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Contrariando a espiral do silêncio, devo confessar que, quando ouço falar de "analistas" e "colaboradores" o que me vem pavlovianamente à ideia são cus. O analista aparece como aquele que os cheira, ou os perscruta nos eflúvios das cuecas, e cuja oratória é assertiva e penetrante, ou seja, algo de ir ao cu. (Não escondo que, quando penso em analistas, vem-me invariavelmente à mente o dr. Luís Marques Mendes, mas não consigo explicar porquê, poie ele até me parece um homem normal e, de resto, bastante viril). Quanto aos cus-laboradores, eles aparecem-me como aqueles que, por assim dizer, dão prazenteiramente o cu ao manifesto (eu também já dei, por isso fiquem descansados aqueles a quem servir o barrete). Ando até a pensar enviar ao meu ídolo Quim Barreiros - sim, é sincero, admiro-o e admiro o seu magnífico "trabalho independente" em prol da cultura do "Portugal" - a letra de uma canção que compus intitulada "Cantiga do cu-laborador", em homenagem ao homem, mulher ou transgender que, sem vínculo laboral, cu-labora noite e dia, incluindo sábados, domingos e dias santos, para gáudio produtivo da "entidade empregadora", outrora rudemente denominada "patrão" - que nome feio... Eis pois a minha confissão. À qual poderei juntar uma outra: a de que aprecio o anal (além do oral, claro está, de gosto tanto quanto sei praticamente universal), uma vez salvaguardadas as normais condições de higiene íntima. Só lamento a circunstância da minha inaptidão cu-laborativa, dada a crónica hemorroidal da qual sofro e que severamente limita o meu prazer cu-laboral. Gostaria de poder cu-laborar com prazer, pois sou um hedonista e, filosoficamente falando, aprecio tanto o velho Epicuro, quanto desaprecio a ataraxia dos estóicos, como a de Zenão de Cítio, que gostam de cu-laborar apesar do sofrimento e do combalido andar do day after, que aliás pode durar vários meses, tal como pude comprovar nas minhas investigações, dependendo do comprimento e, em especial, do diâmetro da ocorrência. Eles - os estóicos - dizem, e eu acredito, que um cu-laborar sofrente é como qualquer outro sacrifício libertador - o do cilício, por exemplo - e que o importante é dar-lhe um sentido espiritual, cósmico ou divino. Eles lá sabem. Se por acaso encontar por aí algum estóico que me agrade, não excluo a hipótese de lhe dar um empurrãozinho por trás para o ajudar a penitenciar-se, isto se ele o desejar é claro e, repito, se for do meu agrado. Limpo e rapadinho como deve ser, não só mas também por causa dos micróbios da ASAE, com mamas bem feitas, não demasiadamente hormonais, como aquelas em banda que nos olham com aquele sinistro olhar estrábico dos mamilos, nem demasiadamente grandes, tão grandes que não dêem para acreditar. Sim, porque o ser hedonista não impede que se seja um homem de fé, e eu acredito na cu-laboração prazerosa, que o é pelo menos para a maioria dos cus-laboradores, estimuladora da produtividade e da riqueza das nações, como dizia o Adam Smith - o Adão Ferreiro, em português - que tinha aqueles caracóis postiços lindos de morrer.