárie humana que lhe sucedeu... e continua alegremente a acontecer aí nas barbas da dUE...)