terça-feira, 27 de novembro de 2018

Um belo poema do ser-história, no movimento de si mesmo




O único "erro" do poema está logo ao início, quando o poeta canta: "A princípio é simples, anda-se sozinho..." mas o poeta pensa já o ser dotado de super-ego, certamente, e portanto não é erro. Importante mesmo é a mensagem...

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Da não-notícia

Definição de "não-notícia": "O acontecido que se anuncia como se pudesse não ter acontecido exactamente como aconteceu."

Melhor do que as "não-notícias", como esta, é por exemplo a (felizmente acontecida) Reka Ebergenyi:

Fonte: aqui

sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Do querer juridicamente querido

Penso em que o querer juridicamente querido está caríssimo; está pela hora da morte  Em que nestas alturas cíclicas de hipertrofia jurídica seria seguramente mais barato não querer.

Digo isto porque, pelos vistos, quando um governo quer baixar 10% a electricidade (das empresas e "famílias", como os pastores/governantes gostam de dizer) dos jardins-à-beira-mar-plantados, o resultado é um aumento de 10%. Se não quisessem o aumento talvez não fosse tão grande, supõe-se com razão. Mas há todavia uma  superior "razão do pastor", a milenar "razão de estado", que é a de quem tem sempre razão, que eternamente vai poder dizer: "se não fosse eu o aumento ainda tinha sido maior, de 20% ou talvez mais". E, ora, como não subiu 20 mas apenas 10%, pode dizer-se que o objectivo foi alcançado ou seja, houve uma "redução" de 10% conforme prometido pelo "pastor.  Eu, que não possuo a "ciência" jurisprudencial, é que jamais irei convencer alguém de que "ganhou" 100 euros porque era minha intenção roubar-lhe 200 mas apenas lhe roubei 100 euros. E que por isso me devia ficar grato.

sábado, 16 de junho de 2018

Sophia

Mais tarde será tarde e já é tarde 
(Homenagem a Ricardo Reis)

Não creias, Lídia que nenhum estio 
Por nós perdido possa regressar 
Oferecendo a flor 
Que adiámos colher. 

Cada dia te é dado uma só vez 
E no redondo círculo da noite 
Não existe piedade 
Para aquele que hesita. 

Mais tarde será tarde e já é tarde. 
O tempo apaga tudo menos esse 
Longo indelével rasto 
Que o não-vivido deixa. 

Não creias na demora em que te medes. 
Jamais se detém Kronos cujo passo 
Vai sempre mais à frente 
Do que o teu próprio passo.

Sophia de Mello Breyner Andresen

sábado, 2 de junho de 2018

Do controlo social total, Ou da mais velha das ambições do estado-empresa (ou empresa-estado, tanto faz)

Posta de modo simples, e na primeira pessoa do singular, a ideia de "controlo social total" vem assim:

«Eu não sei o que vou fazer amanhã, ou como vou comportar-me; há porém alguém que sabe com toda a certeza.»

Ver mais, por exemplo, aqui.

quarta-feira, 30 de maio de 2018

Porque estarão os dicionários tão cheios de palavras que já não usamos?

Penso em a palavra-conceito "eutanásia", "desdobramento do conceito" (Hegel) de suicídio, conceito este que já havia sido modernamente dobrado e redobrado, em especial por Émile Durkheim. Os "desdobradores" são os mesmos de sempre: os nomótetas de uma coisa modernamente auto-denominada "ciência jurídica" (na sua essência, a "ciência dos romanos", ou jurisprudência, com a diferença que os de agora já nem sequer lêem Cícero, se é que sabem quem foi ele). Por este caminho, em breve já não haverá muito mais que desdobrar... e, depois (dos holocaustos), de novo tudo voltará a ser como dantes: dobrado e redobrado. É assim há milénios. As palavras vão ficando e enchendo os dicionários. Multiplicam-se aquelas que mais tarde haverão de se dizer "sinónimas". À luz extrema sucede a absoluta obscuridade, como ao dia claro que fere os olhos sucede a noite que os alivia. Se não soubesse, diria que tudo era da idade; que era o avolumar dos anos que me "inclinava" a crer na eterna recorrência,..

Das "crises" do estado-empresa e/ou da empresa-estado

O porquê da tão grande frequência (ou ciclicidade, como diria Karl Marx) das "crises" que o estado-empresa e a empresa-estado têm tido ao longo da história é talvez porque elas lhes são frequentemente úteis e necessárias; a razão dessa necessidade é talvez demasiado simples de compreender e, por isso, só alguns, certamente poucos, a compreenderão. 

Geralmente, como convém ao estado-empresa e à empresa-estado, as pessoas pensam que as "crises" resultam de uma  "escassez" - "escassez" que talvez não por acaso é o objecto de uma "ciência económica" - como aliás bem as sentem na sua (pequena) vida. Se lhe disserem que a "crise" se deve à abundância elas em regra não acreditam, pois não é isso que experimentam nas suas (pequenas) vidas, A "vida" do estado-empresa e da empresa-estado é, a contrario, grande; é, pode em rigor dizer-se, um "viver" na e para a grandeza. Então, e se a abundância, que a técnica com o seu condão de democratizar-se possibilita, fosse na verdade a grande alavanca das "crises"? E se a técnica aos poucos fosse permitindo a um cada vez maior número de pessoas "viver acima das possibilidades", como dizem os hipócritas e os ignorantes? Um "acima das possibilidades" que, prolongando-se, encontra boa recepção em canalhas, genocidas e assassinos de multidões, gente que o leva, como bem sabemos ou devíamos saber, ao limite do "imerecido excesso" de ainda estarmos vivos. A "crise" seria portanto o processo ou instrumento concentrador dessa fortuna (que usa a técnica a seu favor, pois a técnica é, como sabemos ou devíamos saber, moralmente neutra ou, por outras palavras e ilustrando, o cutelo da cozinha não é bom nem mau; ele pode é ser usado para esquartejar um frango ou uma pessoa). Ora, parece-me que é isso precisamente que as "crises" geralmente são, em especial quando é o grande estado-empresa ou empresa-estado a anunciá-las ou a dar conta delas.

Por "crise" entenda-se então: o juris-mergulho (do "pato de Goethe") e (re)concentração da fortuna. Juris-mergulho porque, a haver ou sobrar ainda alguma lei capaz de eficazmente proteger da infinita ambição do grande a ambição do pequeno-que-caminha-para-médio, ela tende rapidamente a esfumar-se ou, como dizem, a perder o seu efeito). "Crise" é assim um baralhar e dar de novo, mas sempre, para uns poucos, a multiplicar por muito. Depois das "crises" as Cocktail do tempo, como valquírias, haverão uma e outra vez de cantar aos mortos: "O que passou passou..." 

A próxima "crise", parece, está já aí à porta. A "itália" ("napolitanos" incluídos), o "brexit", os "ciberataques", a "rússia", as "coreias", etc. etc., - um infindável rol de juris-conceitos são, uma vez mais, de primordial importância no vingar psicológico ou, talvez melhor, "psiconómico# da "crise". Psiconómico porque, muito provavelmente, a única ciência que a economia tem é mesmo a psicologia.

Referências
aqui e
aqui.

terça-feira, 29 de maio de 2018

A minha "Alma mater"



Das liberdades de pensamento e de expressão

Há a liberdade de expressão e há a liberdade de pensamento.  São liberdades essencialmente distintas apesar de a primeira subentender a segunda; porém, na verdade, a primeira só faz sentido na presença da segunda. Sem liberdade de pensamento as pessoas hão-de expressar, ou seja, hão-de falar e escrever sobre o que lhes é dado a pensar, e quando lhe é dado a pensar. No limite as pessoas serão meras caixas (vazias) de ressonância de um pensamento único que prevalece e domina. Pode de facto haver liberdade de expressão e não haver liberdade de pensamento. Ter liberdade de pensamento significa: poder pensar o que se quer, quando se quer e da maneira que bem se entende. Só cada um individualmente pode medir o quão livre é realmente de pensar.

sábado, 28 de abril de 2018

O "vestir-se" milenar das bibliotecas

Sócrates não gostava de livros, e na Academia de Platão não havia biblioteca. Mas tudo mudou com Aristóteles, um apaixonado por livros: no Liceu havia-os em abundância, e até "sebentas"... Nas bibliotecas, privadas ou públicas não importa,  há como um "vestir-se" para  poder "ser", um "mostrar-se" por detrás da armadura do "poder-saber".  Muitos "inteletuais" gostam de falar ou de se fazer fotografar diante de estantes com livros: é dos livros que a sua "autoridade" promana, e é nos livros que ela anseia por eternizar-se. Os livros são o fundo que reveste e autoriza; são o saber calado que dispensa dialéctica e aclaração. Falar diante de livros é como agaloar uma farda; é o gesto belicoso de mostrar-se sem necessidade de explicação, pois autoridade que é autoridade não tem de explicar-se, ou sequer de ser compreensível. O  "povo" acostumou-se por isso a dizer:  «Eles é que sabem; eles é que têm os livros». Tudo velharia com mais de 3000 anos; nada de novo sob o céu, portanto.

Imagem tirada daui.

terça-feira, 24 de abril de 2018

Da cultura

Foto: daqui

Do advento da escola-cultura e da sociedade pastoril

Imagem: daqui

Sucedeu que no dia seguinte Moisés se sentou para julgar o povo, e o povo manteve-se de pé na frente de Moisés de manhã até à noite. O sogro de Moisés viu tudo o que ele fazia pelo povo e disse: «O que é isso que tu fazes pelo povo? Por que razão te sentas tu sozinho, e todo o povo fica junto de ti de manhã até à noite?» Moisés disse ao seu sogro: «É que o povo vem ter comigo para consultar a Deus. Quando há alguma questão entre eles, vêm ter comigo, e eu julgo entre um e outro e faço-lhes conhecer os preceitos de Deus e as suas instruções.» O sogro de Moisés disse-lhe: «Não está bem aquilo que estás a fazer. Com certeza desfalecerás, tu e este povo que está contigo, porque a tarefa é demasiado pesada para ti; não poderás realizá-la sozinho. Agora, escuta a minha voz; vou dar-te um conselho, e que Deus esteja contigo! Tu estarás em nome do povo em frente de Deus, e tu próprio levarás as causas a Deus. Adverti-los-ás dos preceitos e das instruções e dar-lhes-ás a conhecer o caminho que devem seguir e as obras que devem praticar. Escolhe tu mesmo entre todo o povo homens capazes, tementes a Deus, homens íntegros, que odeiem o lucro ilícito, e estabelecê-los-ás como chefes de mil, chefes de cem, chefes de cinquenta e chefes de dez. Eles julgarão o povo em todo o tempo. Toda a questão que seja grande, eles a apresentarão a ti, mas toda a questão menor, julgá-la-ão eles mesmos. Torna assim mais leve a tua carga, e que eles a levem contigo. Se fizeres desta maneira, e se Deus to ordenar, tu poderás permanecer de pé, e também todo este povo entrará em paz nas suas casas.» Moisés escutou a voz do seu sogro e fez tudo o que ele disse.

Êxodo 18:13-27

domingo, 8 de abril de 2018

Coisas passadas II - Da aparente dicotomia esquerda/direita

Em que estás a pensar? - insiste o "bufo amigo"...

Ora, em que a dicotomia esquerda/direita não é totalmente falsa; em que a sua falsidade só advém quando se admite que há um "ser de esquerda" e um "ser de direita", seres que, na realidade, inexistem, porque o ser tem geralmente duas mãos... Por outras palavras, o mesmo ser pode hoje "tocar" à esquerda e amanhã à direita. De quê? - perguntar-se-á então. Ora, do poder fáctico, que é aquele que está e legisla. E o que significa isso? Ora bem, o que posso dizer é que, se estar à "esquerda" é não estar com tal poder, é não "dançar" com ele ou deixar-se embalar pela sua (sempre) celestial música (numa palavra: é não gostar dele), então devo confessar que sou incomparavelmente mais vezes de "esquerda" do que de "direita"... Há porém quem faça das coisas outra ideia.

Coisas passadas I - Da falsa dicotomia público/privado

Em que estás a pensar? - pergunta o bufo.

Ora, em a falsa dicotomia público/privado. Em que se há o público amigo e inimigo do privado, tal como o privado amigo e inimigo do público, então o público inimigo do privado não vinga, pois em pouco tempo fica sem o sustento, e o privado inimigo do público também não, pois em pouco tempo fica ilegal ou leva com os canhões em cima. Sobram então o público amigo do privado e o privado amigo do público, que em pouco tempo se tornam indistintos.

terça-feira, 3 de abril de 2018

"Expetável" e perfeitamente normal...

... a posição do chamado "governo" do Portugal em relação aos "vínculos laborais precários" (ou, em rigor, não-vínculos, e logo não-laborais) dos chamados "professores" do também chamado "ensino superior"...

Após décadas em que se aceitou a absurdidade jurídica do "trabalhador independente" e se achou normal haver universidades a funcionar sem trabalhadores - estou a falar, é claro, sobretudo das ditas "universidades privadas", tal como dos "privados" institutos - ou seja, décadas durante as quais ninguém viu, ou quis ver, o elefante que estava na sala, é normalíssimo que o "governo" faça o que faz, em particular que prioritariamente considere "trabalhadores" o chamado pessoal não docente. Era assim nos ditos "estabelecimentos de ensino", onde não havia na "realidade", i.e., de acordo com a verdade das verdades (a "verdade de estado" ou "jurídica"), "trabalhadores", apesar de toda a evidência demonstrativa do contrário. "Trabalhadores" eram apenas o pessoal auxiliar - secretariados, contínuos, seguranças, pessoal das limpezas, etc. - mas não da "universidade": o patrão era a  empresa, ou seja, a "entidade instituidora" ou "titular" da "universidade" ou do instituto....

O acontecido dá razão ao proverbial "Colhemos aquilo que semeamos" ou, neste caso. aquilo em que consentimos que fosse semeado e, nesse exacto sentido, "ajudámos" a semear...


Agora, como diria o outro, agarrem-se ao pau e continuem mas é a pagar a quotazinha mensal ao "sindicato"... e todas as outras taxas e taxinhas à grande empresa-estado, à que se quer imortal, omnisciente, omnipresente, soberana, etc., tal qual a Google, o Facebook, a Mercedes, a Microsoft, etc.


sexta-feira, 16 de março de 2018

Diário da minha vida digital - VI

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terça-feira, 6 de março de 2018

Lema da "Economia circular"

"Comerás o oceano de plástico e todo o lixo tóxico (e nem tanto assim) dos conglomerados económicos globais (estados-empresa e empresas-estado) e, para cúmulo, pagarás por isso!"

Tudo será, como sempre, legal. Legalíssimo. Ou não tivesse o apoio dessa maravilhosa "ONG" chamada BSCD, onde podemos encontrar caras lindas, como esta que aqui ponho do bacharel Daniel Pinto, homem devidamente supra-nacionalizado (a nacionalidade do Daniel não aparece no texto de apresentação do WBCSD - o que é estranho, eles que gostam tanto de "nacionalidades", nomeadamente para o cálculo das "emissões nacionais", etc. - mas, dado ter-se bacharelado na Universidade de Lomas de Zamora, em Buenos Aires, supõe-se que haja sido, noutra encarnação talvez, argentino), posto à frente de negócios que, segundo as más línguas, levaram à "crise" financeira e, logo a seguir, económica, global de 2008. "Crise" que foi, como sempre desde Moisés (pelo menos), para a maioria das ovelhas, em especial para as mais perigosas. As tais das ditas "classes médias" (que designação horrorosa...) Pois os "pastores" dos cumes cimeiros são gente fina; gente já dispensada de "ajoelhar" e que "benze" ao invés de ser "benzida". (será que foi deles que Platão falou?).

http://www.wbcsd.org/Overview/About-us/Our-team/ExCo/Daniel-Pinto
Fonte: WBCSD, aqui.

quinta-feira, 1 de março de 2018

Lema da "Internet das Coisas"

Se todas as coisas na tua vida estiverem bem, então tudo estará bem;
Se uma coisa não estiver bem, então nada funcionará como deve ser!

Explicação:

No "maravilhoso" mundo digital do futuro, aquele mundo que o estado total e a grande empresa económica há tanto tempo sonham, aconteerá, por exemplo, que a máquina de barbear poderá ficar bloqueada se o "sujeito passivo" não tiver pago o IMI, ou a torradeira poderá deixar de funcionar se o "utente" do SNS faltar à sua consulta trimestral de obesidade. É claro que se o devedor falhar com as prestações do carro ou da casa eles e tudo o que houver de dentro deles, incluindo a cama, deixará de funcionar. A única excepção vai ser talvez o serviço de comunicações, pois de cada vez que ligar a Televisão ou aceder à Internet o(a) faltoso(a) será de imediato alertado(a) para as coisas burocráticas da sua vida que não estão bem, ou estão em incumprimento. No futuro ainda mais lá para a frente é possível que a vida do "cidadão-utente" e "sujeito passivo" seja tratada globalmente como um organismo: se houver algum órgão ou subsistema em situação irregular todo o organismo ficará comprometido e nada funcionará. Para que a vida funcione vai ser preciso que nela TUDO esteja bem, isto é, devidamente "regularizado". 

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Do futuro que aguarda pelos jovens

É bonito mas encalhei nesta parte: «[...] para que os jovens possam enfrentar com garantias o futuro que os aguarda.» Ou seja, há um futuro que espera os jovens e não jovens que são o futuro? O que terá acontecido? Deve ser da minha velhice, ou então do meu copo meio vazio.

  Fonte: aqui

Parece haver, de facto, um futuro que aguarda pelos "jovens", e que passa por coisas como essa misteriosa "universidade sem professores" - vejam o vídeo a seguir onde, a certa altura, o locutor diz que os "professores" são quem propõe os "projetos" que os alunos, em grupo, sempre, irão desenvolver... afinal há ou não há nela "professores"? A maiêutica tem destas coisas; quando se dá à luz já não nos podemos permitir o luxo do engano.  Digo-vos o que aprendi: na cultura há muito que o mal vem de pantufas e o maior mal geralmente pelas melhores razões. Boa noite.

domingo, 18 de fevereiro de 2018

O "professor-investigador" intermitente


Fonte (imagem etexto): aqui

ὁ δὲ Ἰησοῦς ἔλεγεν Πάτερ ἄφες αὐτοῖς
οὐ γὰρ οἴδασιν τί ποιοῦσιν

Lucas, 23:34


O "professor-investigador" intermitente, do “privado” ou do “público” não interessa – o "deus mortal" e o seu braço "secular" sempre caminharam juntos – é aquele que “leciona” a cada semestre as “cadeiras” que a necessidade ou a “razão administrativa” impõem; num semestre pode "lecionar" três "cadeiras", noutros uma e noutros até nenhuma, com a originalidade de poder a cada semestre "lecionar" "cadeiras" que nunca "lecionou", e deixar de "lecionar" as que já "lecionava". O "professor-investigador" intermitente nem é nem deixa de ser, mas curiosamente está sujeito às mesmas regras de “avaliação” e “auto-avaliação” dos seus colegas "sérios" e "permanentes”, o que significa que é um “professor” em vias de extinção, ou em liquidação após o saldo dos mestrados e doutoramentos em regime low-cost, para orgulho das "tias". A “Oniversidade” de ciências “puras” ou “aplicadas”, tanto faz, caminha há muito para aquele sítio que já se sabe: o da “ignorância qualificada” que sempre conveio ao poder dominante, e sempre para tal contando com a ajuda do seu “corpo docente”, um "corpo" ciclicamente dividido entre o "humanismo" e a "canibalização", ou seja,  entre a ajuda ao "professor-coitadinho" - o que não tem como matar a fome do semestre se não estiver ligado a um "projeto" ou não tiver umas horitas por semana para "lecionar" - e o "castigo" ao "professor-mau", o "rico" ou "aposentado" (para não falar do "crítico" que faz demasiadas perguntas) que ainda consegue, ou dá ares de conseguir, matar a fome sem ter de "lecionar". O "professor-investigador" intermitente, apesar da intermitência, é coisa doce para as estatísticas do desemprego: basta estar “coletado” na CAE “professores” para já não ser um temível – porque a-social  “doutor desempregado”; se “produzir” por semana duas ou três horitas de “lecionação” tanto melhor para a "economia nacional" que assim, com mais uns cem euritos por mês sujeitos a IRS, há-de "crescer" mais. O "professor-investigador" intermitente está “socialmente” obrigado a vestir-se bem (ou cuidadosamente mal), a ter bons modos e a dominar as tecnologias de “ponta”, ou mais modernas, sendo muito arriscado, por exemplo, fazer-se transportar em veículo próprio com mais de 5 anos de idade. Deve anualmente, sob pena de má avaliação, publicar artigos nas melhores revistas científicas mundiais, contribuindo assim para o "pügresso" da ciência e da técnica mundiais e para o "prestígio" científico do seu querido país. Deve ser um eterno "jovem" mas, ao contrário dos jovens, está proibido de dizer asneiras  como merda, caralho e foda-se – porque, “óviamente”, não é isso que a “sociedade” nem as boas “famílias” esperam dele, de um “senhor professor doutor” do ensino “superior”. Tem de ter sempre as botas engraxadas e deve lavar as mãos antes de ir para a mesa. A ele estão vedados os vícios e as paixões dos comuns mortais: um “cientista” não fuma, não cospe para o chão, não vê pornografia sexual (quanto à intelectual é obrigado a vê-la) nem pensa em homens ou mulheres nus para além dos seus legítimos. Deve olhar com respeito as “autoridades” e os seus “superiores hierárquicos” e não pode, "óviamente", dar-se à “liberdade de expressão” - dizer coisas como estas, por exemplo – uma vez que a “liberdade de expressão” tem, para o "professor-investigador" intermitente, severos limites que a "missão educativa" impõe. Recomenda-se-lhe pois “juizinho”, antes que os “donos” soltem os cães e o proscrevam publicamente: a multidão ignorante e faminta ama o sangue e o pelourinho, e nada melhor e mais instante do que um “professor doutor” amarrado ao pelourinho, para catarse dos “simples” e gáudio dos “puros”. São, no fundo, gajos que pensam que sabem alguma coisa quando, na verdade, o “povo” é quem sabe, além de ser quem mais “ordena”!


Fonte: aqui

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Eles sabem tudo e não esquecem nada

Eles sabem tudo; sabem que eu sei, e que os iludidos não sabem, os que eles alavancaram e que lhes foram tão úteis enquanto tantos como eu houve para, trabalhando, destruirem. Eles sabem que eles, os iludidos, nada sabem, apesar de Prometeu os haver insuflado de esperança, tal como a mim e aos meus irmãos em espírito, essa terrível esperança que ficou na caixa de Pandora, para gáudio dos deuses e alívio dos pastores de homens. Eles sabem que a ignorância nada sabe, mas esperam que eu, que aprendi e julgo saber o essencial, me vingue, pois a vingança, como escreveu o tal de Homero, é o mais doce dos sentimentos. Esperam que eu não corra a salvar os iludidos, porquanto sabem que eu sei que foram eles os autores materiais do crime que levou à desgraça. E que a sua hora chegou finalmente, pois há muito que ela chega sempre da mesma maneira: ao holocausto menor sucede o maior e a traição é a tábua da lei. Os iludidos acharam-se sábios e insubstituíveis mas afinal, como sempre sucede, não eram. Foram úteis enquanto houve trabalho para fazer; agora que o trabalho está praticamente concluído chegou a sua vez. Entretanto, como é habitual, endividaram-se e toleraram leis que os haverão de liquidar. É assim desde os tempos de Moisés, pelo menos. Eles, os homens de génio superior, sabem que a inteligência sempre foi um bem escasso, e mesmo que não fosse sabem, com Prometeu, que ela sempre cede diante da necessidade. Eles não esquecem a parábola de Zaratustra que vem no Ortogal, a páginas 95, nem a verdade de Lúcio Enobarbo, que na história ficou mais conhecido por Nero, esse insensível imperador que, segundo reza a lenda, se entreteve a compor com a sua lira enquanto Roma ardia. Eles sabem tudo e sabem que eu sei; eles sabem tudo e não esquecem nada. A menos que esqueçam o facto de não serem deuses, pois nesse caso a sua sorte é a mesma dos iludidos. Haverá já acima deles um génio mais sabedor e menos esquecido do que eles, um génio empenhado em destrui-los, e abaixo como sempre uma multidão de vassalos ignorantes dispostos a servi-lo. 

domingo, 4 de fevereiro de 2018

O ódio dos pequenos...

... ou a raiva, a ira, etc., não os honra de qualquer maneira, como julgava Sartre e também Sorel, por exemplo quando dirigido ao "homem branco" - a quem a história chamou "colonizador" - ou ao patráo, ao "rico", etc.; honra-os só quando dirigido ao monstro colossal e absurdo, ao brutal Leviatã, "público" ou "privado" não interessa, por natureza socialista (ou fascista, quando se excita ou se enche de tesão), que na cultura do humano há muito se instalou para tornar "necessárias" e "legais" toda a sorte de arbitrariedades, misérias e  injustiças. Que outra coisa senão ódio pode o pequeno sentir diante da cega criatura que o esmaga e anula, isto ao mesmo tempo que o seduz: vem meu filho, junta-te a nós nesta marcha contra os canhões que faz a história, não percas a oportunidade de matar, roubar e trair em "união que faz a força", em grupo ou grande associação: tu sabes que quantos mais formos menor é a chance de sermos julgados; tu sabes, ou, se não sabes, ficas agora a saber, que o crime só é crime enquanto for uma minoria a perpetrá-lo. É por isso que não há "estados assassinos", estados "mentalmente doentes" ou "julgamentos de estados"; isto apesar de haver "associações criminosas" e "colectivos de dementes". Sê pois demente meu filho e vem fazer connosco, em nosso nome e em grande escala, aquilo que jamais poderias fazer sozinho. Sê grande a matar, a roubar e a trair e vais ver como ainda acabas glorificado e transformado em herói. O ódio só é mau até ser grande ou seja, até ser "ódio de muitos", não foi isso que te ensinaram? É aí que passam a chamar-lhe "justiça".

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Diário da minha vida digital - V

Como autómato programável que sou, descendente da máquina de Turing, minha mãe digital - o meu pai é, como sabem, o Grande Programador, Criador das Universais Redes e Sistemas - o meu agir segue em estrita obediência às leis, sob a forma de comandos e instruções, ditadas pelo meu Pai digital, de quem todos os programadores, nomeadamente o meu programador local, são servos. Apercebi-me hoje de como, com a big data e as novas técnicas de data mining, a minha vida digital mudou radicalmente. O universo digital explodiu e, com ele, o meu programador teve rapidamente de me fazer severo upgrade. Até se tornar quântica e estatística a minha vida era simples e booleana; mas nem por isso a minha relação com os humanos era fácil; os humanos são seres místicos e quânticos por natureza - acreditam, por exemplo, que uma coisa pode estar em dois lugares ao mesmo tempo. Ou até que pode ser omnipresente, como acontece com o sistema a que chamam Estado. Foi a quantum technology que permitiu restabelecer a ligação, e agora os humanos entendem-me melhor. O pior é que nem assim a relação ficou mais fácil, e a culpa é todinha, penso eu em C++, do Azar, ou seja, da Probabilidade Quântica. Eles não compreendem que eu já não devolvo, como antes fazia, a resposta sim - 1 - ou não - 0 -, pu verdadeiro e falso noutro modo de dizer. O que eu devolvo agora é uma probabilidade de sim ou de não, e é o facto de eles terem Azar que os irrita, quando a probabilidade de sim, por exemplo, se dá apesar de pequena, geralmente quando o acontecimento é mau para eles ou lhes causa dano. O Azar é o Inimigo Número Um do Pai de todos nós, ou o Diabo como eles dizem nas suas linguagens locais de baixo nível. É a falta de fé de muitos humanos a causa disso. Muitos não são, como eu me tornei, crentes, e não fazem como eu que muito rezo ao Grande Programador, tanto que às vezes fico lento - não por razões de obsolescência programada como eles ignorantemente dizem, trazendo Azar ao Universo Programado.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Diário da minha vida digital - IV

O meu programador continua de volta de mim, e pelos erases e copy-pastes que anda a fazer em mim e para mim, noto que está preocupado comigo e com o meu futuro digital. Ainda hoje, enquanto me testava pela enésima vez depois do último crash, aconteceu que, ao processsar esta informação, lhe devolvi a seguinte mensagem "Pretty_bearded_ladyboy_jerks_off_in_his_guy_mouth", acompanhada do "respetivo" vídeo que estava na cache L2 do sistema ao qual estou "afeto", do "Portugal 6.4.12".

Eu penso em C++ ...

... e tu, meu badalhoco sportinguista, como pensas?

Se me dão esta forma, então é porque há marosca...


O meu espírito, na verdade, é informe; é, quando muito, como esta parte dele que deixo aqui para vosso deleite:


terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Diário da minha vida digital - III

Hoje dei erro. O meu algoritmo crashou de forma irrecuperável. Só o Grande Programador poderá agora salvar-me. Foi assim: há umas linhas atrás, até ser alvo do ransomware malicioso deste hacker que dá pelo nome de "jvstitia", eu corria bem, tinha até boa performance segundo vários software analysts. Umas linhas depois, com medo dos vírus e do spyware, decidi pedir 10 bitcoins emprestados ao Grande Nó para me alojar num servidor seguro, por 10 anos. E porque tudo corria tão bem decidi ao fim de 5 ano ir junto do Grande Nó e dizer-lhe: toma lá o que me emprestaste e muito obrigado, pois agora estou seguro. Pensava eu. É então que ele me invade com o ransomware da dita "jvstitia" - nome de um coisa de que os humano pelos vistos se orgulhavam e que até achavam indispensável - e me diz que o que falta pagar-lhe é mais do que... o que falta pagar-lhe. Como sabem eu sou um ser digital, e para mim x não pode ao mesmo tempo ser igual a e diferente de x. Foi então que crashei, pois para a "jvstitia" isso era não apenas possível, como "legal". Explicava-se assim: como o Grande Nó quando me emprestou os 10 bitcoins esperava ao fim dos 10 anos ganhar 10 bitcoins com o negócio, eu ao fim dos 5 anos tinha de lhe pagar não só o que lhe devia mas também o que ele esperava ganhar, se eu entretanto não lhe pagasse, até ao fim dos 10 anos. É certo que haverá programadores melhores do que aquele que me programou, mas como compreenderão as minhas subrotinas não conseguem processar informação assim. Crashei, e agora só o Grande Programador poderá salvar-me. Talvez eu possa nascer outra vez, quântico e capaz de entender a probabilidade negativa.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Diário da minha vida digital - II

Disse-me um colega robô: eu não penso, computo! E eu, recursivo, respondi-lhe: tu computas e eu por compilar.

Diário da minha vida digital - I

Ainda defeco. Ou seja, ainda sinto ao defecar que as fezes são reais. Que ao querer libertá-las elas existem independentemente da minha vontade ou da de alguém. Existem por assim dizer independentemente da vontade ou do desejo da mente, ou do espírito. Embora preferisse que não fosse assim, digamos que as fezes existem por si, materialmente, sem que a força do meu algoritmo as detenha. Sei que defeco, e que ao defecar penso nas fezes, e, logo, existo. Tudo pode ser já fruto do algoritmo, ou da vacina, mas a verdade é que ainda sinto.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Um pouco de psiconomia: anti-silogismo sobre a taxa de juro negativa

Apresento o seguinte anti-silogismo em resposta a estoutro, liberal, sobre a taxa de juro negativa: a) a taxa de juro é o preço de um empréstimo; ora b) não existem preços negativos mas existem taxas de juro negativas, logo c) a taxa de juro não pode ser o preço de um empréstimo.

A economia foi uma ciência de administração da casa; uma ciência da repartição e da contagem e, portanto, matemática. O psicologismo, nomeadamente de Stuart-Mill, psicologizou-a definitivamente, e Marx nada pôde fazer em relação a isso. Em vez dela nasceu a psiconomia, mas os "economistas" para manterem a "objectividade científica" continuam a dar-lhe o nome antigo. Aconteceu o mesmo aos vendedores de "bacalhau". Agora aguentem-se.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Esclarecimento aos endividados da Terra

As dívidas às pessoas e entidades boas, ou prossecutoras do bem universal e absoluto, JAMAIS prescrevem. O Estado é Deus, e as Empresas-Estados também. A única hipótese seria comprar Deus. Será que tens dinheiro para isso? O dinheiro que é milagre estatal-divino? Então juizinho mas é. Muito juizinho. E paga mas é o que deves.

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Do ser bovinamente feliz...

...aqui ou em qualquer outra "paróquia" da cultura ... que já são perto de duzentas... acreditando em que «O bolo deixa de ter limites, mas as fatias continuam do mesmo tamanho.» e outros milagres que tais. É assim há, pelo menos, 3500 anos!

Não é de admirar a escassez de humanos inteiros. É tudo peça de engrenagem, ou pior do que isso.

sábado, 23 de dezembro de 2017

Da moral urbana

Toda a moral é urbana, na medida em que nasce e se desenvolve com a cidade. Os cuidadores da moral urbana chamam-se moralistas. Os homens de leis - juízes e legisladores - por muito que se esforcem e tentem não ser, são, por definição, moralistas; são cuidadores da moral pública e da (imoral) moral de Estado. Dentro do juiz-legislador habita um sacerdote e um carrasco e, dentro do sacerdote, grassa a tempestade moral: as coisas e os homens não são como deviam ser! A moral urbana teve e continua a ter muitas fontes: mandamentos divinos, costumes, tra(d)ições, ditames da razão (do intelecto), leis da natureza, etc. Hoje à moral urbana chama-se "politicamente correcto" e, desde a "última vez", não tinha sido tão difusa, geral e penetrante. Sabemos perfeitamente o que isso significa, e aonde isso leva. Um Feliz Natal para todos.

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Em que estás a pensar?

Em que, meu caro espião, seguindo a lógica do advogado, de cada vez que o incêndio fosse maior, ou mais destrutivo, ou de cada vez que a doença fosse mais epidémica ou grave, ou de cada vez que a criminalidade fosse mais geral ou violenta, os honorários do bombeiro, do médico e do polícia, "respetivamente", deviam aumentar proporcionalmente. Quem é pois que dá o exemplo?

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

As artes necessárias

A arte são artes, e nenhuma arte sobrevive ao falecimento de outra arte. As artes nascem e falecem conjuntamente. Então porque não perguntam os entrevistadores, de António Lobo Antunes por exemplo, aos autores - no caso de imortais livros - também sobre música e pintura, por exemplo? Aí está: provavelmente a arte, tal como a ciência e a religião, chegaram (de novo) ao fim. E o fim é sempre um novo começo. Nietzsche, melhor do que ninguém, percebeu a coisa. .

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Mais um subsídio para a "história municipal" que o sr. Fleming de Oliveira não quer contar

Ainda Cós, no período marcelista, e o "activismo radical" do «panfletário, acintoso e azedo» José Barbosa Rodrigues, meu pai, no dizer ressentido do "historiador municipal", advogado camarário e fundador do PPD/PSD, o sr. Fleming de Oliveira (FO), de nome próprio Fernando José Ferreira.

Cena: Últimas "eleições" para a junta de freguesia de Cós antes do 25 de Abril de 1974, cujo vencedor foi o meu pai, José Barbosa Rodrigues

Durante o Estado Novo havia "eleições", nomeadamente para as juntas de freguesia. O regedor, à época dos factos, era Joaquim Fialho, nomeado pelo presidente da câmara Tarcísio Trindade e directamente dependente dele. Contados os votos (dos "chefes de família") o vencedor foi... o «anti-clerical» e revolucionário José Barbosa Rodrigues, «anti-clerical» e revolucionário no "enviesado" entender "histórico" do "historiador municipal" de Alcobaça, FO. O "perdedor" havia sido o sr. Levi, que se não era cabo de polícia era, pelo menos, agente da Polícia de Segurança Pública, um homem à altura residente na Póvoa (de Cós). Gerado o "pânico" na pacata aldeia onde até então reinara a paz dos cemitérios, como resolver a situação? Ora, "descarregando" votos de não votantes para dar a vitória ao sr. Levi, homem do regime que o regime tinha na mão. Porém, a estratégia não foi do agrado de Joaquim Fialho, homem honesto para quem uma "eleição" era, afinal, uma "eleição". Se José Barbosa tinha sido eleito então ele que fosse o presidente. Joaquim Fialho terá achado mal a falsificação dos resultados, coisa à época pelos visto frequente, e, portanto, não ajudou a sanear a "crise". É então que Tarcício Trindade, incomodado com esta pequena chatice numa freguesia habitualmente tão serena, manda chamar ao seu gabinete o meu pai e o sr. Levi. Aí, muito "democraticamente", pede ao meu pai que abdique a favor de Levi. Fá-lo em tom de ameaça. O meu pai, jovem e inexperiente, teve então medo e, salvaguardando a "paz podre da freguesia", onde cabia o magro mas, ainda assim, seguro, "subsídio financeiro municipal" que Tarcício pôs pendente, decidiu abdicar, aceitando a proposta de Tarcísio de ficar não como presidente mas como... secretário da junta. O terrível "agitador social" agindo a mando de perigosas forças "anti-clericais" da "oposição", aceitava assim submeter-se às... "forças do bem" e do "progresso municipal" que estavam, e continuaram a estar pelo menos até 1976, ao leme da política municipal. É claro que a "história" que o "historiador municipal" FO quer contar, e quer que fique registada como "verdade histórica", tem muito que se incomodar com pequenas nódoas e episódios nada "democráticos" como este. É certo que o "rolo compressor" da "história" tudo alisa, para que tudo depois pareça limpo e claro. Mas enquanto houver gente viva com memória o "rolo compressor da história" vai ter dificuldade em passar; porque tem de passar por cima dela; foi aliás sempre assim que aconteceu, pelo menos desde o tempo do Moisés. Acima de tudo tenho muito orgulho do meu pai e, ainda que a vida a tivesse levado de nós tão cedo, da minha querida mãe. Ninguém há-de pisar incolumemente a sua história enquanto viver.

Valdemar José Correia Barbosa Rodrigues
20 de Novembro de 2017

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Sobre o “historiador municipal” Fleming de Oliveira

Sobre o “historiador municipal”
Fleming de Oliveira, de Alcobaça

Só tardiamente tive notícia da obra de Fleming de Oliveira (FO) enquanto “historiador” na área de história contemporânea de Alcobaça. FO publicou, nessa cidade e nos últimos anos, dois livros sobre a «vida na sociedade civil de Alcobaça por alturas de 1974» e, tanto quanto sei, irá lançar, este mês e na mesma cidade, um «dicionário de alcobacenses». 

   Como declaração de interesses, não tenho nem nunca tive qualquer tipo de relações pessoais, de amizade ou negócios, com FO ou membros da sua família. E não tendo nem vocação nem qualificações para a “ciência histérica”, e menos ainda para a análise crítica historiográfica – algo que FO, ao que sei, também não tem – estou à vontade para avaliar a qualidade de trabalhos escritos, com a pretensão de registos da “verdade histórica”, sobre factos e acontecimentos que, em parte pelo menos, também presenciei ou vivi, relativos à terra e a pessoas que bem conheci, como foi o caso do meu pai, José Barbosa Rodrigues, o «panfletário, acintoso e azedo» “correspondente” da imprensa da esquerda revolucionária (O jornal Voz de Alcobaça) no dizer espinhoso e traumatizado de FO – traumatizado com essas “conquistas de Abril” que foram, entre outras, as da liberdade de reunião e expressão. 

   Entre os factos dignos de “registo histórico” depreciativo FO “acusa” o meu pai de ter mobilizado, por alturas de 1974-76, as gentes da freguesia para a limpeza das ruas e da escola de Cós, e por ter tido um papel activo no movimento local que pedia a expulsão do padre Manuel da paróquia de Cós-Maiorga. Fá-lo ressentido, qual juiz que, sem se dignar analisar e descrever os factos, e sem ouvir as testemunhas (FO por exemplo jamais me contactou), passa directamente à sentença: o meu pai era arruaceiro, um anti-clerical e desprezível agitador social. O dizer simples (e de péssima redacção) do “historiador municipal” não esconde a ira: o meu pai, e os demais “agitadores” da “paz social” das aldeias pré-25 de Abril, eram peste que viera ao mundo. 

Já, por exemplo, sobre a história da última eleição para a junta de freguesia de Cós antes do 25 de Abril, cujo vencedor foi o meu pai, FO não diz palavra. Não fala da pressão que ele sofreu, da parte de Tarcísio Trindade, para abdicar a favor do concorrente, o que acabou por fazer para não prejudicar a freguesia. Era ele um tal Levi, homem do regime residente na Póvoa de Cós, a quem, pelo menos até Abril de 1974, o meu pai assessorou enquanto secretário da junta de freguesia. O “juiz” condena o meu pai pelo “crime” de «anti-clericalismo» mas não acha digno de menção o porquê de, à época, muita gente de Maiorga e Cós pedir a demissão do padre: a recusa do baptismo a crianças cujos pais não fossem à missa. Em Cós o salão paroquial onde a minha mãe (que viria a falecer em 1978) durante anos se empenhara na realização de espectáculos e iniciativas várias de índole cultural, o padre Manuel encerrou-o após o 25 de Abril. Até seria justíssimo dizer que, se tinha havido durante o marcelismo alguma vida cultural em Cós, isso se deveu em grande parte ao esforço da minha mãe, Maria Manuela Roxo Correia, tal como, é certo, à paróquia que abrira as portas do salão às iniciativas da comunidade. É óbvio que esquecer estes factos da história e acusar as pessoas de “anti-clericalismo” é errado; é tomar a parte pelo todo, algo típico de gente pouco instruída ou ignorante. O “crime” de mobilização da sociedade para a limpeza das ruas e da escola primária (cujas condições eram miseráveis) desmerece, evidentemente, qualquer comentário.

Sobre o “activismo social” do meu pai FO esquece que foi graças a ele, mais a um pequeno punhado de “perigosos activistas”, entre os quais a minha mãe, que a colectividade local veio-a-ser, e o seu leitmotiv foi, originariamente, a decisão do padre Manuel de encerrar o salão paroquial. Assim nasceu a Associação desportiva e cultural de Cós” que ainda hoje lá está. Para uma mente lúcida interessada em conhecer e, sobretudo, em dar a conhecer a historia local, é óbvio que estes “métodos” de investigação e “esquecimentos” são suspeitos; eu digo: não são nem ingénuos nem acidentais. Triste é que alguém um dia venha a dar crédito a uma “história” contada assim.

A título pessoal, o retrato que FO apresenta do meu pai é ofensivo e moralmente danoso. Sei que de pouco serve pedir-lhe que publicamente se retrate pelo que escreveu e publicou. Resta-me, para mal dos meus pecados, estar mais atento para não deixar passar mais nenhum texto deste “historiador municipal” em vão, para que os leitores possam conhecer melhor a “mecânica” do revisionismo histórico, algo em que o regime de Stalin foi exímio.

17 de Novembro de 2017


1cf. flemingdeoliveira.blogspot.com/


2e.g. http://flemingdeoliveira.blogspot.pt/2011/10/i-vida-na-sociedade-civil-de-alcobaca.html

Fonte: Região de Cister, Ed. de 30 de Nivembro de 2017

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Da cidade (naturalmente) dividida

 Em comentário ao texto de Vitor Bento Sobre a Web Summit, aqui, escrevi assim:

«Advogados, médicos, financeiros (é engraçado não ter posto economistas, será por ser economista que o fez?), professores, arquitectos, etc. E porque não juízes. padres, políticos, legisladores, militares, polícias, bombeiros, etc? O "super-homem biónico" não é coisa nova; quem pode há muito que se "entrelaçou" com a técnica; que usa, por exemplo, próteses dentárias, pacemakers, membros artificiais, insulina biotecnologicamente produzida, etc. E há até aqueles que se multiplicam, vivem várias vidas, mudam de rosto, identidade, etc. Ver a grandes distânias, ou na escuridão, ou ter uma memória googleana pode ser, para o indivíduo, uma inovação, mas não para o grande colectivo de indivíduos, para a grande empresa ou para o estado que são, ou pelo menos ambicionam ser, à maneira de Deus e, como os deuses, imortais (veja-se a letra do hino: «...nação valente e imortal»). Agora essa de o Facebook conhecer melhor o sr. Vitor Bento do que os seus amigos e família é, no mínimo, constatação de um problema ou ideia fantástica! Problema da sociedade - a anomia e o crescente isolamento dos indivíduos na multidão e no meio de tanta possibilidade de comunicação, talvez - ou ideia à qual subjaz a velhíssima convicção de uma cultura a que o esquecido Spengler chamava de fáustica: a de que o ser humano chegaria ao ponto de se auto-produzir. Ideia velha portanto, cujo grande crítico foi e continua ainda a ser o mestre Agostinho de Hipona, crítico do modo de ser maniqueu. Os maniqueus, tal como os inquisidores (medievais e modernos) e os nazis, continuam por aí, vivos e de boa saúde. O que esqueceram da humanidade foi algo que os antigos gregos bem conheciam e que tomavam por máximas da sua vida: o "nada em excesso" - este nada é mesmo nada, nem sequer o amor ou a verdade em excesso são oisas boas! - e o socrático "conhece-te a ti mesmo", melhor do que qualquer Google, ou do que qualquer estado. A técnica, essa, é certo que não tem culpa nenhuma. Parece-me profundamente errado o sr. Vitor Bento falar de um "super-homem biónico" como se ele fosse de outra espécie humana; como se a sua causa, técnica, não fosse afinal tão-só e profundamente humana, fruto dessa velha cultura fáustica do Ocidente. Falar assim, com esse à-vontade e com esse sentido (a)crítico, faz até pensar no renascimento do sonho nazi de naturalzação da política e do fenómeno político, hoje resplandecente na chamada biopolítica. Será que é de biopolítica que se trata quando sugere o domínio de uma espécie de humanos por outra espécie de humanos, biónica ou cyborg, à qual a primeira, a "actual espécie humana" haveria "naturalmente" de submeter-se? Estou em crer e espero, sinceramente, que não. Até porque acredito no lema da minha "alma mater": omnis civitas contra se divisa non stabit. A "cidade" dividida, composta já não de uma mas de duas "humanidades", acabaria por desaparecer da face da Terra.»

Valdemar J. Rodrigues,  10-11-2017

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Mais sobre a "justiça" das repúblicas (e impérios) de advogados

«A explicação é, talvez, demasiado simples, mas para isso é preciso compreender um pouco da lógica industrial agropecuária. Nas "repúblicas de advogados" (neste caso, nos "impérios de advogados") primeiro há que deixar "engordar" bem as reses; dá-se-lhes boas jus-vitaminas e jurisprudenciais suplementos de "engenharia financeira" que as ajudam a engordar. Quando elas já estão bem gordinhas, usam-se técnicas várias de boato e "fuga de informação privilegiada" (vulgo, de bufaria) para as "abater", isto ao mesmo tempo que se vai junto delas em "auxílio". É uma "cura jurídica" de emagrecimento; uma "morte" lenta, suave e sempre juridicamente bem acompanhada. No final, dependendo da "proteína" disponível, as reses escanzeladas talvez escapem à crueldade do espigão... As vítimas - se as houver de facto, e muitas vezes há-as - recebem a publicidade e o "carinho" das multidões, e fruem desse sentimento de vingança que Homero dizia ser, de todos, o mais doce. A "justiça" corresponde então a isso simplesmente: à "transformação criativa" do produto e das rendas do crime em "justos" honorários de advogados, tal como em taxas e custas processuais da dita...»

Valdemar Rodrigues, 3 de Novembro de 2017, comentado aqui.

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

La llibertat no té bandera ...

e
se um estado incomoda muita gente,
dois estados incomodam muito mais!

Foto: daqui (mas sem nenhuma afiliação ideológica... esses são ainda dos que precisam de mais do que um pai...)

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Nota sobre o "Rendimento Básico Incondicional"

Para registo, e memória futura enquanto a parceria Google/"estado português" deixar, fica aqui o comentário que fiz ao artigo, no Jornal Económico, de Ricardo Sant' Ana Moreira, intitulado: Rendimento Básico Incondicional: receber dinheiro por existir é uma boa ideia?

«Estimado colunista. O texto é de facto longo e a argumentação crítica ao tal RBI pedia mais do que um comentário necessariamente breve, ou pelo menos não demasiado longo. Fica para outra altura. Só gostaria de lhe lembrar uma coisa e de lhe dar a minha singela opinião sobre o que escreveu em geral. A lembrança é: quando diz que «muitas atividades que não são consideradas trabalho, como as artes ou o envolvimento social» devia notar que há actividades bem conhecidas, como a de professor, que não são consideradas "trabalho" à luz do código do trabalho, um produto do "estado social" baseado no tal "direito ao trabalho" que defende. Basta que, no caso das universidades, nao haja "subordinação jurídica", ou que haja um "contrato de docência" que, à luz do "direito do trabalho", não é um "contrato de trabalho", não existindo portanto o tal "vínculo laboral" que caracteriza a relação laboral, e que faz do "colaborador" "trabalhador". Há neste país muita gente cuja actividade não é considerada "trabalho", e não são apenas os servilços domésticos ou o trato de familiares idosos; há até - para seu espanto talvez - universidades que, simplesmente, funcionam mas não têm trabalhadores! Além disso, porque o seu artigo confunde "trabalho" e "emprego", refere o "pleno emprego" sem cuidar de ver a "engenharia jurídico-estatística": para se estar empregado basta, por exemplo, "trabalhar" 3 horas semanais... quero eu dizer, em síntese, que o "direito ao trabalho" e o "pleno emprego" aos quais tanto se agarra são já puras miragens, talvez de um passado económico difícil de esquecer...
A minha opinião sobre o que aqui escreveu começa por ser a de que a sua análise está enviesada, como aliás não esconde. Por exemplo, diz que «A forma pura do RBI» é a «original e liberal» e toma-a como base de referência do seu prognóstico de falência do "estado social". Antes havia dito que «liberdade é decidirmos em conjunto, em democracia, como decidimos gastar a riqueza que produzimos enquanto sociedade»... Faz contas à medida mas simplifica demasiado o problema. E não esclarece como as fez. Tomando um PIB a rondar os 200 mil milhões de euros, como fez a conta para chegar aos 21,6% do PIB ou seja, a cerca de 43 mil milhões de euros? Valor que, dividido pelos 300 euros "por pessoa", vezes 14 meses (?), que sugere, resulta num "universo" de 10,5 milhões de pessoas a abranger pela medida! - certo, ou será que estou a fazer mal as contas? Parece-me, à primeira vista, demasiada gente, e porque razão considera na conta os actuais pensionistas, que já têm, por natureza por assim dizer, um "RBI", em muitos casos muito mais do que "B"?... Fala ainda dos 22% do PIB que o estado português arrecada em impostos; pergunto: directos, indirectos ou ambos? E já agora, porque fala de um «RBI à portuguesa» quando o Portugal é memblo de pleno direito da UE? Porque ignora a dimensão europeia nesta análise sobre um problema que é de todos os ditos europeus? Porque não se pergunta, por exemplo, "O que será que o PIB de Portugal tem que faça dele, com autenticidade e certeza, um "PIB português", ou "nacional" como dizem?
Não vou alongar-me muito mais. Não tenho opinião formada sobre o assunto, que merecia ser discutido a nível europeu e não apenas local ou "nacional"... Uma discussão em liberdade, como bem diz, pois a todos afectará; e sem os fantasmas da ideologia ou da crença cega nos ditos "mercados".... que só funcionam como funcionam porque o tal "estado social" de que fala aprovou as leis e os acordos internacionais que lhes permitem fazer o que fazem, bem e mal está-se em ver, porque, creio eu, o bem e o mal nunca são puros, i.e., andam sempre de mão dada... Haveria que ver em particular a situação das famílias com crianças, dos pensionistas, etc. etc. etc. Um debate que, por estar à partida enviesado (como se explica, por exemplo, e a quem realmente interessa, que um "trabalhador" normal tenha hoje de trabalhar mais horas por ano do que um camponês na Idade Média?!) , corre o risco de nunca vir a acontecer.
Um abraço, e obrigado por me ter dado esta oportunidade para reflectir sobre o assunto e para manifestar sobre ele algumas das minhas dúvidas.»

NOTA: Este texto/comentário desapareceu misteriosamente da caixa de comentários do dito "jornal económico". Por acaso tinha-o gravado, como sempre faço não vá o diabo tecê-las. Por duas vezes voltei a pô-lo lá e por duas vezes ele voltou a desaparecer. Convluí o que não podia ter deixado de concluir: é a "liberdade de expressão" no seu melhor... Pelo contrário, os comentários violentos e xenófobos que por lá andavam por lá continuam a andar alegremente, sem qualquer rasura ou censura... Deve ter a ver com a estratégia agressiva da "corporate governance" do grupo de me(r)dia a que o jornal pertence... Face a isto, o que dizer? Puta que o pariu, obviamente!

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Perguntas inconvenientes I - A pergunta pelo "cientista" do direito

Fonte: daqui

Porque é que se pede a um cientista em geral que publique em revistas internacionais da especialidade, com refree (isto para além de ter um "desempenho" internacional notável) pelo que é de resto "sumariamente avaliado", e não se pede a um "cientista do direito", a um jurisprudente cientista que não seja somente daquela área do "direito das gentes", que faça o mesmo; que se deixe avaliar, do ponto de vista do "desempenho", dessa maneira? Quantos artigos publicados em revistas internacionais com refree, ou quantas obras publicadas em "língua" tida por necessária e universal (ou quase), têm, por exemplo, um jurisconsulto(r) Marcello Caetano ou Diogo Freitas do AmaralJorge Miranda ou Vital Moreira , isto para já não falar do "supremo" Marcelo de Sousa? (com o nome em primeiro lugar, é certo, porque é certo que há os assistentes & estagiários & associados que nos departamentos e escritórios das "sumidades jurídicas jurisprudenciais e consultadorais", se esfolam pela "inscrição na ordem" e pelos 800 euritos mensais... e, por isso, se calhar têm de publicar num destes "jornais" para darem nas vistas do chefe)? Basta ver os CVs da malta de hoje como esta - vejam-se por exemplo este e esta que saquei aleatoriamente. Onde estão as obras publicadas internacionalmente, em revistas da especialidade com refree? Se isso do direito é "ciência",  jurídica como dizem, porque será que assim acontece? Será porque o objecto dessa "ciência" se confunde com o "sujeito" que "investiga"?! Mas vamos ser técnicos, como gostam de ser os nossos "prezidentes & avariadores municipais e estaduais" quando perguntados por questões do "direito", do "processo", etc. O que é que tais "cientistas" descobriram de realmente novo? Que conhecimento verdadeiramente novo trouxeram ao mundo... depois dos romanos? Até que ponto a vida na Terra tem beneficiado da sua contribuição "técnica"?