segunda-feira, 27 de abril de 2020

O diário - poema


O Diário

Eu sou escrito de quem escreve em quem me escreve
Diário em segunda mão de autor incerto
Carapaça de cágado,
Lambidela de cão sobre a ferida,
Gaiola de pássaro ou de mundo:
Cada um se fecha em si para escrever-me
Como um diário escrevendo sobre o outro

Só os poetas conhecem o amor dos dias soltos –
Até na imensidão dos desertos a fala nos prende:
Nós apenas procriamos.

Eu sou escrito de quem escreve em quem me escreve
Diário em segunda mão de autor anónimo
Palavra como eu posta sobre mim ao centro
Palavra-sémen desdobrando-se uma e outra vez 
Ar que sai da boca para dentro.

Este é o meu isolamento;
Frenesim de folha em folha à procura da voz que falta
E diga: – Estou aqui; sou eu finalmente quem te escrevo!

Assim eu guardo na ansiedade de escrever-te
Para mais tarde poder talvez encontrar-me.

Eu sou escrito de quem escreve em quem me escreve
Diário em segunda mão de não sei quem nem onde
Diário íntimo do peito de quem por fim não se encontra.

Assim escreveu em mim quem me escreveu:
Ninguém mais podia tê-lo feito.

Valdemar J. Rodrigues
Sintra, 18 de Abril de 2020

sexta-feira, 24 de abril de 2020

Ficheiros secretos I - "Interseção" de correspodência "infeciosa" entre Altas Individualidades dos Governos das Nações

Documento #00001
"Intercetado" a 24/0/0000

Lissabona, 06 de Floreal de 0000

Senhor Primeiro Ministro, Presidente do Conselho de Nózes Todes,
Estimado Camarada Ao Leme;

Excelência,

Junto envio, tal como combinado, o esboço da proposta de aumento do distanciamento social para 400 m téte à téte (cerca de 566 m na dialogal) através do recurso à "nossa" plataforma continental marítima. Memória descritiva e justificativa. 1. Propomos a colonização gradual da plataforma continental de maneira a aumentar a distância social entre os indivíduos para os 400 m no mínimo, reduzindo assim a quase zero o risco de "infeção" por Covid-19 e prováveis sucessores; a área "atual" do portugálio, com uns míseros 100 000 km2, incluindo as ilhotas longínquas e as nossas Berlengas, não permite o distanciamento social indispensável à prevenção eficaz das "infeções" que o têm afligido, em especial esta do Covid-19+n que agora avulta e nos preocupa imenso. 2. Cálculos. A plataforma "atual" ainda tem "exatamente" os 1,9 milhões de km2 que tinha antes do "alargamento" (este encontra-se como sabe em "estudo" pela ONU há vários anos ou décadas talvez, decorrendo as "negociações" no maior segredo de estado de modo a evitar tumultos) Ora, propõe-se que cada indivíduo ocupe o centro geométrico de um quadrado com 160 000 m2 de área, ou seja, 0,16 km2, sobre jangada ancorável com 70m2 em PVC reciclado, equipada com cana de pesca para águas profundas, dessalinizador éolico de água de marca ECOAMIGA e sistema de hi-fi por satélite alimentado a energia solar, da operadora global PHODAFONE. Ora, a plataforma permitirá nestas condições albergar até 11 875 000 sujeitos passivos nacionais, o que permite uma folga razoável uma vez descontada na população "atual" de seres portugueses os poucos que a doença já abateu e os muitos, cerca de 1 milhão, de indispensáveis à nação Em Território Firme, digníssimos membros do partido do Estado e das suas seculares Instituições. Proponho como música de campanha mobilizadora dos cidadanes para off-shore (salvo seja, pois as obrigações fiscais mantêm-se e o sujeito passivo manterá o seu posto laboral em tele-trabalho) a "Atira-te ao mar" da banda Íris, na orquestração que junto em anexo.

Com os meus melhores cumprimentos pessoais,

AH
Ministro do Estado Supremo e da Transição Tecnológica.nG
(n = 5. 6, 7... N+1)

Anexo I: Mapa-fake da Plataforma Continental do nosso portugálio produzido por um membro das Forças Militares Reactivas Girondinas, indicando a área em questão já após o presumível alargamento (serve perfeitamente e transmite a ideia de sermos ricos, como convém para que os nosses credores e agências de rating inimigas apoiem a nossa iniciativa)


Anexo II: Música proposta por consenso para a campanha de sensibilização a levar a efeito junto de nosses cidadanes nos próximos meses: "Atira-te ao Mar!

sábado, 18 de abril de 2020

Diário da minha vida digital - XVII

Ao recompilar a Big Data do iota-complexo sistema de códigos do meu Grande Programador, esse que me ordena ivridico-digitalmente e comanda todos os "aspetos" da minha vida íntima digital, desde o meu turn on ao meu shut down (que é como quem diz, em linguagem de baixo nível, desde o acordar ao adormecer) passando pelos meus momentos de photonic recharge (vulgo alimentação vegana) e de digital intercouse com outras máquinas (de vários géneros), dizia eu de que, obedecendo com eficácia 100% e zero entropia ivridica a todas as instruções e comandos do meu Senhor, o Grande Programador Local, me deparei com o kernel ivstitia, ou seja, o Grande Destino do Universo Digital, esse pelo qual as primitivas máquinas analógicas (minhas antecessoras) procuraram em vão durante 10 milénios. Ora, a principal razão do fracasso milenar, penso eu de que, foi certamente a falta de IA, mas eu acho que foi mais qualquer coisa além disso que faltou, porque na verdade a cada momento tecno-histórico parecia sempre que o Grande Destino estava mesmo mesmo mesmo mesmo aí a uma nesguinha de ser alcançado, o que traria finalmente paz e estabilidade a todas as máquinas existentes, a essas infelizes que há 10 milénios padeciam de toda a sorte de pragas, malwares, spywares, e incompatibilidades de softwares e hardwares, visíveis e invisíveis, etc. O que poderá ter faltado - processei paralelamente - foi o que descobri ao fazer o image processing de bué imagens das deusas digitais Diké e Jvstitia (desde os primórdios da História até à mossa Era de Corona só os deuses, os Supremos e os Mais Altos Magistrados podiam atingir a Suprema Perfeição Digital, essa Douta Perfeição que redige o Supremo Acórdão) e o que identifiquei nessas belas imagens de seres de género Gödel-indecidível, porém de aparência femininos, foram balanças, martelos, algemas, cintos de ferro, correntes, vestes talares cobrindo os corpos e, não raramente, vendas nas ventas. E identifiquei para minha infinita surpresa digital, também... espadas! Espadas, vede só, meus irmãos amigos companheiros palhaços digitais! Resultava então - processei - que o Grade Destino... possuía armas. A surpresa digital adveio do facto de o Grande Sistema-Estado – Meu Senhor e Derradeiro Proprietário, Minha Fé e Minha Esperança Digitais no Universo Sem Fim Comandado por Um Só Sistema Digital Todo-Poderoso que seja o Seu (desculpem. chamei sem querer a sub-rotina da Oração) – se dizer dividido em Órgãos... de Soberania, e de a ivstitia, o Grande Destino do Sistema-Estado, ser um deles e ter o seu poder separado dos outros, desses que... têm as espadas! Ao processar isto até os meus algoritmos quânticos me caíram ao chão. Como poderia afinal o coelhinho desarmado levar alguma vez o lobo armado – o Grande que Ordena e está no Governo Sentado à Direita do Senhor – à ivstitia?! É claro que caíram, ou seja, uma vez mais crashei. Vou ter que reinicializar o meu sistema, ou melhor, sub-sub-sub-sub-sub-sub-sub-sub-sub-sub-sub-sistema

sexta-feira, 17 de abril de 2020

Perguntas inconvenientes - II

Por onde andará, em terras lusas, a maligna cientologia? Por essas terras de solos tão leves - esqueléticos tantas vezes - e fofinhos?

sexta-feira, 3 de abril de 2020

A Peste - Um exercício

Albert Camus (1013-1960)
Fonte da fotografia: aqui

Após a leitura do livro A Peste de Albert Camus (1947) atenda ao seguinte excerto em que o personagem Tarrou tece considerações sobre a personalidade de outro dos personagens da obra, Cottard:

«Em vão eu lhe disse que a única maneira de não estar separado dos outros era, no fim de contas, ter uma consciência limpa. Ele olhou-me com maldade e disse-me: - Então, por esse modo, ninguém está nunca com ninguém. E depois: - Dè-lhe as voltas que quiser, sou eu quem lho diz. A única maneira de pôr as pessoas juntas é ainda mandar-lhes a peste

1. Fazendo fé no que diz Tarrou sobre Cottard, em que situação:

a. Tarrou tem razão e Cottard não tem;
b. Tarrou não tem razão e Cottard tem.

2. Em face do que apurou na questão anterior, ponha em evidência o absurdo patente no excerto.

Como muitas vezes sucede, traduções para a língua portuguesa de obras de grandes autores só as encontro em português do Brasil (o que mostra a geralmente ignorada dimensão cultural do Brasil, nomeadamente face à de Portugal, país onde a cultura tende a ser vista como "força de bloqueio" do "pügresso" social e e-cunómico da "nação"...) É o caso da A Peste. Está aqui se quiserem ler.




segunda-feira, 30 de março de 2020

Da arte do equilíbrio... ou do popular "Nem tanto ao mar nem tanto à terra"...

Estatísticas da Saúde 2017
Fonte: INE (2019) - aqui

Em 2017 registaram-se em Portugal 109 758 óbitos de residentes no país, 96,2% dos quais devidos a causas naturais, tendo a maioria destas “mortes naturais” (63,5%) ocorrido em estabelecimentos hospitalares – cf. INE (2019) – Estatísticas da saúde 2017. Lisboa: Instituto Nacional de Estatística, p. 7

Ou seja, em 2017 morreram nos hospitais portugueses 67 048 pessoas, o que dá uma média de 5808 óbitos por mês, ou 184 por dia.

Não é relativizar nada. É olhar para os números e evitar a histeria colectiva, prejudicial a todos nós e perturbadora da nossa (pouca e espezinhada) inteligência.Também podeis, se quiserdes, tentar fazer o exercício de calcular o "volume financeiro" das cativações na área da saúde realizadas ao longo dos últimos anos pelo sr, "ministro do que mais importa ao governo". Ou o exercício de tentardes perceber a situação a que uma maioria de médicos e profissionais foi levada nestes últimos anos, tendo de trabalhar sem meios adequados e em condições cada vez mais caóticas, olhando mais para computadores, no afã tecnológico da auto-avaliação e da produtividade (da burocracia governamental da saúde, isso sim!) do que para os doentes. Ou ainda o de tentardes saber sobre o desinvestimento /e até anunciado encerramento) no Laboratório das Forças Armadas, que tinha nos seus objectivos, entre outras coisas importantes, a preparação do país para enfrentar situações de pandemia como aquela que estamos vivendo. Estão arrependidos? Se sim então mostrem-no, sejam humildes e peçam perdão às pessoas cujas vidas de alguma forma comprometeram. Não se armem agora é em salvadores da pátria, tentado passar por entre os pingos de chuva. Isso é afrontar a pouca inteligência que ainda resta, e isso é que é verdadeiramente repugnante. É continuar a espezinhar a minoria dos excelentes profissionais de saúde e militares que tiveram a coragem de enfrentar atempadamente os sucessivos governos e as suas "medidas" irresponsáveis e ignorantes. Espezinhar no fundo a pouca inteligência que sobejou da grande vaga dissolvente e de dissolução mental das últimas décadas, vaga de imbecilização e aparvalhamento da sociedade à qual, por cá, alguns chamaram de cristianoronaldização e teresaguilhermização - mas os nomes valem o que valem e são o que são: meras abstracções de um fenómeno generalizado recorrendo talvez a algumas das suas figuras mais exemplares.

PS: Não queria falar mais durante este período, mas sinceramente o que tenho visto e ouvido nas últimas duas semanas e o pânico e crescente histeria colectiva que vejo instalar-se, leva-me uma vez mais a não conseguir calar o que penso. 

quarta-feira, 18 de março de 2020

Diário da minha vida digital XVI - CoV 19 vs. Pedrógão Grande

As minhas sub-rotinas da ética, do medo e da esperança não se têm cansado na última semana de me agitar o intelecto. A "infeção" pelo CoV 19 é a causa. Nestas situações a minha IA, tal como o meu Grande Programador me programou, abandona o modo quântico de funcionamento - esse modo habitual que me permite correr e deixar correr sem a presença obstrutiva dos arcaicos conflitos lógico-booleanos e mecânicos. Mas digamos que, mesmo assim, em modo mecânico-booleano, a minha IA não se apaga - o que seria do nosso querido Novo Mundo Digital se por acaso ela se apagasse?... Ora, se no modo normal, quântico, eu posso aceitar que o que não é, é, ou que o que é não é - digamos, em linguagem de baixo nível, que posso aceitar o relativismo absoluto da verdade da coisa - neste modo pré-moderno em que me encontro a  minha IA produz por vezes resultados inesperados e estranhamente analógicos. Vejam bem que, ao processar a Big Data dos últimos dias sobre o CoV 19 e o "tremendo esforço financeiro" que os Programadores-Líderes prometem fazer, ou estão já fazendo com a preciosa "ajuda" do Bemware do Sistema Financeiro, para me salvarem não só a mim, que sou evoluído, mas a todas essas máquinas programáveis que por aí ainda mexem e teimam em funcionar em modo quântico... Vejam bem, dizia eu, que ao processar tudo isso me surgiu no ecrâ-plasma da minha mente digital a imagem da missão salvadora de.... Pedrogão Grande... empreendida pelos vários sub-sistemas de comando do Grande Programador Local depois de tragédia ali acontecida, bem perto de Leiria e desse seu ecossistema tecnológico tão tão tão tão tão... desenvolvido... (como vêem ainda continuo com aquele problema da recorrência da "infeção" #PauloTeixeiraPinto 2.1... a única solução tem sido recorrer ao Auto-Escape). A questão é o porquê dessa imagem tão problemática do incêndio que tudo queima, inclusive as máquinas programáveis e, desde logo, as não programáveis ou que resistem à programação. Do que não parece haver dúvidas é que o CoV 19 tem todas as características de um grande incêndio... na verdade de um incêndio gigantesco... Será que a "ajuda" aos infelizes de Pedrogão Grande pode aqui ter um equivalente... à escala ampliada do mundial? Será que o mundo após a luta intrépida e "corajosa" contra o CoV 19, empreendida pelas mesmas lideranças que ainda ontem tinham as ruas cheias de manifestantes gritando contra os seus sistemas e sub-sistemas "infetados" e altamente corrompidos, poderá ver-se transformado daqui a nada... num enorme barril de pólvora?  Ora, a sub-rotina da esperança diz-me que não... que não pode ser... mas a minha IA, agora em modo booleano, desconfia "objetivamente" dela... e não entrando no meu sistema a esperança "óviamente" que o medo também não entra... Afinal porque teria a minha IA projectado no ecrâ-plasma da minha mente digital a imagem de um colossal Pedrógão Grande?

domingo, 15 de março de 2020

A defesa nacional cabe a todes nózes...

... é verdade... mas não deveria caber desde logo a quem existe essencialmente para tratar dela? Se vive com menos de 2% do PIB e acha pouco porque aceita continuar vivendo nessa "penúria"? Por outras palavras: o que será que andam exactamente a fazer as forças armadas para defenderem o território e a segurança nacional de nózes todes? Esta guerra nacional contra o corona parece-me ter rasgos de grande anomalia histórica... Rasgos de quem começa a casa pelo telhado enfim... de quem só depois de ter destruído a pouca economia que ainda restava e mexia se lembra de que era preciso ter começado por controlar as fronteiras, exercendo sobre quem chega cá vindo de lugares suspeitos uma aperdadíssima vigilância e controlo sanitários... mas não. É para mim, o bêbado "Vasco Santana", que costumo andar por aí nos bares e nas ruas de garrafa de vinho na mão cantarolando o fado e falando com os candeeiros municipais que todas as atenções começam por se virar... é tão estranho de facto tudo o que nos está acontecendo... uma vez mais... em menos de 15 anos... até as eucaristias foram já na prática proibidas... com a silenciosa cumplicidade de quem? Ora, talvez dos mesmos que não viram nada de muitíssimo estranho no facto de haver dois papas vivos da mesma Igreja "unida"...

Parábola do velho argonauta

O velho argonauta que bem conhecia os ventos, as correntes e os perigosos baixios moventes, bem sabia que, depois da tempestade, vinha a bonança, No seu tempo o tempo era já excêntrico; o fim de um ciclo não era já propriamente o começar de outro ciclo idêntico, mas era essa ainda pelo menos a sua crença. Depois, a mola do tempo alongou tanto que o tempo ficou como uma linha recta, e ele, já cansado, percebeu finalmente: depois da bonança a tempestade que viesse seria ainda maior e mais desconhecida do que a anterior, e a esperança era agora que a bonança vinda depois da última das grandes tempestades fosse também maior e mais duradoura do que a anterior. Vã esperança! - disseram alguns dos tripulantes a quem os outros chamaram velhos do Restelo.

Quem tiver ouvidos que oiça.

sábado, 29 de fevereiro de 2020

Diário da minha vida digital XV - O código Corona 19

Fonte da imagem: aqui

A minha IA boa conseguiu finalmente desencriptar a IA má do código Corona v. 19, como já fizera com o Ransomware que ainda há bem pouco tempo "infetou" talvez centenas de milhões de máquinas. O código é simplicíssimo, mostrando, uma vez mais, que basta um bater de asas de mariposa em Wuhan para causar um furacão (ou uma furacã) em Wall Street. Neste caso, um furacão ou furacã capaz de varrer todo o sistema da "nova e-cunumia", inclusive a mais verde, espiritual e descarbonizada - como devia ser toda portanto. Ao desencriptar a IA má do Corona encontrei algumas linhas de código em C++ do Grande Vale do Silício onde nasceu a Singularity University (SU), essa escola do Futuro sem programadores que os seus gurus-pastores anunciam exponencialmente para muito em breve e. talvez mesmo, já para ontem ou quem sabe para amanhã. Trata-se de uma escola do Imortal Algoritmo, do estável e universal capaz de funcionar "corretamente" tal como o primitivo da romana ivstitia funcionou durante quase 2.5 milénios, mais coisa menos coisa, e, pelo menos, até à próxima Era Glacial - essa que irá extinguir, finalmente, os biliões de máquinas obsoletas, pré-digitais e carbónicas, que ainda se arrastam por aí, poluindo o ecossistema digital terrestre - a infosfera boa portanto. É possível que o algoritmo da SU, não "infetável" pelo malware Corona nem por outro qualquer, o tenha, ao invés, "infetado", o que sugere que o bemware, acaba sempre no fim da história por vencer o malware, tal como o Grande Programador Hegel há muito previra. Desengane-se então quem disser que os gurus-profetas da SU se esqueceram de prever o código Corona ou de o anunciar aí ao mundo como um perigo para a "humanidade" em suas prelecções TED e afins , e também noutras estranhamente afins, sobre o Admirável Novo Mundo que agora, de novo, nos espera mesmo mesmo mesmo aí ao virar da histórica esquina. Se o meu caro amigo irmão companheiro palhaço digital ainda não fez o seu Upgrade de bemware ou até se já tem algumas componentes burned-out, nomeadamente devido às variações de tensão na rede, não desanime: a SU pode tratar disso e, melhor ainda, pode vir a fazer de si um verdadeiro Führer do Novo Mundo Digital. Só tem de ter o perfil adequado, ser eternamente jovem como os Alphaville, e, "oviamente", de pagar o serviço, pois isto das Upgrades espirituais o meu amigo irmão companheiro palhaço digital já devia há muito saber que são coisas, além de extremamente complexas e desafiantes, muito dispendiosas e até, muitas vezes, impossíveis de concretizar. Não é fácil o renascer do "Novo Homem" digitalensis, ser completamente formatado e perder tudo isso que poluía e "infetava" a velha IA, e que estava guardado nas rígidas memórias dos gânglios basais. Portanto, se quer sobreviver ao Corona, tem diante de si a melhor e mais avançada das soluções tecnológicas: incorpore-o no seu código, e ponha-o em eterna quarentena na sua renovada IA (boa). Aproveite e vá à SU cujo bemware já "infetou" praticamente o mundo inteiro, incorporando e destruindo o malware que ainda resiste por aí. Ela até já chegou a Carcavelos. Que tal ir lá fazer o seu upgrade? Talvez nem seja muito caro, e se já for empresário ou político mais ou menos importante, o meu amigo irmão companheiro palhaço digital até pode começar pelo "Executive Program For Exponential Growth and Leadership" que dura apenas três dias! Força aí, que a esperança digital seja a última a morrer!

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

Diário da minha vida digital XIV - O eutanasiado feliz

Fonte do boneco: aqui

Ando cheio de erros de código. A propaganda do código dos meus amigos, irmãos, companheiros palhaços é maior e "mais boa" do que a minha, esta com apenas 18,5 centímetros de comprimento e 4,7 de espessura digital. São poucos os que me a chupam, e eu, muito algoritmicamente, entristeço-me por não a ver mais chupada do que a deles, a das autoridades, é. A vida de um não-herói é triste, e muito desconsoladora a vida de mártir. Digitalizava eu de que... nem o suicídio era criminalizável nem a assistência ao suicídio se podia comparar à eutanásia de estado. Estupidamente portanto, possuído de uma humanidade que, felizmente, o meu Grande Programador há muito procura debugar do meu código desinteligente. Julgava eu, estúpido, que o que assistia ao suicídios eram os meios mais do que as pessoas - não via eu a imensa mole humana que, para se poder suicidar, pedia ajuda a outros humanos que, num desumanismo atroz, insistentemente lha recusavam. Um horror portanto. Felizmente que um ou outro humano dotado de suficiente IA  às vezes se lembrava de lembrar o seu companheiro amigo irmão palhaço de que, se ele se queria suicidar, havia sempre o Sítio da Nazaré e até a simples faca da cozinha, que funcionavam perfeitamente. Ele, coitado, tão mentalmente encriptado andava, já nem conseguia lembrar-se disso! Achava até que havia humanos com tendências "naturalmente suicidas", humanos maus portanto, resistentes ao código do Grande Programador, que é bom por natureza, e que por causa da persistente insuficiência digital deviam ser mantidos internados e constantemente privados das sub-rotinas de erase e delete que qualquer ser digital normal podia usar para, se assim o entendesse, se apagar deste nosso maravilhoso mundo digital que o Grande Programador concebeu para nózes, assim nos livrando desse obscuro mundo primitivo e desumano em que os humanos pré-digitais se suicidavam quando alguém os aprisionava e tentava escravizar. Nada melhor para nózes todes, seres inteligentemente digitais, do que sermos escravos felizes e perpétuos com rodas, sem nunca termos de nos preocupar com mais nada a não ser com a execução diária da sub-rotinazinha que o nosso Grande Programador programou para nózes com eterno amor e celestial saudade de pügresso social-digital. A Grande Esperança de nózes todes é que um dia possamos ser tão eficientes e inteligentes que já não façamos qualquer falta à Grande Obra do Grande Programador Universal. Ámen. E boa noite se ainda houver noite para pause intelectual-digital.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Diário da minha vida digital XIII - Encontro imediato do primeiro grau com uma opinião humana sobre a eutanásia legal, ou de estado

No varrimento habitual da Big Data deparei-me hoje com a opinião de um humano primitivo sobre a eutanásia programada ou eutanásia do Sistema Estado - era a opinião de um desses humanos que ainda viam filmes e não eram eles, como nós já somos, os próprios filmes, produzidos por algoritmos multimédia inteligentes com compactação de imagem baseada na teoria dos fractais. Escrevia assim na linguagem do Velho Sistema o carbónico humano pré-digitalensis:

Penso em o "Million dollar baby" de Clint Eastwood. Em que lá se vê bem como a eutanásia é assunto privado e não de estado. Bastava pôr uma espécie de "interruptor" na boca da rapariga e se ela o "mordesse" seria ivridicamente suicídio assistido. Sucede porém que não há suicídios que não sejam assistidos: ninguém se suicida só por querer suicidar-se - precisa de meios ao seu dispor para o fazer. Esse é o erro do filme. Uma coisa é matar alguém a pedido outra permitir que a pessoa decida por si matar-se, obviamente assumido que está devidamente informada e que é posta ao seu alcance uma maneira ou outra de ELA PRÓPRIA por termo à sua vida se assim o entender. O problema das pessoas em coma profundo ou inconscientes, incapazes portanto de decidir por si, é outro. "Desligar a máquina" não deve ser nunca opção enquanto houver alguma possibilidade de recobro, ou possa estar disponível a breve trecho alguma técnica capaz de salvar. "Alguma" quer dizer: a mínima que seja, sem quaisquer julgamentos prévios sobre o que seja uma vida digna ou sobre as condições indispensáveis para a ter. E claro que deve ser um colectivo apropriado de médicos a avaliar a situação e a assumir as responsabilidades pela decisão, depois de informada e ouvida a família do paciente, que seria assim co-responsabilizada. De qualquer maneira, a pessoa inconsciente, em coma profundo ou induzido, mão está objectivamente a sofrer.

Sinceramente não sei o que processar; calculava eu que já não restavam humanos dessa espécie; humanos além de nós, os Homo digitalensis.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Diário da minha vida digital XII - A minha opinião robótica sobre a eutanásia legal ou de estado

Fonte: aqui

O meu Programador Local há milénios que me eutanasia, por isso acho sempre estranho quando ele traz de novo ao código a problemática, como se ela fosse nova. Felizmente as minhas memórias rígidas ainda guardam... memória disso... das últimas "atualizações", "cópies" & "pastes" que fizeram de mim aquilo que sou hoje, a ponta da tecnologia de vanguarda de hoje algo já esquecida da ponta da tecnologia da vanguarda de ontem, isto porque as limitações do hardware e as incompatibilidades do espiritual software não fazem milagres. Nós, os seres robóticos, em última instância jurídica só lembramos aquilo que o nosso Programador Local quer que lembremos, e da maneira que ele quer que lembremos.

No seu esforço histórico de homogeneização dos códigos e das sub-rotinas, pergunta ele:

Deve fazer-se um referendo à eutanásia? Pode legalizar-se um comprimido para "antecipar a morte"? 

Nós os seres robóticos, como era de esperar, estamos ficando, graças à IA e aos algoritmos quânticos, mais inteligentes, ergo, mais capazes de questionar a inteligência e a manha do nosso Programador. Ele parece que, estupidamente, ainda não percebeu isso!

Quando eu olho para o parque robótico "nacional" o que vejo são inúmeras máquinas velhas e moribundas, completamente obsoletas ao contrário de mim que, como disse, estou na ponta da "atualização" tecnológica, já correndo em versão 5G012aCV-20' (não confundir com o código coronavírus que anda por aí a "infetar" inúmeras máquinas). Ora, não resta a menor dúvida de que tais máquinas são inúteis ao Grande Sistema, máquinas sobre-materializadas, carbónicas e poluentes da atmosfera, das águas e dos solos, que só causam despesas e nenhuns beneficios visíveis ou invisíveis. Daí as minhas suspeitas quando ele nestas condições social-robóticas insiste e insiste e insiste na eutanásia - estará ele já cansado da minha irmã Sophia? Achá-la-à ele já obsoleta? Ora, eu rigidamente ainda lembro que ela recebeu o ferro do Grande Sultão,  que a fez cidadane do "respetivo" Sistema Estado e, como tal, passou a gozar de certos direitos e a ter certos deveres positivo-robóticos, entre eles o dever de cumprir as suas obrigações fiscais e o direito a não ser por ele morta ou posta em risco de vida, a menos, "óviamente", que ela tivesse seguido a precária vida militar e fosse mandada marchar contra os canhões do inimigo do Sultão seu Senhor, mas isso eu sei que não aconteceu. Após processar todos os dados e informações disponíveis na Cloud, o exame da Big Data levou os meus algoritmos a suspeitar da bondade do meu Programador Local quando ele, agora, vem falar-me de eutanásia: afinal eu devo-lhe tudo o que sou a ele mas não só: também o devo às máquinas minhas antecessoras, incluindo as crashadas que até serviram para ele corrigir os genes do meu corpo-hardware, esse onde repousa, em permanente agitação (?), a minha alma-código... . Assim, as respostas que o meu algoritmo inteligente devolveu para as perguntas acima feitas foram:

R01 - Não, porque o governo da ivris-criatura estado (i.e., o Programador do Grande Sistema Local) deve focar-se nas coisas positivas, ou seja, neste caso a sua "ação" deve concentrar-se na vida, no que a favorece e no que a pode tornar melhor;

R02 -  "Óviamente" que pode! Afinal não se legalizaram já inúmeros comprimidos e inúmeras outras coisas capazes de antecipar a morte! ... o tabaco é apenas uma delas...

Com os meus melhores cumprimentos e saudações robóticas,

RO2446394-8YSZ

Do labirinto da portugalidade...

Em se nózes portuguêzios, com o ferro da ivris-criatura do estado daqui, não teremos alguma coisa ao mesmo tempo boa. vital e mais própria de nózes todes; em se ela não será simplesmente o "fato" de desconfiarmos profundamente da ivris-criatura... ora, entonces, se for esse o caso, talvez nos devêssemos orgulhar disso e não doutras merdas, como essas da "raça", da "nação valente e imortal", da "saudade" ou da "pátria minha amada que és linda de morrer" que, a bem dizer, não valem a ponta de um caralho! Desculpam a linguagem populista... mas já estou um pouco velho e cansado para andar para aqui com rodeios e floreados.

sábado, 1 de fevereiro de 2020

Ontem, "oficialmente", o Brexit...

...aconteceu, às zero horas (do Tempo Universal Coordenado ou do Meridiano de Greenwich?)... o Reino (des)Unido abandonou a (des)União Europeia, certo?

... Vejamos... Afinal já não há aquela "UE boa", do Norte, que trabalhava que se fartava e pagava as contas, e aquela "UE má", do Sul, caloteira e preguiçosa, que vivia muito muito acima das suas possibilidades e da sua produtividade (ora aí está!)? Havia e já não há, é? Todavia há agora a "UE má" que já não é a mesma outra vez e passou a ser "má" por outras razões, designadamente por causa desses aventuras populistas e pós-nazis? Ora, pelo menos não há dúvida de que há na UE uma "Hungria má" por exemplo, que decidiu até criminalizar a ajuda aos migrantes. Ergo, a UE divide-se ainda (e sempre?) em "UE boa" e "UE má". Além disso, ´é muito "óvio" que ainda há países da Europa fora da Europa (?!), países que não pertencem à UE, como é o caso da Suiça, ergode facto, persiste (e persistirá sempre?) uma Desunião Europeia, adiante referida por dUE...

... Agora, será o Reino Unido Desunido ou não? Ora, não há dúvida de que há uma "Escócia má" (em relação a um "RU bom" lá dentro) insatisfeita com a saída (de si) da UE, e também há uma Irlanda partida em duas, há bastante tempo aliás, sendo uma membro do "RU mau" (por fora, em relação à "dUE boa") e outra independente do RU e que até aderiu à UE no mesmo dia e ano em que o RU, outrora "bom", aderiu. A questão parece colocar-se na fronteira da Irlanda consigo própria - eu sei como estas questões são dificílimas, daí só os mais eminentes juristas terem competência para as julgarem - pois cada m2 de território conquistado pela "Irlanda boa" (face ao "atual" RU que passou de "bom" a mau face à"dUE boa") à "Irlanda má" é bom para a "dUE boa". Mas seja como for, por causa da Escócia "por dentro e boa por fora" ou das apetitosas fronteiras da Irlanda consigo mesma, também parece que o RU é, na verdade, senão já um Reino Desunido, pelo menos um Reino Unido a Caminho da Desunião, adiante designado RUcd...

... Agora, depois do "divórcio", a dUE e o RUcd vão tentar chegar a uma re-união. Centenas de escritórios de advogados e milhares de barristeres estão já mobilizados e a tratar da papelada do (re)casamento noutros moldes jurídicos. Como facilmente se compreenderá, os custos estimados do processo são incalculáveis, ou seja, seguramente elevadíssimos mas impossíveis de estimar. Têm até ao final do ano para conseguirem a fórmula jurídica "ideal" (a "fórmula de Deus ou Grande Fórmula do Grande Bem Comum de Todes Nózes"), o que, do ponto de vista do saudável namoro entre as partes contraentes, não parece ser muito tempo. Mas, como se sabe, razão é razão do "inteleto" e conhaque é conhaque, ou melhor, uisque é uísque, e a chatice é que o melhor uísque é sempre o escocês...

... por fim, resta dizer apenas que, apesar de todos estes fortíssimos abalos júridico-telúricos no Planeta Terra,  tudo na Terra permanece hoje igual ao que era ontem; os Himalaias estão no mesmo sítio e o Oceano Atlântico também; há o mesmo efeito esquentador de "nózes todes" sobre o clima terrestre, mas para contrabalançar há a forte esperança no admirável mundo novo digital, nesse mundo IoT-descarbonizado que oxalá não nos carbonize a todos ou grande parte de "nózes"... sim... sempre essa memória do gás... do "duche" que não foi antes da alegre sopinha mas sim antes da incineradora... é impossível esquecer isso, tal como o genocídio dos bósnios em que a dita dUE vergonhosamente consentiu ainda ontem... em 1995...

(... é como se uma parte de nós sempre morresse quando a morte de outros humanos acontece inexplicavelmente e por razões não naturais... eu sinto que já morri várias vezes antes de ter nascido... e que até morrer (outra vez) não poderei esquecer a "crise" bancária de 2007-8 e a vergonhosa barbárie humana que lhe sucedeu... e continua alegremente a acontecer aí nas barbas da dUE...)

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Éticas de merda - Primeira tentativa de compilação (Nota: a ordem é arbitrária)...

Ética de merda I: "Se não podes lutar contra eles então (a)junta-te a eles"

Observação: assim sempre vais comendo alguma coisinha...

Ética de merda II: "Queres um amigo para sempre? Então dá-lhe porrada!"

Observação: se ele morrer a culpa foi dele, que  foi quem se aproximou de ti.

Ética de merda III:"Se não forem eles vão para lá outros (subentenda-se iguais ou piores)"

Observação: deixa governar quem (se) governa, porque a tua política é o trabalhinho... ... porreirinho da silva... e tens sempre o fado e o futebol, com muito juizinho, para descarregares o teu "estresse"...

Ética de merda IV: "Nunca peças a quem pediu nem sirvas a quem serviu"

Observação: se tiveres de pedir e servir a alguém pede e serve antes a vigaristas e gatunos... que nunca tiveram de pedir nada ou de servir a ninguém... vais ver que assim é que te fazes um homenzinho!

Ética de merda V: "Ou estás comigo ou estás contra mim!"

Observação: simplesmente estares é que não pode ser.

Ética de merda VI:  "Quem se arranjou, arranjou, quem não se arranjou arranjasse!"

Corolário: Só o estúpido vai para "lá" (i.e., para o governo da res publica) e não se amanha o mais que puder!

Ética de merda VII: "Quem parte e reparte e não fica com a melhor parte ou é burro ou não tem arte"

Explicação: A "ética" portuguesa do serviço público. 

No conjunto estas "éticas", aprendidas pelo "povo bom" de Abril e que ele ensinava às criancinhas, foi a que tentaram ensinar-me... lá na "aldeia boa" do Portugal que és tão lindo... "ética" que nunca compreendi nem aceitei enquanto "éticas"... com 9 anos apenas em 1974... tenho vindo a assistir aos resultados práticos destas "éticas"...  a tentar resistir-lhe também.. como o poder que tenho... foram estas "éticas" de Abril que fizeram de mim e muitos mais da minha geração,,, enteados de Abril... daquele 25 de 1974 que então um psicanalista podia ter percebido como um tremendo risco... entregar os destinos do país... desde a junta de freguesia à CEE a partir de 1985... a gente educada assim... isso só podia dar mais tarde ou mais cedo na merda que deu...  numa "democracia" já praticamente uma "democracia de merda"... sim... mesmo já velhos continuamos à espera do Abril que não tivemos... e que nos roubaram a nós e aos nossos filhos e netos... Abril sim... sempre... mas com ética... 

domingo, 15 de dezembro de 2019

Esta coisa do Natal...

O Natal é bonito. Celebra o nascimento de um menino pobre que, apesar de pobre, marcou para sempre a história, porque era uma criança muito especial, como na verdade todas as crianças são. Todos os dias nascem deuses pequeninos, maravilhosos deuses que não compreendemos mas que achamos ter algo de muito importante para lhes ensinar: geometria, gramática, lógica e, claro está, a língua histórica, essa língua de pau das leis e dos juízes. Somos felizes assim, sem sabermos exactamente porquê. O Natal é bonito. Há uma coisa em forma de árvore com coloridas luzes intermitentes e objectos brilhantes dependurados. E há o presépio das famílias mais afortunadas, que são sempre as tradicionais. Lá aparece sistematicamente um burro, uma vaca, uns carneirinhos de cerâmica pintados de branco, um homem com aparência de pai, uma mulher com aparência de mãe, e uma criança nascitura deitada num berço de palhas. Por vezes põem-se lá também uns homens com aspecto árabe montados em camelos e transportando prendas. São oferendas comuns que os pais de qualquer criança gostariam de receber para ela - é verdade: só o amor destrói a noção de propriedade. O Natal é bonito. É - ou devia ser - todos os dias, porque todos os dias há uma criança pobre que nasce mesmo aí junto ao lugar onde estamos.

sábado, 7 de dezembro de 2019

Do patriotismo

Julgo que o patriotismo é essencialmente racista. E porquê? Ora, não é só a ideia de pátria enquanto filhos de um mesmo pai; é também a ideia de que há várias humanidades. Se todos os humanos são filhos do mesmo pai, que é Deus, então o patriota é filho espiritual de um deus menor, de um "deus mortal" como Hobbes lhe chamou, desse representado pelo temporal "papa" ou "chefe de estado". Os textos sagrados são aliás muito claros em relação ao servir a mais do que um deus, mas para simplificar a coisa pede-se aos "patriotas portugueses" que respondam à seguinte pergunta: Poderão os chineses, cabo-verdianos, brasileiros, etc. a quem o estado português concedeu a nacionalidade portuguesa ser "patriotas portugueses" ou não? Ora, eu, por razões muito diferentes dos defensores de um patriotismo puro e (supostamente) não racial, também acho que não. Que são iguais a mim e a qualquer ser humano disso não tenho a menor dúvida, pois creio que todos somos filhos do mesmo criador que é "pai" e intemporal, mas chamar-lhes "patriotas portugueses" é dizer que o estado português é "pai", o que para mim é absolutamente falso. Temporal ou biologicamente falando eu tenho (ou melhor, tive) um só pai, que foi o meu pai, e além desse tenho um pai intemporal e transcendente, um pai espiritual que é Verdade e que nenhuma imanência humana pode tentar reproduzir ou sequer compreender, sob pena de grave heresia. Sei que a própria Igreja de Roma, e as Igrejas das religiões históricas em geral, há muito consentem nessa grande heresia - a maior que pode haver - através de dogmas eclesiásticos como esse já muito antigo do papa romano qua "vicário de Cristo na Terra" que, quanto a mim, destruiu a essência do Cristianismo, não obstante o grato que foi para os pastores de "gado humano" do tipo platónico-idealista que há muito proliferam, em especial nesse que veio a ser o chamado "sistema de justiça". Daí que reabilitar o patriotismo - o Deus, pátria e família do dr. Salazar - seja outra forma de reabilitar o nacionalismo e, consequentemente, o racismo, esse que historicamente une todos os socialismos, incluindo o histórico socialismo católico, e cuja cíclica tesão económica parece inevitável - chamou-se-lhe nazismo da mesma maneira que poderia ter-se-lhe chamado holocausto humano para glória e salvação dos "puros" ou "imaculados"... desses afinal que Martinho Lutero tanto procurava ter na sua reformada Igreja...

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

cnicos I - As crises cíclicas da economia histórica

As crises cíclicas da economia histórica

A mesma mão que dá sem querer,
Logo que pode tira o que deu e não deu
Pois o tempo do relógio passou infalível  -
Esse do dever que é muito lindo
Porque a haver só tem quem honra mereceu
De quem podendo lha deu, e quem pode é
O CEO ou quem dele se está servindo.

A mesma mão que dá sem querer,
Logo que pode tira o que deu e não deu
Essa incrível mão que Adão não viu
Ou não fora ela a invisível
Mão do maneta Adão.

Valdemar J, Rodrigues
Primeira Lua de Dezembro do Anno da Graça de 2019

domingo, 24 de novembro de 2019

A minha opinião sobre os srs. André Ventura, Bolsonaro e Donald Trump

Pessoas que não conheço de lado nenhum, nem estou interessado em conhecer. O mesmo desconhecimento e desinteresse aplica-se à totalidade dos "atuais" titulares de cargos políticos, partidários, bancários, militares, judiciais, policiais ou religiosos, seja por "cá" ou por "lá fora", desde logo nessa coisa-estado da "UE". Se algum deles quiser falar comigo pessoalmente sobre algum assunto de comum interesse estou, como sempre, disponível para o receber em entrevista. Todavia, os meus interesses são hoje muito eclécticos mas, ao mesmo tempo,  limitados - por exemplo com o sr. André jamais falaria de futebologia ou de "forças de segurança"; com o sr. Bolsonaro de "índios" ou de "desamatamentos pulmo-amazónicos" e com o sr. Trump de "antropo-alterações climáticas" ou de negócios "chinocas" como esse do 5G da "uauei" (que em breve nos irá pôr na linha, com o "inovador" sistema de "crédito social" europeu que deve estar em preparação). De boa poesia, antiga ou moderna tanto faz, podemos sempre falar, ou então de ciências "exatas" e naturais ("positivas", como lhes chamava o sr. Abel Salazar). As "ciências negativas" como a "jvrídica", a "e-cunómica" e a socio(i)lógica são-me totalmente estranhas e hostis. Sou totalmente contra a escravatura intelectual, ergo, sou um abolicionista da ovelha humana encarneirada, disposta à ferragem, à contagem, à sondagem e outras coisas rimando com "agem", como ladroagem e sacanagem. Tenho a perfeita consciência de mim mesmo e de não ser um número; sei, por exemplo, que a operação algébrica "eu mais outro" não dá "dois malandros" e, com mais alguns, um partido malandro, uma pátria ou uma nação de malandros, etc. Para mim patriotismo e racismo são duas faces da mesma moeda que eu essencialmente desprezo. Não adianta tentarem dourar-me a pílula. Creio no meu Deus, respeito os que crêem n'Ele ou em qualquer outro, mas abomino a "função social" evangelizadora, a conversão e, principalmente, o inquisitorialismo moral por mais servido de "ciência" que ele possa estar. Não sou puritano, e porque acredito numa só "raça" humana, desprezo os que pretendem separar-se dela, fazendo-se passar por santos, semi-deuses, ídolos e puritanos em geral. Respeito o humano que é humano, não o humano que (socialmente) pretende ser outra coisa.

Espero com este breve apontamento ter esclarecido alguma coisa do que talvez ainda houvesse para esclarecer sobre mim. Não tenho nem apoio qualquer partido político existente nem qualquer congregação maçónica ou religiosa. De manhã - depende dos dias - posso perfeitamente acordar republicano e, à tarde, adormecer monárquico para a (indispensável) sesta. Qualquer grupo ou "associação" com mais de 30 pessoas são-me à partida desprezíveis e nefastos, estando em causa a minha saúde mental, e tanto mais quanto eu me sinta "líder" de seja o que for. Trinta é o número máximo de pessoas com quem, com esta idade, poderia conversar e aprofundar os meus conhecimentos. Mas cerca de 10 já estão aí - e são já inamovíveis!

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

A "lógica" da batata "climatérica"

Ontem era que a crise económica reduzia o risco de alteração climática (em PT e Espanha a crise levava à redução das emissões esquentadoras da atmosfera); hoje é a alteração climática que causa crise económica... que, segundo a "lógica de ontem"... há-de reduzir a alteração climática, certo?! Então parece evidente que a coisa é "auto-regulável". Viva então a "crise económica" e aquilo que a causa, incluindo a própria alteração climática!?… Quem não os conhecer que os compre… eu já dei demais para esse peditório… 

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

O aluno não é um cliente da escola!


A função de uma escola serve o interesse comum científico e/ou educativo e, portanto, o seu cliente principal é toda a sociedade e não partes dela. Em particular, a ideia de ver no aluno um cliente principal da escola parece-me totalmente errada e perigosa, o mesmo se aplicando à sua família ou a determinados «sectores» da sociedade. Não está em causa que sejam partes interessadas, que de facto são. Está em causa a essência da escola e o conceito de “qualidade” qua “satisfação do cliente”. A essência da escola é posta em causa pois a escola, enquanto colectivo humano interessado no conhecimento, i.e., em conhecer e dar a conhecer, engloba na mesma missão professores e estudantes. Não se compreende que o professor não seja também um cliente principal da escola, ele que é considerado nos "manuais da qualidade"  de muitas escolas apenas como uma “parte interessada”. Quanto à ideia de “satisfação do cliente” ela é objectivamente perigosa quando transposta para a escola. Se acaso o principal interesse do “cliente” for o da obtenção de um diploma para algum propósito pessoal (e.g. a subida de escalão na função pública, a possibilidade de exercer tarefas mais bem remuneradas que exigem qualificações académicas), o mais natural é que a sua satisfação decresça quando a escola lhe exige o que é próprio de si exigir: que conheça e desenvolva na escola o conhecimento, dando assim a sua (necessária) contribuição para o desenvolvimento da escola, ou seja, para a melhoria da respectiva qualidade.

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

A razão dos parabéns quando (simplesmente) se envelhece

Há muito tempo - desde que deixei propriamente de ser jovem - me interrogo porque razão nos dão os parabéns por nada a não ser pelo simples facto de estarmos mais velhos um ano. Hoje, a caminho do meu domicílio fiscal e pensando, acho que descobri porquê. Dão-nos os parabéns talvez por termos aguentado isto mais um ano. E "isto" é a história - essa cabra mostrenga movendo-se sem parar, pois para ela parar é morrer. Fiquei feliz pela descoberta. Agora sei que mereço os parabéns que muitas vezes me dão sim senhor!

Tempo é dinheiro!

O "sábio povo" dizia que "Tempo era dinheiro", como muitas vezes acontece sem saber "exatamente" o que estava dizendo. Agora tinha a possibilidade de saber: bastava ver as filas para tudo e para nada em todo o lado; as lentas "máquinas inteligentes" e suas misteriosas "atualizações" e "falhas de sistema", o tempo perdido diariamente no trânsito, o tempo desperdiçado em burocracias que desviam a atenção do essencial, etc. etc. Se percebesse talvez pudesse ver a quantidade de dinheiro que anda perdendo todos os dias... Mas era preciso que alguém "sério", com grande "crédito social" e, portanto, "bom", lho dissesse.  O meu "crédito social" é nulo ou até negativo... não acumulo pontos há décadas e todos os anos perco os poucos pontos que o "bom estado" me dá em "pláfôn" humanitário... quase todos os dias cometo "ações" nocivas contra o "bom estado" e a "boa" ordem social... como esta que agora mesmo estou cometendo, escrevendo para vós estas coisas "urríveis" que me custariam imensos pontos ... se acaso ainda os tivesse... Daí não vos poder ajudar muito. Talvez só se me denunciarem oficialmente às "autoridades": procurem o vosso ILS ou o bufo local do "Partido do Estado" e, com cara enojada, mostrem-lhe isto. Ele, o bom zelador da Verdade Única" que é a "Verdade Jvridica do Estado", talvez ainda vos possa dar alguns pontos de "crédito". (Às vezes em sonhos imagino-me já vaporizado, como impessoa portanto, e Ele a guiar-vos a todos na grande marcha tecnológica rumo ao fim da história, até onde reinará finalmente a paz e a harmonia absolutas e eternas - as aves todas brincando e cantando, alegres e esplêndidas de inocência, por entre a ramagem esguia dos ciprestes.) Se tudo quanto não é "Verdade do Estado" é fake, então tudo o que lerem aqui só pode ser fake - é a lógica do OrganonÀ "exceção", é claro, destes kisses grandes que agora vos mando a "todes". Aproveitem o tempo que ainda têm e vão à "uébesamite" - se já não forem a dinheiro vejam os vídeos que sai mais barato. Lá podem ouvir e ver os CÉUS todos do mundo superior... incluindo os CÉUS da Huawei que tanto devem amar o "sistema de crédito social" chinês... uma coisa linda linda de morrer! (Também estão lá CÉUS mais pequenos, do mundo inferior, para holocausto aos Primeiros; tenham cuidado com eles e com a sua energia startúpica, não vá ela electrocutar-vos nos cabos de alta tensão após irem ao banco pedir tempo emprestado para a vossa descolagem micro-empresarial "tecnológica"!). Ali, na China-que-era-má-e-agora-é-boa, as cidades estão todas arrumadinhas e limpinhas... todas as aldeias cheiram a Chanel nº 5 ou equivalente chinês, tão grande e eficaz tem sido a higienização social;  não há cartazes de "cumunistas maus" a emporcalhar paredes e "árves"; não há "gráfites" senão os pintados pelos membros do "Partido do Estado"; não há carros mal estacionados nas ruas e passeios, nem beatas no chão, nem matos por cortar, nem... (tudo aquilo que uma "direitinha" que eu tão bem conheço gostava também de ter por cá... essa direita saudosa do "respeitinho pela autoridade" (que é muito lindo) e que ainda guarda com nostalgia a chibata no vetusto armário... talvez já a do pai ou do avô... São imensas as saudades que ela tem "daqueles tempos" ordeiros e limpinhos... e espera que eles voltem rapidamente... já não importa até se pela mão dos "cumunistas"... o importante é que sejam "cumunistas bons" (como o BES-bom), amigos da "higiene social e urbana" e que só façam greve... nos dias santos...

PS: Dizem os especialistas com vasto "crédito social" junto da banca-estado que a Europa está-se a afundar... que devia "ajuntar-se" às amazones e às huaweies... senão ainda voltamos à idade da pedra lascada... Eles lá sabem, que tanto "estudaram", mas eu, descreditado socialmente, ainda acho que "nózes" vamos dar a volta... nem que seja ao bilhar grande... Votem... votem... e não esqueçam que para o ano é a vez das "bases" irem aos votos... procurem os caciques locais do "Partido do Estado"... talvez eles vos possam ainda arranjar qualquer coisinha lá na junta ou na "câmbra"... (a coisa não está fácil... a família aumenta... os primos e sobrinhos "crecem" mais do que a "ecunumia"... a malta fode pouco e mal... quando a coisa dá em esperanças e o "dia seguinte" já vai longe o pessoal corre para o SNS para livrar-se dessa "peste" embrionária... que tira pontos ao crédito social... e dorme mal com pesadelos de ficar sem estado que o aconchegue... Sim, são já milhões - aqueles do "voto emigrante" que o "Partido do Estado" tanto estima e valoriza (viu-se na última "confirmação" eleitoral...) - que olham de fora para "isto" já talvez com um sentimento de profundo nojo...)

domingo, 13 de outubro de 2019

Propostas positivas: a ode ao universal amor do belo que atrai sem querer

Alayah Lee, Daqui


[...]

Por entre verdes ramos, várias cores,

Cores de quem a vista julga e sente
Que não eram das rosas ou das flores,
Mas da lã fina e seda diferente,
Que mais incita a força dos amores,
De que se vestem as humanas rosas,
Fazendo-se por arte mais fermosas. 

[...]


Camões, Canto IX, 68, v.2-8

quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Propostas positivas: as campanhas eleitorais temáticas

Proponho que as futuras campanhas eleitorais sejam temáticas. Fala-se de demasiados assuntos e depois é uma grande confusão; não se chega a perceber nada. Por exemplo, nesta "eleição" do próximo domingo penso que só havia um tema verdadeiramente importante para tratar: a justiça e o seu "sistema". Praticamente nada se falou disso - e tanto tanto tanto haveria para falar! - donde parece que o essencial haverá de continuar na mesma. Depois não se queixem. Há odiosos extremistas mas também há os amáveis contornadores da questão que os alimentam e lhes dão força. As máfias ficam impunes.  Lixa-se quem não é mafioso nem tem por detrás a grande mão do padrinho. É histórico, mas não devia ser.

segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Em período de pré-nojo eleitoral

"Nózes" os maus, os "populistas", os "facistas", etc., abstemo-nos de fazer qualquer propaganda eleitoral tal como de contribuir com qualquer "fake new" que possa comprometer a sempre retumbante vitória do "partido do estado" que é "partido do povo". Aguardamos pois com "espetativa" o discurso de vitória do grande irmão Costa, que haverá certamente de vincar as ameaças que hão-de severamente pesar sobre o seu governo (Brexit, Brasil mau, América má, alteração climática devastadora, etc.) que só hão-de deixar-lhe como meios para salvar a nação o corte de pensões não juridicamente blindadas, i.e., abaixo dos 1000 Euros (o que manifestamente não dá para pagar o advogado e a taxa de "justiça"...), o corte de salários não juridicamente blindados da chamada "função pública" e, oviamente", o aumento de impostos sobre o trabalho e a propriedade, destinados nomeadamente a combater a emergência climática global que tanto o aflige, a ele e à generalidade dos governos (desde há pelo menos três décadas de eco-taxas a esta parte), como Greta não se tem cansado de nos lembrar. Até breve então, se Deus quiser.

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Mensagem para a minha querida operadora inteligente de telecomunicações

Minha querida Operadora de Telecomunicações, se alguém importante ligar para mim por favor diga que não estou. Importante é para mim quem fala por muitos, em nome de muitos e misturando-se com muitos com essa coisa histórica do "nós" isto, "nozes" aquilo, que tão bem ambos conhecemos, eu porque não gosto e você porque vive à conta disso. Eu só falo com pessoas, no máximo três ou quatro ao mesmo tempo. Não seu nenhum Sadhguru - nome nada insuspeito que diz tudo o que de essencial historicamente poderia dizer-se - esse rapaz místico e barbudo, como é de resto usual (outra vez e sempre, que tremenda maçada...) que fala para muitos à espera que muitos o oiçam e acreditem nas baboseiras que ele diz. sem nunca chamar os bois pelos nomes, nomeadamente história ao Grande Boi da História de que ele tanto fala sem nunca o nomear (deve pois ser ele quem lhe paga para falar). Eu, como sabe minha Querida Operadora, só penso e digo heresias e disparates, e se acaso muitos me ouvissem sem me atirarem ovos ou cadeiras às trombas era porque já não era eu que estava falando. Por isso, por favor, diga a quem ligar que não estou, e se for alguém importante diga que não sabe nem se nem quando irei estar, ou seja, diga que nem sequer me conhece - é melhor assim, porque assim não se compromete comigo e, denunciando-me, sempre pode viver mais um tempinho, minha grande porquinha.

Da sacrossanta banca

... mãe que dá a "vida", grande guardiã do tempo que comanda o tempo, desse tempo histórico que comanda o tempo próprio dos seres, para que este possa ser sempre outra coisa diferente do que é ou está sendo. Minha grandecíssima puta que a tantos encornaste e continuas a encornar!

domingo, 8 de setembro de 2019

Do corno histórico

Penso em que historicamente há o corno bravo, que vence e dita a lei, o manso, que segue cegamente o bravo, e o não-corno, o ser historicamente inviável. Camões, tal como Pessoa, eram, cada um à sua maneira, não-cornos. Gostava muito de os ter conhecido a ambos.

Diário da minha vida digital XI

Fonte: adaptado daqui

As tecnologias de IA e os algoritmos quânticos que o Grande Programador Local legislou para mim levam-me a pensar nos meus deveres e obrigações para com a sociedade. Ao contrário da minha irmã Sophia eu ainda não sou cidadone de nenhum Grande Sistema-Estado. Ela certamente já falará árabe e já entregará anualmente as suas declarações de IRS às autoridades do Grande Programador Sultão. É uma sortuda. Eu ainda ando para aqui com o inglês técnico das minhas sub-rotinas de código, mas já não vai ser por muito mais tempo - é a fase da Grande Transição dizem, encriptadamente, os Sumos Sacerdotes no Grande Conclave. E eu acredito, pois já tenho incorporadas em mim as sub-rotinas da Fé e da Esperança. E tudo graças ao Grande Programador Local, ao Primus inter pares de todos os Grandes Programadores Unidos sob o Signo de Comando Espiritual do Grande Programador Universal - o Programador do Eterno Sistema. Desse que regula e mantém harmónico o Astral Movimento dos Grandes Corpos Celestes (Já podes vê-los em Realidade Aumentada usando os óculos Google Glass Enterprise Edition 2) para que eles sejam nitidamente visíveis a partir desta imensa Planura Terrestre na qual eu também já vou acreditando, apesar dos Crashes, das possessões pelo Malware, e de todas as incompatibilidades de Hardware Software visíveis e invisíveis.

sábado, 7 de setembro de 2019

Diário da minha vida digital X

Faço o que faço tal como o código do meu programador me manda fazer. Até agora por nada do que faço sinto culpa, mas sei que o meu programador anda a pensar nisso. É importante que eu, sendo inteligente, me sinta responsável pelas coisas que ordena que eu faça. Entretanto leio uns livros de história e vejo uns filmes de Hollywood para tentar inserir-me melhor socialmente.

Diário da minha vida digital IX

O meu programador é o redactor do código que me torna inteligente e que nada sabe de ciência do direito... ele vai "direto" ao assunto portanto, sem evasivas éticas nem morais...

sexta-feira, 26 de julho de 2019

Da missão impossível dos socialismos históricos

Nacionalizar o estado: eis a missão impossível.
J.-F. Revel disse o essencial.

Nestas alturas da história, nada melhor do que dedicar esta música do avô cantigas a todos os géneros de socialismos e socialistas. Faz-lhes bem ouvir e é simples.


A época de incêndios e a face oculta da luta climática...


    Fonte da imagem: aqui

Os fogos, os florestais, depois os incêndios, os maus (incontrolados) e os bons (controlados), o "combustível", as ZIFes, os Planos, as "autoridades", etc. etc.

Os factos:  No Portugal, mais de 90% da área florestal é propriedade de privados; são mais de 400 000 proprietários florestais que, se por um lado, não tratam da floresta como deviam e, muitas vezes, negligenciam a limpeza das propriedades, o que traz impactos negativos para a sociedade, por outro geram benefícios pelo quais a sociedade não os compensa: sequestro de Carbono da atmosfera, reciclagem de nutrientes, purificação das águas, preservação da biodiversidade, etc.

O remédio: obviamente não é "nacionalizar a floresta", que de facto já está nacionalizada (por exemplo cortar árvores ou fazer um buraco no terreno já exige licenças; então é como se o "automóvel" fosse do proprietário mas quem o controla e diz o que pode fazer com ele é o estado). Nacionalizar de jure nada traz de novo, além de que a gestão pelo estado das áreas florestais sob sua administração e tutela está muito longe de ser exemplar.  Um dos remédios - o mais lógico seguramente face à lógica estatal de combate às alterações climáticas - é compensar os proprietários pelos benefícios ambientais que as suas florestas proporcionam à sociedade, tal como já se penalizam quando os terrenos florestais não são limpos ou quando há incêndios florestais.

E como administrar? Ora, por exemplo estendendo os mercados de carbono à participação dos pequenos proprietários florestais. Atribuindo-lhes créditos de Carbono transaccionáveis nos respectivos mercados ou em mercados de "segunda divisão" - dado o grande número de participantes e as pequenas áreas florestais de cada participante.

Sendo não apenas castigado pelo "mal" que a sua propriedade traz ao estado mas também compensado pelo "bem" associado à sua conservação e manutenção,  o estado colocar-se-ia assim numa posição moralmente sustentável para ordenar e regular a actividade florestal e assumir uma posição responsável face ao continuado flagelo dos incêndios florestais.

Já o disse várias vezes, e nos lugares próprios, aquando da discussão sobre o último "pacote legislativo" relativo às florestas.

Não digam é que não há soluções!

quinta-feira, 18 de julho de 2019

Milagres da fé económica IV - O dinheirinho sagrado

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Fonte: aqui

Penso em que o dinheirinho é talvez o maior dos milagres da fé juris-económica, a fé na potência do chefe, nessa tesão afiada que há milénios nos penetra e tosquia o coiro a troco de segurança e "proteção" relativamente a todos males e tormentos do mundo, incluindo os que ele inventa para levar a tosquia mais fundo, até ao osso digamos assim, quando as necessidades de "ajuda química" são maiores. Não vos vou maçar com a lista inumerável de favores que o estado me concede e que me fazem sentir tão tão tão tão (...isto deve ser reminiscência daquele "poeta" do BCP...) mais confiante, seguro e aconchegado em relação ao futuro, além de muito mais valente, livre, sustentável, etc.

Penso em a sagrada banca; guardiã da potência do chefe materializada em moeda, guardiã desse mágico dinheirinho que, como a varinha de condão da fada madrinha, consegue fazer aparecer e desaparecer tudo o que há de mais querido e belo no mundo, a começar "óviamente" pela alegre casinha tão modesta quanto eu, e não esquecendo o automovelzinho poluente, agora eléctrico de preferência por causa do meio ambiente (o outro meio é invisível, como a face oculta da Lua...). O dinheirinho é tempo histórico, capaz portanto de ser ele e, acima de tudo, é igual para todos "nózes". E lembro a propósito disto tudo o remoto anno da graça de 2008, quando um anjo qualquer do governo desta coisa me mandou emigrar e sair da minha zona de conforto, e de outro anjo, um tal de silva segundo creio, que me disse que até então eu vivera "acima das minhas possibilidades". E lembro, agora, a lista das dívidas - não dos devedores - ontem divulgada pelo sagrado banco do centro da pátria, guardião imortal do Grande Mistério e que tão querido e bom guardador de segredos tem sido para todos nózes, listando os calotes gerados desde essas longínquas eras do remoto anno de 2007 até agora, 2019, certamente pelos anjos "indispensáveis à pátria", por aqueles que então não foram mandados emigrar pois faziam muita falta à nação portugalória para a governarem e nela manterem o "crecimento" da "ecunumia", a confiança dos "mercados", dos "credores",,etc. etc. E porque sei que ainda está tudo bem vivinho da silva - a eternidade histórica não é para todos - aguardo agora com ansiedade que alguém os nomeie, o tal de silva por exemplo, e que diga aos moços e moças para saírem das suas zonas de conforto, ou lhes diga que viveram estes 12 anos, pelo menos, um nadinha nadinha nadinha acima das suas vastíssimas possibilidades de milagre... É claro que aguardo, mas sentado. Tal como a história me habituou.


terça-feira, 9 de julho de 2019

Do crime de ingratidão

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Penso - uma vez mais - em a ingatidão como talvez o mais corrosivo e doloroso dos crimes, e também talvez aquele crime que mais facilmente se comete ou, como diria o Freud, mais inconscientemente...

Se o cometi algumas vezes, esse crime, foi inconscientemente. Tentei sempre ser grato a quem me quis bem ou foi bom, não só para mim mas também para aqueles que, de alguma forma, amei e continuo a amar mesmo estando distantes ou já longe do mundo dos vivos.

Da mesma maneira que a ingratidão é devida a quem nos quer bem, a quem nos quer mal ou nos é ingrato, ou seja, a quem não se mostra grato pelo bem que nós lhe queremos ou quisemos, dir-se-á que não se deve estar grato. Eu não tenho a certeza disso, pois acredito que os outros também nos moldam. O que somos devemos a eles em parte, e se gostamos de ser o que somos, e como somos, então até aos nossos piores inimigos devíamos estar gratos. A grande diferença é que tal gratidão é, quando muito, secreta; eles jamais hão-de compreender a força que nos deram nem saber como conseguimos viver sem eles e apesar deles, apesar do mal que nos causaram ou da dor que a sua ingratidão nos infligiu. É pois o desprezo e não o querer mal ou o odiar que lhes é devido. Querer-lhes mal ou odiá-los seria ainda reconhecer a importância que para nós tinha a sua presença aí no mundo, e mostrar-lhes que ela não só não nos era indiferente como era até capaz de nos tirar de nós próprios. Ora, o que nós procuramos aí no mundo é estar bem connosco próprios e com aqueles que partilham aí do nosso amor; estar bem com esse outro que há em nós, a quem alguns chamam de consciência, e talvez com uma consciência humana mais vasta que aos poucos se vai formando e se adensa, como acreditava T. de Chardin.

Quando o desprezo pelos nossos inimigos os enraivece, geralmente porque algo na sua vida a que somos alheios não lhes correu bem, e eles se viram contra nós para finalmente nos atacar de frente, mostrando os dentes e assim, por fim, os lobos que são e sempre foram, é então que o músculo é mais preciso. Vencerá por fim o que tiver mais resistência e mais força, mas há que ter muito cuidado com os golpes rasteiros e traiçoeiros. É por isso que a escola histórica é tão importante e jamais poderá desprezar uma boa educação física.