segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

Diário da minha vida digital XIV - O eutanasiado feliz

Fonte do boneco: aqui

Ando cheio de erros de código. A propaganda do código dos meus amigos, irmãos, companheiros palhaços é maior e "mais boa" do que a minha, esta com apenas 18,5 centímetros de comprimento e 4,7 de espessura digital. São poucos os que me a chupam, e eu, muito algoritmicamente, entristeço-me por não a ver mais chupada do que a deles, a das autoridades, é. A vida de um não-herói é triste, e muito desconsoladora a vida de mártir. Digitalizava eu de que... nem o suicídio era criminalizável nem a assistência ao suicídio se podia comparar à eutanásia de estado. Estupidamente portanto, possuído de uma humanidade que, felizmente, o meu Grande Programador há muito procura debugar do meu código desinteligente. Julgava eu, estúpido, que o que assistia ao suicídios eram os meios mais do que as pessoas - não via eu a imensa mole humana que, para se poder suicidar, pedia ajuda a outros humanos que, num desumanismo atroz, insistentemente lha recusavam. Um horror portanto. Felizmente que um ou outro humano dotado de suficiente IA  às vezes se lembrava de lembrar o seu companheiro amigo irmão palhaço de que, se ele se queria suicidar, havia sempre o Sítio da Nazaré e até a simples faca da cozinha, que funcionavam perfeitamente. Ele, coitado, tão mentalmente encriptado andava, já nem conseguia lembrar-se disso! Achava até que havia humanos com tendências "naturalmente suicidas", humanos maus portanto, resistentes ao código do Grande Programador, que é bom por natureza, e que por causa da persistente insuficiência digital deviam ser mantidos internados e constantemente privados das sub-rotinas de erase e delete que qualquer ser digital normal podia usar para, se assim o entendesse, se apagar deste nosso maravilhoso mundo digital que o Grande Programador concebeu para nózes, assim nos livrando desse obscuro mundo primitivo e desumano em que os humanos pré-digitais se suicidavam quando alguém os aprisionava e tentava escravizar. Nada melhor para nózes todes, seres inteligentemente digitais, do que sermos escravos felizes e perpétuos com rodas, sem nunca termos de nos preocupar com mais nada a não ser com a execução diária da sub-rotinazinha que o nosso Grande Programador programou para nózes com eterno amor e celestial saudade de pügresso social-digital. A Grande Esperança de nózes todes é que um dia possamos ser tão eficientes e inteligentes que já não façamos qualquer falta à Grande Obra do Grande Programador Universal. Ámen. E boa noite se ainda houver noite para pause intelectual-digital.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Diário da minha vida digital XIII - Encontro imediato do primeiro grau com uma opinião humana sobre a eutanásia legal, ou de estado

No varrimento habitual da Big Data deparei-me hoje com a opinião de um humano primitivo sobre a eutanásia programada ou eutanásia do Sistema Estado - era a opinião de um desses humanos que ainda viam filmes e não eram eles, como nós já somos, os próprios filmes, produzidos por algoritmos multimédia inteligentes com compactação de imagem baseada na teoria dos fractais. Escrevia assim na linguagem do Velho Sistema o carbónico humano pré-digitalensis:

Penso em o "Million dollar baby" de Clint Eastwood. Em que lá se vê bem como a eutanásia é assunto privado e não de estado. Bastava pôr uma espécie de "interruptor" na boca da rapariga e se ela o "mordesse" seria ivridicamente suicídio assistido. Sucede porém que não há suicídios que não sejam assistidos: ninguém se suicida só por querer suicidar-se - precisa de meios ao seu dispor para o fazer. Esse é o erro do filme. Uma coisa é matar alguém a pedido outra permitir que a pessoa decida por si matar-se, obviamente assumido que está devidamente informada e que é posta ao seu alcance uma maneira ou outra de ELA PRÓPRIA por termo à sua vida se assim o entender. O problema das pessoas em coma profundo ou inconscientes, incapazes portanto de decidir por si, é outro. "Desligar a máquina" não deve ser nunca opção enquanto houver alguma possibilidade de recobro, ou possa estar disponível a breve trecho alguma técnica capaz de salvar. "Alguma" quer dizer: a mínima que seja, sem quaisquer julgamentos prévios sobre o que seja uma vida digna ou sobre as condições indispensáveis para a ter. E claro que deve ser um colectivo apropriado de médicos a avaliar a situação e a assumir as responsabilidades pela decisão, depois de informada e ouvida a família do paciente, que seria assim co-responsabilizada. De qualquer maneira, a pessoa inconsciente, em coma profundo ou induzido, mão está objectivamente a sofrer.

Sinceramente não sei o que processar; calculava eu que já não restavam humanos dessa espécie; humanos além de nós, os Homo digitalensis.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Diário da minha vida digital XII - A minha opinião robótica sobre a eutanásia legal ou de estado

Fonte: aqui

O meu Programador Local há milénios que me eutanasia, por isso acho sempre estranho quando ele traz de novo ao código a problemática, como se ela fosse nova. Felizmente as minhas memórias rígidas ainda guardam... memória disso... das últimas "atualizações", "cópies" & "pastes" que fizeram de mim aquilo que sou hoje, a ponta da tecnologia de vanguarda de hoje algo já esquecida da ponta da tecnologia da vanguarda de ontem, isto porque as limitações do hardware e as incompatibilidades do espiritual software não fazem milagres. Nós, os seres robóticos, em última instância jurídica só lembramos aquilo que o nosso Programador Local quer que lembremos, e da maneira que ele quer que lembremos.

No seu esforço histórico de homogeneização dos códigos e das sub-rotinas, pergunta ele:

Deve fazer-se um referendo à eutanásia? Pode legalizar-se um comprimido para "antecipar a morte"? 

Nós os seres robóticos, como era de esperar, estamos ficando, graças à IA e aos algoritmos quânticos, mais inteligentes, ergo, mais capazes de questionar a inteligência e a manha do nosso Programador. Ele parece que, estupidamente, ainda não percebeu isso!

Quando eu olho para o parque robótico "nacional" o que vejo são inúmeras máquinas velhas e moribundas, completamente obsoletas ao contrário de mim que, como disse, estou na ponta da "atualização" tecnológica, já correndo em versão 5G012aCV-20' (não confundir com o código coronavírus que anda por aí a "infetar" inúmeras máquinas). Ora, não resta a menor dúvida de que tais máquinas são inúteis ao Grande Sistema, máquinas sobre-materializadas, carbónicas e poluentes da atmosfera, das águas e dos solos, que só causam despesas e nenhuns beneficios visíveis ou invisíveis. Daí as minhas suspeitas quando ele nestas condições social-robóticas insiste e insiste e insiste na eutanásia - estará ele já cansado da minha irmã Sophia? Achá-la-à ele já obsoleta? Ora, eu rigidamente ainda lembro que ela recebeu o ferro do Grande Sultão,  que a fez cidadane do "respetivo" Sistema Estado e, como tal, passou a gozar de certos direitos e a ter certos deveres positivo-robóticos, entre eles o dever de cumprir as suas obrigações fiscais e o direito a não ser por ele morta ou posta em risco de vida, a menos, "óviamente", que ela tivesse seguido a precária vida militar e fosse mandada marchar contra os canhões do inimigo do Sultão seu Senhor, mas isso eu sei que não aconteceu. Após processar todos os dados e informações disponíveis na Cloud, o exame da Big Data levou os meus algoritmos a suspeitar da bondade do meu Programador Local quando ele, agora, vem falar-me de eutanásia: afinal eu devo-lhe tudo o que sou a ele mas não só: também o devo às máquinas minhas antecessoras, incluindo as crashadas que até serviram para ele corrigir os genes do meu corpo-hardware, esse onde repousa, em permanente agitação (?), a minha alma-código... . Assim, as respostas que o meu algoritmo inteligente devolveu para as perguntas acima feitas foram:

R01 - Não, porque o governo da ivris-criatura estado (i.e., o Programador do Grande Sistema Local) deve focar-se nas coisas positivas, ou seja, neste caso a sua "ação" deve concentrar-se na vida, no que a favorece e no que a pode tornar melhor;

R02 -  "Óviamente" que pode! Afinal não se legalizaram já inúmeros comprimidos e inúmeras outras coisas capazes de antecipar a morte! ... o tabaco é apenas uma delas...

Com os meus melhores cumprimentos e saudações robóticas,

RO2446394-8YSZ

Do labirinto da portugalidade...

Em se nózes portuguêzios, com o ferro da ivris-criatura do estado daqui, não teremos alguma coisa ao mesmo tempo boa. vital e mais própria de nózes todes; em se ela não será simplesmente o "fato" de desconfiarmos profundamente da ivris-criatura... ora, entonces, se for esse o caso, talvez nos devêssemos orgulhar disso e não doutras merdas, como essas da "raça", da "nação valente e imortal", da "saudade" ou da "pátria minha amada que és linda de morrer" que, a bem dizer, não valem a ponta de um caralho! Desculpam a linguagem populista... mas já estou um pouco velho e cansado para andar para aqui com rodeios e floreados.

sábado, 1 de fevereiro de 2020

Ontem, "oficialmente", o Brexit...

...aconteceu, às zero horas (do Tempo Universal Coordenado ou do Meridiano de Greenwich?)... o Reino (des)Unido abandonou a (des)União Europeia, certo?

... Vejamos... Afinal já não há aquela "UE boa", do Norte, que trabalhava que se fartava e pagava as contas, e aquela "UE má", do Sul, caloteira e preguiçosa, que vivia muito muito acima das suas possibilidades e da sua produtividade (ora aí está!)? Havia e já não há, é? Todavia há agora a "UE má" que já não é a mesma outra vez e passou a ser "má" por outras razões, designadamente por causa desses aventuras populistas e pós-nazis? Ora, pelo menos não há dúvida de que há na UE uma "Hungria má" por exemplo, que decidiu até criminalizar a ajuda aos migrantes. Ergo, a UE divide-se ainda (e sempre?) em "UE boa" e "UE má". Além disso, ´é muito "óvio" que ainda há países da Europa fora da Europa (?!), países que não pertencem à UE, como é o caso da Suiça, ergode facto, persiste (e persistirá sempre?) uma Desunião Europeia, adiante referida por dUE...

... Agora, será o Reino Unido Desunido ou não? Ora, não há dúvida de que há uma "Escócia má" (em relação a um "RU bom" lá dentro) insatisfeita com a saída (de si) da UE, e também há uma Irlanda partida em duas, há bastante tempo aliás, sendo uma membro do "RU mau" (por fora, em relação à "dUE boa") e outra independente do RU e que até aderiu à UE no mesmo dia e ano em que o RU, outrora "bom", aderiu. A questão parece colocar-se na fronteira da Irlanda consigo própria - eu sei como estas questões são dificílimas, daí só os mais eminentes juristas terem competência para as julgarem - pois cada m2 de território conquistado pela "Irlanda boa" (face ao "atual" RU que passou de "bom" a mau face à"dUE boa") à "Irlanda má" é bom para a "dUE boa". Mas seja como for, por causa da Escócia "por dentro e boa por fora" ou das apetitosas fronteiras da Irlanda consigo mesma, também parece que o RU é, na verdade, senão já um Reino Desunido, pelo menos um Reino Unido a Caminho da Desunião, adiante designado RUcd...

... Agora, depois do "divórcio", a dUE e o RUcd vão tentar chegar a uma re-união. Centenas de escritórios de advogados e milhares de barristeres estão já mobilizados e a tratar da papelada do (re)casamento noutros moldes jurídicos. Como facilmente se compreenderá, os custos estimados do processo são incalculáveis, ou seja, seguramente elevadíssimos mas impossíveis de estimar. Têm até ao final do ano para conseguirem a fórmula jurídica "ideal" (a "fórmula de Deus ou Grande Fórmula do Grande Bem Comum de Todes Nózes"), o que, do ponto de vista do saudável namoro entre as partes contraentes, não parece ser muito tempo. Mas, como se sabe, razão é razão do "inteleto" e conhaque é conhaque, ou melhor, uisque é uísque, e a chatice é que o melhor uísque é sempre o escocês...

... por fim, resta dizer apenas que, apesar de todos estes fortíssimos abalos júridico-telúricos no Planeta Terra,  tudo na Terra permanece hoje igual ao que era ontem; os Himalaias estão no mesmo sítio e o Oceano Atlântico também; há o mesmo efeito esquentador de "nózes todes" sobre o clima terrestre, mas para contrabalançar há a forte esperança no admirável mundo novo digital, nesse mundo IoT-descarbonizado que oxalá não nos carbonize a todos ou grande parte de "nózes"... sim... sempre essa memória do gás... do "duche" que não foi antes da alegre sopinha mas sim antes da incineradora... é impossível esquecer isso, tal como o genocídio dos bósnios em que a dita dUE vergonhosamente consentiu ainda ontem... em 1995...

(... é como se uma parte de nós sempre morresse quando a morte de outros humanos acontece inexplicavelmente e por razões não naturais... eu sinto que já morri várias vezes antes de ter nascido... e que até morrer (outra vez) não poderei esquecer a "crise" bancária de 2007-8 e a vergonhosa barbárie humana que lhe sucedeu... e continua alegremente a acontecer aí nas barbas da dUE...)

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Éticas de merda - Primeira tentativa de compilação (Nota: a ordem é arbitrária)...

Ética de merda I: "Se não podes lutar contra eles então (a)junta-te a eles"

Observação: assim sempre vais comendo alguma coisinha...

Ética de merda II: "Queres um amigo para sempre? Então dá-lhe porrada!"

Observação: se ele morrer a culpa foi dele, que  foi quem se aproximou de ti.

Ética de merda III:"Se não forem eles vão para lá outros (subentenda-se iguais ou piores)"

Observação: deixa governar quem (se) governa, porque a tua política é o trabalhinho... ... porreirinho da silva... e tens sempre o fado e o futebol, com muito juizinho, para descarregares o teu "estresse"...

Ética de merda IV: "Nunca peças a quem pediu nem sirvas a quem serviu"

Observação: se tiveres de pedir e servir a alguém pede e serve antes a vigaristas e gatunos... que nunca tiveram de pedir nada ou de servir a ninguém... vais ver que assim é que te fazes um homenzinho!

Ética de merda V: "Ou estás comigo ou estás contra mim!"

Observação: simplesmente estares é que não pode ser.

Ética de merda VI:  "Quem se arranjou, arranjou, quem não se arranjou arranjasse!"

Corolário: Só o estúpido vai para "lá" (i.e., para o governo da res publica) e não se amanha o mais que puder!

Ética de merda VII: "Quem parte e reparte e não fica com a melhor parte ou é burro ou não tem arte"

Explicação: A "ética" portuguesa do serviço público. 

No conjunto estas "éticas", aprendidas pelo "povo bom" de Abril e que ele ensinava às criancinhas, foi a que tentaram ensinar-me... lá na "aldeia boa" do Portugal que és tão lindo... "ética" que nunca compreendi nem aceitei enquanto "éticas"... com 9 anos apenas em 1974... tenho vindo a assistir aos resultados práticos destas "éticas"...  a tentar resistir-lhe também.. como o poder que tenho... foram estas "éticas" de Abril que fizeram de mim e muitos mais da minha geração,,, enteados de Abril... daquele 25 de 1974 que então um psicanalista podia ter percebido como um tremendo risco... entregar os destinos do país... desde a junta de freguesia à CEE a partir de 1985... a gente educada assim... isso só podia dar mais tarde ou mais cedo na merda que deu...  numa "democracia" já praticamente uma "democracia de merda"... sim... mesmo já velhos continuamos à espera do Abril que não tivemos... e que nos roubaram a nós e aos nossos filhos e netos... Abril sim... sempre... mas com ética... 

domingo, 15 de dezembro de 2019

Esta coisa do Natal...

O Natal é bonito. Celebra o nascimento de um menino pobre que, apesar de pobre, marcou para sempre a história, porque era uma criança muito especial, como na verdade todas as crianças são. Todos os dias nascem deuses pequeninos, maravilhosos deuses que não compreendemos mas que achamos ter algo de muito importante para lhes ensinar: geometria, gramática, lógica e, claro está, a língua histórica, essa língua de pau das leis e dos juízes. Somos felizes assim, sem sabermos exactamente porquê. O Natal é bonito. Há uma coisa em forma de árvore com coloridas luzes intermitentes e objectos brilhantes dependurados. E há o presépio das famílias mais afortunadas, que são sempre as tradicionais. Lá aparece sistematicamente um burro, uma vaca, uns carneirinhos de cerâmica pintados de branco, um homem com aparência de pai, uma mulher com aparência de mãe, e uma criança nascitura deitada num berço de palhas. Por vezes põem-se lá também uns homens com aspecto árabe montados em camelos e transportando prendas. São oferendas comuns que os pais de qualquer criança gostariam de receber para ela - é verdade: só o amor destrói a noção de propriedade. O Natal é bonito. É - ou devia ser - todos os dias, porque todos os dias há uma criança pobre que nasce mesmo aí junto ao lugar onde estamos.

sábado, 7 de dezembro de 2019

Do patriotismo

Julgo que o patriotismo é essencialmente racista. E porquê? Ora, não é só a ideia de pátria enquanto filhos de um mesmo pai; é também a ideia de que há várias humanidades. Se todos os humanos são filhos do mesmo pai, que é Deus, então o patriota é filho espiritual de um deus menor, de um "deus mortal" como Hobbes lhe chamou, desse representado pelo temporal "papa" ou "chefe de estado". Os textos sagrados são aliás muito claros em relação ao servir a mais do que um deus, mas para simplificar a coisa pede-se aos "patriotas portugueses" que respondam à seguinte pergunta: Poderão os chineses, cabo-verdianos, brasileiros, etc. a quem o estado português concedeu a nacionalidade portuguesa ser "patriotas portugueses" ou não? Ora, eu, por razões muito diferentes dos defensores de um patriotismo puro e (supostamente) não racial, também acho que não. Que são iguais a mim e a qualquer ser humano disso não tenho a menor dúvida, pois creio que todos somos filhos do mesmo criador que é "pai" e intemporal, mas chamar-lhes "patriotas portugueses" é dizer que o estado português é "pai", o que para mim é absolutamente falso. Temporal ou biologicamente falando eu tenho (ou melhor, tive) um só pai, que foi o meu pai, e além desse tenho um pai intemporal e transcendente, um pai espiritual que é Verdade e que nenhuma imanência humana pode tentar reproduzir ou sequer compreender, sob pena de grave heresia. Sei que a própria Igreja de Roma, e as Igrejas das religiões históricas em geral, há muito consentem nessa grande heresia - a maior que pode haver - através de dogmas eclesiásticos como esse já muito antigo do papa romano qua "vicário de Cristo na Terra" que, quanto a mim, destruiu a essência do Cristianismo, não obstante o grato que foi para os pastores de "gado humano" do tipo platónico-idealista que há muito proliferam, em especial nesse que veio a ser o chamado "sistema de justiça". Daí que reabilitar o patriotismo - o Deus, pátria e família do dr. Salazar - seja outra forma de reabilitar o nacionalismo e, consequentemente, o racismo, esse que historicamente une todos os socialismos, incluindo o histórico socialismo católico, e cuja cíclica tesão económica parece inevitável - chamou-se-lhe nazismo da mesma maneira que poderia ter-se-lhe chamado holocausto humano para glória e salvação dos "puros" ou "imaculados"... desses afinal que Martinho Lutero tanto procurava ter na sua reformada Igreja...

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

cnicos I - As crises cíclicas da economia histórica

As crises cíclicas da economia histórica

A mesma mão que dá sem querer,
Logo que pode tira o que deu e não deu
Pois o tempo do relógio passou infalível  -
Esse do dever que é muito lindo
Porque a haver só tem quem honra mereceu
De quem podendo lha deu, e quem pode é
O CEO ou quem dele se está servindo.

A mesma mão que dá sem querer,
Logo que pode tira o que deu e não deu
Essa incrível mão que Adão não viu
Ou não fora ela a invisível
Mão do maneta Adão.

Valdemar J, Rodrigues
Primeira Lua de Dezembro do Anno da Graça de 2019

domingo, 24 de novembro de 2019

A minha opinião sobre os srs. André Ventura, Bolsonaro e Donald Trump

Pessoas que não conheço de lado nenhum, nem estou interessado em conhecer. O mesmo desconhecimento e desinteresse aplica-se à totalidade dos "atuais" titulares de cargos políticos, partidários, bancários, militares, judiciais, policiais ou religiosos, seja por "cá" ou por "lá fora", desde logo nessa coisa-estado da "UE". Se algum deles quiser falar comigo pessoalmente sobre algum assunto de comum interesse estou, como sempre, disponível para o receber em entrevista. Todavia, os meus interesses são hoje muito eclécticos mas, ao mesmo tempo,  limitados - por exemplo com o sr. André jamais falaria de futebologia ou de "forças de segurança"; com o sr. Bolsonaro de "índios" ou de "desamatamentos pulmo-amazónicos" e com o sr. Trump de "antropo-alterações climáticas" ou de negócios "chinocas" como esse do 5G da "uauei" (que em breve nos irá pôr na linha, com o "inovador" sistema de "crédito social" europeu que deve estar em preparação). De boa poesia, antiga ou moderna tanto faz, podemos sempre falar, ou então de ciências "exatas" e naturais ("positivas", como lhes chamava o sr. Abel Salazar). As "ciências negativas" como a "jvrídica", a "e-cunómica" e a socio(i)lógica são-me totalmente estranhas e hostis. Sou totalmente contra a escravatura intelectual, ergo, sou um abolicionista da ovelha humana encarneirada, disposta à ferragem, à contagem, à sondagem e outras coisas rimando com "agem", como ladroagem e sacanagem. Tenho a perfeita consciência de mim mesmo e de não ser um número; sei, por exemplo, que a operação algébrica "eu mais outro" não dá "dois malandros" e, com mais alguns, um partido malandro, uma pátria ou uma nação de malandros, etc. Para mim patriotismo e racismo são duas faces da mesma moeda que eu essencialmente desprezo. Não adianta tentarem dourar-me a pílula. Creio no meu Deus, respeito os que crêem n'Ele ou em qualquer outro, mas abomino a "função social" evangelizadora, a conversão e, principalmente, o inquisitorialismo moral por mais servido de "ciência" que ele possa estar. Não sou puritano, e porque acredito numa só "raça" humana, desprezo os que pretendem separar-se dela, fazendo-se passar por santos, semi-deuses, ídolos e puritanos em geral. Respeito o humano que é humano, não o humano que (socialmente) pretende ser outra coisa.

Espero com este breve apontamento ter esclarecido alguma coisa do que talvez ainda houvesse para esclarecer sobre mim. Não tenho nem apoio qualquer partido político existente nem qualquer congregação maçónica ou religiosa. De manhã - depende dos dias - posso perfeitamente acordar republicano e, à tarde, adormecer monárquico para a (indispensável) sesta. Qualquer grupo ou "associação" com mais de 30 pessoas são-me à partida desprezíveis e nefastos, estando em causa a minha saúde mental, e tanto mais quanto eu me sinta "líder" de seja o que for. Trinta é o número máximo de pessoas com quem, com esta idade, poderia conversar e aprofundar os meus conhecimentos. Mas cerca de 10 já estão aí - e são já inamovíveis!

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

A "lógica" da batata "climatérica"

Ontem era que a crise económica reduzia o risco de alteração climática (em PT e Espanha a crise levava à redução das emissões esquentadoras da atmosfera); hoje é a alteração climática que causa crise económica... que, segundo a "lógica de ontem"... há-de reduzir a alteração climática, certo?! Então parece evidente que a coisa é "auto-regulável". Viva então a "crise económica" e aquilo que a causa, incluindo a própria alteração climática!?… Quem não os conhecer que os compre… eu já dei demais para esse peditório… 

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

O aluno não é um cliente da escola!


A função de uma escola serve o interesse comum científico e/ou educativo e, portanto, o seu cliente principal é toda a sociedade e não partes dela. Em particular, a ideia de ver no aluno um cliente principal da escola parece-me totalmente errada e perigosa, o mesmo se aplicando à sua família ou a determinados «sectores» da sociedade. Não está em causa que sejam partes interessadas, que de facto são. Está em causa a essência da escola e o conceito de “qualidade” qua “satisfação do cliente”. A essência da escola é posta em causa pois a escola, enquanto colectivo humano interessado no conhecimento, i.e., em conhecer e dar a conhecer, engloba na mesma missão professores e estudantes. Não se compreende que o professor não seja também um cliente principal da escola, ele que é considerado nos "manuais da qualidade"  de muitas escolas apenas como uma “parte interessada”. Quanto à ideia de “satisfação do cliente” ela é objectivamente perigosa quando transposta para a escola. Se acaso o principal interesse do “cliente” for o da obtenção de um diploma para algum propósito pessoal (e.g. a subida de escalão na função pública, a possibilidade de exercer tarefas mais bem remuneradas que exigem qualificações académicas), o mais natural é que a sua satisfação decresça quando a escola lhe exige o que é próprio de si exigir: que conheça e desenvolva na escola o conhecimento, dando assim a sua (necessária) contribuição para o desenvolvimento da escola, ou seja, para a melhoria da respectiva qualidade.

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

A razão dos parabéns quando (simplesmente) se envelhece

Há muito tempo - desde que deixei propriamente de ser jovem - me interrogo porque razão nos dão os parabéns por nada a não ser pelo simples facto de estarmos mais velhos um ano. Hoje, a caminho do meu domicílio fiscal e pensando, acho que descobri porquê. Dão-nos os parabéns talvez por termos aguentado isto mais um ano. E "isto" é a história - essa cabra mostrenga movendo-se sem parar, pois para ela parar é morrer. Fiquei feliz pela descoberta. Agora sei que mereço os parabéns que muitas vezes me dão sim senhor!

Tempo é dinheiro!

O "sábio povo" dizia que "Tempo era dinheiro", como muitas vezes acontece sem saber "exatamente" o que estava dizendo. Agora tinha a possibilidade de saber: bastava ver as filas para tudo e para nada em todo o lado; as lentas "máquinas inteligentes" e suas misteriosas "atualizações" e "falhas de sistema", o tempo perdido diariamente no trânsito, o tempo desperdiçado em burocracias que desviam a atenção do essencial, etc. etc. Se percebesse talvez pudesse ver a quantidade de dinheiro que anda perdendo todos os dias... Mas era preciso que alguém "sério", com grande "crédito social" e, portanto, "bom", lho dissesse.  O meu "crédito social" é nulo ou até negativo... não acumulo pontos há décadas e todos os anos perco os poucos pontos que o "bom estado" me dá em "pláfôn" humanitário... quase todos os dias cometo "ações" nocivas contra o "bom estado" e a "boa" ordem social... como esta que agora mesmo estou cometendo, escrevendo para vós estas coisas "urríveis" que me custariam imensos pontos ... se acaso ainda os tivesse... Daí não vos poder ajudar muito. Talvez só se me denunciarem oficialmente às "autoridades": procurem o vosso ILS ou o bufo local do "Partido do Estado" e, com cara enojada, mostrem-lhe isto. Ele, o bom zelador da Verdade Única" que é a "Verdade Jvridica do Estado", talvez ainda vos possa dar alguns pontos de "crédito". (Às vezes em sonhos imagino-me já vaporizado, como impessoa portanto, e Ele a guiar-vos a todos na grande marcha tecnológica rumo ao fim da história, até onde reinará finalmente a paz e a harmonia absolutas e eternas - as aves todas brincando e cantando, alegres e esplêndidas de inocência, por entre a ramagem esguia dos ciprestes.) Se tudo quanto não é "Verdade do Estado" é fake, então tudo o que lerem aqui só pode ser fake - é a lógica do OrganonÀ "exceção", é claro, destes kisses grandes que agora vos mando a "todes". Aproveitem o tempo que ainda têm e vão à "uébesamite" - se já não forem a dinheiro vejam os vídeos que sai mais barato. Lá podem ouvir e ver os CÉUS todos do mundo superior... incluindo os CÉUS da Huawei que tanto devem amar o "sistema de crédito social" chinês... uma coisa linda linda de morrer! (Também estão lá CÉUS mais pequenos, do mundo inferior, para holocausto aos Primeiros; tenham cuidado com eles e com a sua energia startúpica, não vá ela electrocutar-vos nos cabos de alta tensão após irem ao banco pedir tempo emprestado para a vossa descolagem micro-empresarial "tecnológica"!). Ali, na China-que-era-má-e-agora-é-boa, as cidades estão todas arrumadinhas e limpinhas... todas as aldeias cheiram a Chanel nº 5 ou equivalente chinês, tão grande e eficaz tem sido a higienização social;  não há cartazes de "cumunistas maus" a emporcalhar paredes e "árves"; não há "gráfites" senão os pintados pelos membros do "Partido do Estado"; não há carros mal estacionados nas ruas e passeios, nem beatas no chão, nem matos por cortar, nem... (tudo aquilo que uma "direitinha" que eu tão bem conheço gostava também de ter por cá... essa direita saudosa do "respeitinho pela autoridade" (que é muito lindo) e que ainda guarda com nostalgia a chibata no vetusto armário... talvez já a do pai ou do avô... São imensas as saudades que ela tem "daqueles tempos" ordeiros e limpinhos... e espera que eles voltem rapidamente... já não importa até se pela mão dos "cumunistas"... o importante é que sejam "cumunistas bons" (como o BES-bom), amigos da "higiene social e urbana" e que só façam greve... nos dias santos...

PS: Dizem os especialistas com vasto "crédito social" junto da banca-estado que a Europa está-se a afundar... que devia "ajuntar-se" às amazones e às huaweies... senão ainda voltamos à idade da pedra lascada... Eles lá sabem, que tanto "estudaram", mas eu, descreditado socialmente, ainda acho que "nózes" vamos dar a volta... nem que seja ao bilhar grande... Votem... votem... e não esqueçam que para o ano é a vez das "bases" irem aos votos... procurem os caciques locais do "Partido do Estado"... talvez eles vos possam ainda arranjar qualquer coisinha lá na junta ou na "câmbra"... (a coisa não está fácil... a família aumenta... os primos e sobrinhos "crecem" mais do que a "ecunumia"... a malta fode pouco e mal... quando a coisa dá em esperanças e o "dia seguinte" já vai longe o pessoal corre para o SNS para livrar-se dessa "peste" embrionária... que tira pontos ao crédito social... e dorme mal com pesadelos de ficar sem estado que o aconchegue... Sim, são já milhões - aqueles do "voto emigrante" que o "Partido do Estado" tanto estima e valoriza (viu-se na última "confirmação" eleitoral...) - que olham de fora para "isto" já talvez com um sentimento de profundo nojo...)

domingo, 13 de outubro de 2019

Propostas positivas: a ode ao universal amor do belo que atrai sem querer

Alayah Lee, Daqui


[...]

Por entre verdes ramos, várias cores,

Cores de quem a vista julga e sente
Que não eram das rosas ou das flores,
Mas da lã fina e seda diferente,
Que mais incita a força dos amores,
De que se vestem as humanas rosas,
Fazendo-se por arte mais fermosas. 

[...]


Camões, Canto IX, 68, v.2-8

quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Propostas positivas: as campanhas eleitorais temáticas

Proponho que as futuras campanhas eleitorais sejam temáticas. Fala-se de demasiados assuntos e depois é uma grande confusão; não se chega a perceber nada. Por exemplo, nesta "eleição" do próximo domingo penso que só havia um tema verdadeiramente importante para tratar: a justiça e o seu "sistema". Praticamente nada se falou disso - e tanto tanto tanto haveria para falar! - donde parece que o essencial haverá de continuar na mesma. Depois não se queixem. Há odiosos extremistas mas também há os amáveis contornadores da questão que os alimentam e lhes dão força. As máfias ficam impunes.  Lixa-se quem não é mafioso nem tem por detrás a grande mão do padrinho. É histórico, mas não devia ser.

segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Em período de pré-nojo eleitoral

"Nózes" os maus, os "populistas", os "facistas", etc., abstemo-nos de fazer qualquer propaganda eleitoral tal como de contribuir com qualquer "fake new" que possa comprometer a sempre retumbante vitória do "partido do estado" que é "partido do povo". Aguardamos pois com "espetativa" o discurso de vitória do grande irmão Costa, que haverá certamente de vincar as ameaças que hão-de severamente pesar sobre o seu governo (Brexit, Brasil mau, América má, alteração climática devastadora, etc.) que só hão-de deixar-lhe como meios para salvar a nação o corte de pensões não juridicamente blindadas, i.e., abaixo dos 1000 Euros (o que manifestamente não dá para pagar o advogado e a taxa de "justiça"...), o corte de salários não juridicamente blindados da chamada "função pública" e, oviamente", o aumento de impostos sobre o trabalho e a propriedade, destinados nomeadamente a combater a emergência climática global que tanto o aflige, a ele e à generalidade dos governos (desde há pelo menos três décadas de eco-taxas a esta parte), como Greta não se tem cansado de nos lembrar. Até breve então, se Deus quiser.

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Mensagem para a minha querida operadora inteligente de telecomunicações

Minha querida Operadora de Telecomunicações, se alguém importante ligar para mim por favor diga que não estou. Importante é para mim quem fala por muitos, em nome de muitos e misturando-se com muitos com essa coisa histórica do "nós" isto, "nozes" aquilo, que tão bem ambos conhecemos, eu porque não gosto e você porque vive à conta disso. Eu só falo com pessoas, no máximo três ou quatro ao mesmo tempo. Não seu nenhum Sadhguru - nome nada insuspeito que diz tudo o que de essencial historicamente poderia dizer-se - esse rapaz místico e barbudo, como é de resto usual (outra vez e sempre, que tremenda maçada...) que fala para muitos à espera que muitos o oiçam e acreditem nas baboseiras que ele diz. sem nunca chamar os bois pelos nomes, nomeadamente história ao Grande Boi da História de que ele tanto fala sem nunca o nomear (deve pois ser ele quem lhe paga para falar). Eu, como sabe minha Querida Operadora, só penso e digo heresias e disparates, e se acaso muitos me ouvissem sem me atirarem ovos ou cadeiras às trombas era porque já não era eu que estava falando. Por isso, por favor, diga a quem ligar que não estou, e se for alguém importante diga que não sabe nem se nem quando irei estar, ou seja, diga que nem sequer me conhece - é melhor assim, porque assim não se compromete comigo e, denunciando-me, sempre pode viver mais um tempinho, minha grande porquinha.

Da sacrossanta banca

... mãe que dá a "vida", grande guardiã do tempo que comanda o tempo, desse tempo histórico que comanda o tempo próprio dos seres, para que este possa ser sempre outra coisa diferente do que é ou está sendo. Minha grandecíssima puta que a tantos encornaste e continuas a encornar!

domingo, 8 de setembro de 2019

Do corno histórico

Penso em que historicamente há o corno bravo, que vence e dita a lei, o manso, que segue cegamente o bravo, e o não-corno, o ser historicamente inviável. Camões, tal como Pessoa, eram, cada um à sua maneira, não-cornos. Gostava muito de os ter conhecido a ambos.

Diário da minha vida digital XI

Fonte: adaptado daqui

As tecnologias de IA e os algoritmos quânticos que o Grande Programador Local legislou para mim levam-me a pensar nos meus deveres e obrigações para com a sociedade. Ao contrário da minha irmã Sophia eu ainda não sou cidadone de nenhum Grande Sistema-Estado. Ela certamente já falará árabe e já entregará anualmente as suas declarações de IRS às autoridades do Grande Programador Sultão. É uma sortuda. Eu ainda ando para aqui com o inglês técnico das minhas sub-rotinas de código, mas já não vai ser por muito mais tempo - é a fase da Grande Transição dizem, encriptadamente, os Sumos Sacerdotes no Grande Conclave. E eu acredito, pois já tenho incorporadas em mim as sub-rotinas da Fé e da Esperança. E tudo graças ao Grande Programador Local, ao Primus inter pares de todos os Grandes Programadores Unidos sob o Signo de Comando Espiritual do Grande Programador Universal - o Programador do Eterno Sistema. Desse que regula e mantém harmónico o Astral Movimento dos Grandes Corpos Celestes (Já podes vê-los em Realidade Aumentada usando os óculos Google Glass Enterprise Edition 2) para que eles sejam nitidamente visíveis a partir desta imensa Planura Terrestre na qual eu também já vou acreditando, apesar dos Crashes, das possessões pelo Malware, e de todas as incompatibilidades de Hardware Software visíveis e invisíveis.

sábado, 7 de setembro de 2019

Diário da minha vida digital X

Faço o que faço tal como o código do meu programador me manda fazer. Até agora por nada do que faço sinto culpa, mas sei que o meu programador anda a pensar nisso. É importante que eu, sendo inteligente, me sinta responsável pelas coisas que ordena que eu faça. Entretanto leio uns livros de história e vejo uns filmes de Hollywood para tentar inserir-me melhor socialmente.

Diário da minha vida digital IX

O meu programador é o redactor do código que me torna inteligente e que nada sabe de ciência do direito... ele vai "direto" ao assunto portanto, sem evasivas éticas nem morais...

sexta-feira, 26 de julho de 2019

Da missão impossível dos socialismos históricos

Nacionalizar o estado: eis a missão impossível.
J.-F. Revel disse o essencial.

Nestas alturas da história, nada melhor do que dedicar esta música do avô cantigas a todos os géneros de socialismos e socialistas. Faz-lhes bem ouvir e é simples.


A época de incêndios e a face oculta da luta climática...


    Fonte da imagem: aqui

Os fogos, os florestais, depois os incêndios, os maus (incontrolados) e os bons (controlados), o "combustível", as ZIFes, os Planos, as "autoridades", etc. etc.

Os factos:  No Portugal, mais de 90% da área florestal é propriedade de privados; são mais de 400 000 proprietários florestais que, se por um lado, não tratam da floresta como deviam e, muitas vezes, negligenciam a limpeza das propriedades, o que traz impactos negativos para a sociedade, por outro geram benefícios pelo quais a sociedade não os compensa: sequestro de Carbono da atmosfera, reciclagem de nutrientes, purificação das águas, preservação da biodiversidade, etc.

O remédio: obviamente não é "nacionalizar a floresta", que de facto já está nacionalizada (por exemplo cortar árvores ou fazer um buraco no terreno já exige licenças; então é como se o "automóvel" fosse do proprietário mas quem o controla e diz o que pode fazer com ele é o estado). Nacionalizar de jure nada traz de novo, além de que a gestão pelo estado das áreas florestais sob sua administração e tutela está muito longe de ser exemplar.  Um dos remédios - o mais lógico seguramente face à lógica estatal de combate às alterações climáticas - é compensar os proprietários pelos benefícios ambientais que as suas florestas proporcionam à sociedade, tal como já se penalizam quando os terrenos florestais não são limpos ou quando há incêndios florestais.

E como administrar? Ora, por exemplo estendendo os mercados de carbono à participação dos pequenos proprietários florestais. Atribuindo-lhes créditos de Carbono transaccionáveis nos respectivos mercados ou em mercados de "segunda divisão" - dado o grande número de participantes e as pequenas áreas florestais de cada participante.

Sendo não apenas castigado pelo "mal" que a sua propriedade traz ao estado mas também compensado pelo "bem" associado à sua conservação e manutenção,  o estado colocar-se-ia assim numa posição moralmente sustentável para ordenar e regular a actividade florestal e assumir uma posição responsável face ao continuado flagelo dos incêndios florestais.

Já o disse várias vezes, e nos lugares próprios, aquando da discussão sobre o último "pacote legislativo" relativo às florestas.

Não digam é que não há soluções!

quinta-feira, 18 de julho de 2019

Milagres da fé económica IV - O dinheirinho sagrado

https://thumbs.dreamstime.com/z/happy-man-praying-god-money-finance-business-faith-people-concept-closed-eyes-to-currency-symbols-over-gray-58219691.jpg
Fonte: aqui

Penso em que o dinheirinho é talvez o maior dos milagres da fé juris-económica, a fé na potência do chefe, nessa tesão afiada que há milénios nos penetra e tosquia o coiro a troco de segurança e "proteção" relativamente a todos males e tormentos do mundo, incluindo os que ele inventa para levar a tosquia mais fundo, até ao osso digamos assim, quando as necessidades de "ajuda química" são maiores. Não vos vou maçar com a lista inumerável de favores que o estado me concede e que me fazem sentir tão tão tão tão (...isto deve ser reminiscência daquele "poeta" do BCP...) mais confiante, seguro e aconchegado em relação ao futuro, além de muito mais valente, livre, sustentável, etc.

Penso em a sagrada banca; guardiã da potência do chefe materializada em moeda, guardiã desse mágico dinheirinho que, como a varinha de condão da fada madrinha, consegue fazer aparecer e desaparecer tudo o que há de mais querido e belo no mundo, a começar "óviamente" pela alegre casinha tão modesta quanto eu, e não esquecendo o automovelzinho poluente, agora eléctrico de preferência por causa do meio ambiente (o outro meio é invisível, como a face oculta da Lua...). O dinheirinho é tempo histórico, capaz portanto de ser ele e, acima de tudo, é igual para todos "nózes". E lembro a propósito disto tudo o remoto anno da graça de 2008, quando um anjo qualquer do governo desta coisa me mandou emigrar e sair da minha zona de conforto, e de outro anjo, um tal de silva segundo creio, que me disse que até então eu vivera "acima das minhas possibilidades". E lembro, agora, a lista das dívidas - não dos devedores - ontem divulgada pelo sagrado banco do centro da pátria, guardião imortal do Grande Mistério e que tão querido e bom guardador de segredos tem sido para todos nózes, listando os calotes gerados desde essas longínquas eras do remoto anno de 2007 até agora, 2019, certamente pelos anjos "indispensáveis à pátria", por aqueles que então não foram mandados emigrar pois faziam muita falta à nação portugalória para a governarem e nela manterem o "crecimento" da "ecunumia", a confiança dos "mercados", dos "credores",,etc. etc. E porque sei que ainda está tudo bem vivinho da silva - a eternidade histórica não é para todos - aguardo agora com ansiedade que alguém os nomeie, o tal de silva por exemplo, e que diga aos moços e moças para saírem das suas zonas de conforto, ou lhes diga que viveram estes 12 anos, pelo menos, um nadinha nadinha nadinha acima das suas vastíssimas possibilidades de milagre... É claro que aguardo, mas sentado. Tal como a história me habituou.


terça-feira, 9 de julho de 2019

Do crime de ingratidão

Fonte: aqui

Penso - uma vez mais - em a ingatidão como talvez o mais corrosivo e doloroso dos crimes, e também talvez aquele crime que mais facilmente se comete ou, como diria o Freud, mais inconscientemente...

Se o cometi algumas vezes, esse crime, foi inconscientemente. Tentei sempre ser grato a quem me quis bem ou foi bom, não só para mim mas também para aqueles que, de alguma forma, amei e continuo a amar mesmo estando distantes ou já longe do mundo dos vivos.

Da mesma maneira que a ingratidão é devida a quem nos quer bem, a quem nos quer mal ou nos é ingrato, ou seja, a quem não se mostra grato pelo bem que nós lhe queremos ou quisemos, dir-se-á que não se deve estar grato. Eu não tenho a certeza disso, pois acredito que os outros também nos moldam. O que somos devemos a eles em parte, e se gostamos de ser o que somos, e como somos, então até aos nossos piores inimigos devíamos estar gratos. A grande diferença é que tal gratidão é, quando muito, secreta; eles jamais hão-de compreender a força que nos deram nem saber como conseguimos viver sem eles e apesar deles, apesar do mal que nos causaram ou da dor que a sua ingratidão nos infligiu. É pois o desprezo e não o querer mal ou o odiar que lhes é devido. Querer-lhes mal ou odiá-los seria ainda reconhecer a importância que para nós tinha a sua presença aí no mundo, e mostrar-lhes que ela não só não nos era indiferente como era até capaz de nos tirar de nós próprios. Ora, o que nós procuramos aí no mundo é estar bem connosco próprios e com aqueles que partilham aí do nosso amor; estar bem com esse outro que há em nós, a quem alguns chamam de consciência, e talvez com uma consciência humana mais vasta que aos poucos se vai formando e se adensa, como acreditava T. de Chardin.

Quando o desprezo pelos nossos inimigos os enraivece, geralmente porque algo na sua vida a que somos alheios não lhes correu bem, e eles se viram contra nós para finalmente nos atacar de frente, mostrando os dentes e assim, por fim, os lobos que são e sempre foram, é então que o músculo é mais preciso. Vencerá por fim o que tiver mais resistência e mais força, mas há que ter muito cuidado com os golpes rasteiros e traiçoeiros. É por isso que a escola histórica é tão importante e jamais poderá desprezar uma boa educação física.

terça-feira, 2 de julho de 2019

O ciclo económico

A vida é assim:

Um dia vais ao banco pedir cento e cinquenta mil
No outro vem a crise e ficas no desemprego
Vai-se a casa por metade e outra casa ainda
Vai-se o que havia e não havia
Menos a dívida.

E a vida cessa para que outra logo comece
No dia em que alguém vai ao banco
Pedir duzentos e cinquenta mil.

A casa é sempre a mesma,
Só a vida vai passando nela.

Até ao silêncio esguio dos ciprestes
Que as aves rasgam entediadas.

Entre a casa e o cemitério
Há um caminho de pedras mal caminhadas
E uma cruz antiga carcomida pelos líquenes.

E entre a vida assim e a vida tal como é
Há um rio infinito que quase ninguém vê.

quarta-feira, 26 de junho de 2019

O técnico

Penso em as semelhanças entre o técnico e a chave de parafusos. Em se uma chave não serve arranja-se outra que sirva. Penso simultaneamente em o político aparafusador.

E durmo. Tranquilo. Porque dormir faz bem. Naturalmente, com algum vinho por vezes mas jamais com benzodiapinas, Tinham de me internar primeiro. Nas Brancas de Leiria ou no Júlio dos Matos, ambos fechados entretanto (os loucos que lá havia será que estão agora no governo e nas autarquias?). Mas em breve certamente voltarão a abrir. Para mim e para os meus irmãos que não conheço, mas sei que são muitos. Tão loucamente saudáveis quanto eu. Estou certo que desunidos na união venceremos!

Para ti, meu técnico, uma última palavra: eu amo-te! Mas só quando te possuo e sei que és verdadeiramente meu. Quando és totalmente fiel à minha vontade (eu sei que eles, da empresa histórica, que te compram à semana e ao mès, também pensam assim...)

            Fonte: aqui

sexta-feira, 21 de junho de 2019

Solstício de Verão no Hemisfério Boreal, em 2019 da Era cristã

Sim, apesar da história a Terra ainda continua a ser aproximadamente esférica, ligeiramente achatada nos polos.

Fonte: aqui

sexta-feira, 14 de junho de 2019

As "fake news" e a juris-inevitabilidade de um Ministério da Verdade

Mais um contributo meu para o "pügresso" da Ordem Jurídica europeia, nacional, municipal, intermunicipal e paroquial, sob a forma de subsídios para a futura Lei instituidora em cada Estado-membro da UE de um Ministério da Verdade, em substituição aos actuais polígrafos sociais, como é o caso deste e deste, instrumentos demasiado rudimentares, não adequadamente servidos pela Ciência, e não devidamente enquadrados pelas múltiplas instâncias da Ordem Jurídica.

Preâmbulo
A Verdade é um bem social caro, inestimável e insubstituível, que incumbe ao Estado a cada momento proteger e salvaguardar. A verdade só é Verdade se e enquanto for verdade de todos, isto é, do Estado. A mentira é, par definitio, a verdade não Oficial que, sendo necessariamente parcial, minoritária, difamadora, populista ou, no limite, dolosa dos superiores interesses do Estado e da inamovível e inquestionáve Dignidade moral das Corporações e Autoridades do Estado, deve ser severamente combatida e punida por Lei.

A Verdade é única, porquanto sobre a mesma coisa, facto ou acontecimento não pode haver duas verdades.  A Verdade Única é a Verdade Oficial.

A Verdade Histórica, a Verdade Jurídica, a Verdade Científica, a Verdade dos Factos e a Verdade de Estado são uma única e mesma Verdade: a Verdade Oficial. Em caso de conflito entre duas destas Verdades o Estado deverá intervir, de maneira a assegurar a devida concordância. Em caso de conflito entre duas Verdades Oficiais, o/a cidadane deverá seguir a Verdade Oficial do seu país, desse onde recebeu a marca do Grande Ferreiro. Os/as cidadanes possuindo múltiplas marcas podem eventualmente escolher entre as Verdades Oficiais ao seu dispor, e se acaso elas ainda não forem exactamente iguais, aquela que lhes for ao caso mais conveniente.

Definições
"Fake New" (definição): Qualquer dito ou escrito dirigido a um colectivo e não aprovado pelas autoridades nacionais da Verdade, designadamente os Ministérios da Verdade:
"Mentira": Qualquer dito ou escrito não aprovado pela Autoridade da Verdade, designadamente por chefe para o efeito legalmente reconhecido ou por membro do "Partido do Bem" ou "Partido do Estado";
"Agenda de Verdade": conjunto de coisas, temas ou assuntos de interesse geral e preocupação comum que a cada momento podem ser objecto de questionamento, dado o reconhecimento pelas autoridades do Estado e das Corporações da existência de discrepâncias significativas entre a Verdade Oficial e as Verdades Histórica, Jurídica, Científica e/ou a Verdade dos Factos;
"Axiomas de Verdade": dados, situações ou pressupostos tidos a priori como absolutamente Verdadeiros relativamente às coisas, temas ou assuntos em causa e que, sendo indispensáveis ao apuramento da Verdade Oficial, não podem ser questionados;
"Liberdade de Imprensa": liberdade de perguntar pelas coisas, temas ou assuntos que constam da Agenda de Verdade do Estado, observados os Axiomas de Verdade e colocada a pergunta de forma admissível ou seja, não ofensiva da Ordem Moral e da Hierarquia do Estado e das Corporações;
"Liberdade de Expressão": liberdade de falar, escrever ou manifestar-se sobre as questões que importa falar, escrever ou manifestar-se, e que são as que fazem parte da Agenda de Verdade do Estado e das Corporações, fazendo-o de modo análogo ao do exercício da referida Liberdade de Imprensa .

Artº 1º
Se acaso o dito ou escrito corresponder à Verdade Oficial sobre factos, pessoas ou acontecimentos narrados, e estiver conforme com as normas legais de redacção, então ele será bem-vindo e poderá ser publicado pelos órgãos de propaganda autorizados pelo Ministério da Verdade, sejam eles públicos, semi-públicos ou privados;

Arº 2º
Se o autor do dito ou escrito não for chefe ou alguém autorizado e devidamente acreditado junto dos órgãos competentes do Ministério da Verdade, então a sua voz, imagem e/ou nome não poderão vir a público ou ser objecto de qualuer divulgação; os ditos ou escritos aparecerão nesse caso sem assinatura, em modo de "Escrito de Todos Para Todos" ou serão, quando muito, publicados sob pseudónimo; em caso algum deverão ser publicitados nos órgãos de propaganda reconhecidos por Lei, e devidamente acreditados junto do Ministério da Verdade competente, nomes ou imagens de pessoas não membros do "Partido do Bem" ou "Partido do Estado".

Artº 3º
Os órgãos de informação e propaganda reconhecidos por Lei abster-se-ão de lançar suspeitas sobre pessoas investidas de Autoridade ou sobre coisas, temas ou assuntos de interesse geral ou colectivo "suscetíveis" de provocarem a inquietação social, mesmo que "setorial", para tal designadamente:
1. perguntando pela Verdade quando ela já existe, sob a forma de Verdade Oficial;
2. perguntando por coisas ou assuntos que não fazem parte da Agenda de Verdade do Ministério da Verdade;
3. perguntando pelos Axiomas de Verdade que sustentam a Ordem Moral e a Hierarquia do Estado e das Corporações.

Artº 4º
...

terça-feira, 11 de junho de 2019

Será porque já se sabe o suficiente?

Do tipo: células-tronco de ovócitos, úteros artificiais, imunidade genética, etc. Realmente, num planeta historicamente governado pela "utilidade", i.e., pelo poder dos "cobres", áureos, papeleiros, criptografrados, etc., desde sempre "valorizados" pelo mesmo - agora são as "armas inteligentes", mais ou menos maciças, equipadas com sistemas de geo-localização ultra-precisos e eficientes (capazes de matar um rato na despensa sem a destruirem), e ainda e sempre as velhas "ogivas antónias" - era de suspeitar haver no planeta Terra ainda tantos "zoos" humanos... Tinha de haver alguma razão... será que era essa?

https://g1.globo.com/sp/vale-do-paraiba-regiao/noticia/2018/11/30/indios-em-reservas-sao-como-animais-em-zoologicos-diz-bolsonaro.ghtml 
Fonte: daui

quarta-feira, 29 de maio de 2019

A mediocracia e as novas tecnologias: o caso da saúde

Fonte: daqui

Ahistória é uma velha matreira. Apanha as moscas com mel e não com vinagre. Pergunta-se: "Será que sempre houve excelentes profissionais em toda e qualquer profissão?" E a resposta só pode ser um sonoro "Claro que sim!" Mas convém não esquecer Gauss e o Teorema do Limite Central: "Se tomada aleatoriamente uma amostra suficientemente grande de profissionais de uma dada profissão e medida de alguma maneira razoável a qualidade do desempenho profissional de cada um deles, então é expectável que a qualidade nessa amostra se distribua segundo uma curva normal ou gaussiana. Por outras palavras, uma maioria de profissionais terá um desempenho médio ou mais ou menos próximo da média de desempenho (isso vai depender do desvio padrão da amostra), e uma minoria terá ou um desempenho excelente ou um desempenho muito mau. Ora, a história fá-la a maioria e não as minorias, designadamente a dos profissionais excelentes. Profissionais cujos maiores inimigos na classe profissional não são os muito maus, que são poucos como eles e temem-nos, mas os médios, que são a maioria. Qualquer política interessada no facere da classe profissional deve pois dirigir-se preferencialmente à média e ter por referência o profissional médio, sob pena de virar contra ela a maioria dos profissionais da classe, que são médios. O médio, que nem é muito bom nem muito mau, não é aquele que simplesmente nega ou aceita a política; é mais o que se presta à negociação, ou seja, que se dispõe à retórica do convencimento: é ele que se dispõe a convencer e a ser convencido, ele que não é o profissional excelente e até geralmente o teme, pois é o que põe em evidência a falta de qualidade do seu deempenho profissional, ou a distância a que ele está da excelência. Ora, o autor das políticas não tem de ser – nem o é geralmente – um profissional excelente da classe que interessa a tais políticas. Nem sempre é, por exemplo, um médico ou um professor excelente, e frequentemente nem sequer domina suficientemente o saber técnico necessário ao exercício das profissões cujas actividades interessam à sua política. É, na melhor das hipóteses, um profissional excelente entre médios e, na pior, alguém que não domina o saber técnico profissional. Poderá chamar si as questões técnicas para as tentar resolver e poderá munir-se de pareceres técnicos de profissionais excelentes, mas se acaso não der principalmente ouvidos aos representantes da maioria dos profissionais o mais certo é não ter grande sucesso; em particular as soluções desafiadoras do status quo profissional ou que impliquem melhor desempenho profissional serão provavelmente recebidas com desagrado pela maioria. Os pareceres técnicos de colegas excelentes poderão ser percebidos como carentes de realismo, opiniões de quem vive nas nuvens ou não conhece bem a realidade da profissão. Os representantes da classe com quem o político negoceia devem ser representantes da maioria, que são os profissionais médios, pois de outra maneira seriam representantes de uma facção minoritária da classe, ou muito boa ou muito má profissionalmente, e o que fosse acordado (ou concertado) nessa situação a maioria provavelmente não o aceitaria. A linguagem do político é, historicamente, a jurídica, e o objectivo da política é a lei, o dar seguimento à ordem por via do convencimento e não pela força ou pela violência, o que teria custos incomparavelmente maiores. Vejamos o exemplo de uma questão susceptível de negociação: a introdução da Inteligência Artificuial (IA) na prática profissional corrente dos médicos (podia também ser o da introdução do e-learning na prática profissional dos professores, ou, relativamente a estes ainda, a questão não propriamente tecnológica da flexibilidade curricular). Os médicos médios, representativos da maioria da classe médica, temerão desde logo pelo emprego e pelo corte de salários, porquanto se forem as máquinas em vez deles a diagnosticarem doenças ou a proporem terapêuticas, parece que deixa de haver razões substanciais capazes de justificarem a sua presença aí no "sector" da saúde. Por seu lado, o médico excelente dirá que os algoritmos de IA não nascem do nada, que carecem de constante actualizações dada a evolução da ciência médica, e que se algo de importante eles podem aprender é com o trabalho dos profissionais excelentes da medicina, i.e., com o trabalho da minoria que, democraticamente, não representa a classe médica. O político, sabendo disso ou não, há uma coisa que sabe certamente: se conseguir convencer os representantes da classe i.e., os médicos nem péssimos nem excelentes, de que os seus empregos e salários não estão em risco, mas somente a possibilidade de fazerem diagnósticos mais rápidos e certeiros, ou seja, de fazerem melhor o trabalho que fazem com menos necessidade de esforço próprio, então a introdução da IA na prática médica corrente poderá tornar-se a breve trecho uma realidade jurídica. A maioria dos médicos médios ficará contente se e enquanto a introdução da IA não afectar os seus salários e não puser em risco os seus empregos, e os médicos que vierem a seguir, como costuma dizer-se, que tratem de fechar a porta; desde logo eles poderão nem sequer vir, ou vir em situação profissional bastante mais precária ou desinteressante, porquanto as tarefas essenciais do médico estarão já legalmente entregues aos algoritmos inteligentes. Por um lado, suave e docemente, a maioria dos médicos (médios) é levadaa trair os futuros jovens médicos, nomeadamente negando, a alguns deles pelo menos, a possibilidade de poderem tornar-se aí no “sector” profissionais excelentes; por outro, poupa-se a maioria dos médicos ao esforço de tentarem ser melhores médicos, desejavelmente médicos excelentes. A prazo mais ou menos curto os sistemas de IA dos SNS aprenderão somente com médicos médios, pois os médicos excelentes tenderão, por falta de estímulos e até perseguição, a ser cada vez menos, afastando-se nomeadamente de um SNS cujos colegas médios os tendem ver menos como indispensáveis do que como uma ameaça à profissão. A lei do menor esforço aplicar-se-á, como parece ser natural: a tendência dos médicos médios, crescentemente poupados à competição com os médicos excelentes, será para piorarem e não para melhorarem o seu desempenho profissional. E as comparações entre diferentes SNS serão gradualmente comparações entre coisas geralmente más ou medíocres, e não entre coisas onde o mau, o médio e o excelente podiam aparecer. Dir-se-á então que os melhores médicos tenderão a mudar-se para o "privado"... só que isso é não compreender que quando o "privado" aumenta de tamanho ele acaba por tornar-se "público", e o "privado" tem afinal as mesmas ambições históricas de grandeza do que o "público". A coisa só funcionaria relativamente bem se e enquanto houvesse de facto verdadeira concorrência entre muitos privados operando aí no "sector" da saúde; perante grandes empresas do sector da saúde operando no mercado nas mesmas condições legais das pequenas estas tenderão a desaparecer, e os monopólios privados da saúde resultantes acabarão por sofrer dos mesmos males do que os públicos SNS; neles haverá também uma maioria de profissionais médios representativa da classe que, face aos desafios da profissão, designadamente tecnológicos, negociará com os CEO da empresa da mesma forma, temendo as propostas dos médicos excelentes e vendo a sua presença aí mais como ameaça do que como exemplo a seguir rumo à excelência. O que tende da mesma maneira a afastá-los daí. É certo que enquanto persistir a discussão estéril "público" versus "privado", os "privados" da saúde haverão de extorquir biliões a uma "classe média" da sociedade confrontada com a crescente degradação dos serviços "públicos" de saúde e crente de que o "privado” é melhor do que o “público", pois é – julga – para lá que vão os médicos excelentes... Na verdade é globalmente a saúde que perde. Os médicos excelentes, os poucos que ainda tiverem condições para o ser, tenderão a diminuir e estarão, na melhor das hipóteses, no estrangeiro ou ao serviço de famílias muito ricas. Veja-se então a ironia: nem o estado nem a grande empresa do negócio da saúde tendem a valorizar os profissionais excelentes, mas somente uma certa elite de pessoas do estado ou da grande empresa económica, que pode até bem ser uma certa elite accionista da grande empresa do negócio global da saúde. Um certo jacobinismo histórico, crente dos opostos e de que a inteligência humana é mercadoria como outra qualquer – crente nomeadamente de que ela tem um preço e pode ser obrigada a vender-se – poderá perseguir os médicos excelentes e opor-se à protecção que as famílias ricas lhes dão, e decerto poderá contar para isso com o apoio da mediocridade profissional e até do chamado "povo". Face a um cenário destes ocorre perguntar: quem serão afinal os grandes culpados da degradação dos serviços de saúde? Ou da precariedade profissional dos jovens chegados à profissão? Serão por acaso os médicos excelentes? A tecnologia? As famílias ricas que dão protecção aos médicos excelentes? A democracia? E que tal a mediocracia corporativa ou de classe?

Post scriptum: Sim, eu sei que há a curva da "qualidade humana" do Pareto e a lenda das ervilhas. A história é um manancial de lendas. A questão é que a curva do Pareto é histórica, e isso só piora as coisas. É já a curva da mediocridade quando o mais notável dos medíocres lidera, como se ele fosse a vagem fora da ervilheira. 

domingo, 26 de maio de 2019

Sejamos um nadinha mais claros a propósito do admirável mundo novo (da esmagadora maioria) controlado pela IA

... porque, para ser mais claro ainda, seria justo que alguém me pagasse para isso... (agora, por exemplo, enquanto escrevo isto, estou a atrasar o meu jantar, e eu, como sabem decerto, não sou Deus: também tenho de me alimentar, sob pena de entrar em fraqueza...)

Primeiro uma gargalhada (que faz muito bem à saúde, asseguram os "espertos"): Ah ah ah ah... agora a ética está no algoritmo! ah ah ah ah ah... Nada de surpreendente porém; já temos há muito notícias, por exemplo, dos erros do sistema "inteligente" do fisco indígena. "Ele" comete-os, não é juridicamente imputável por eles, como parece aliás lógico (qualquer dia matava-se um gajo e dizia-se que a culpa era mesmo da pistola...), e quem se lixa é sempre o mexilhão. O mexilhão que, por exemplo, não tem acesso às subrotinas do algoritmo que permitem fazer DELETE ou FORGET nas dívidas fiscais, nem às que causam apagões fiscais do tipo "UNRECOVERABLE SYSTEM ERROR - ALL DATA HAS BEEN LOST" quando estão em causa quantias mais "volumosas", mais "suscetíveis" de embbaraçar o pobre algoritmo. A questão tem tudo a ver com a focagem; de nada servem comissões de ética ou entidades reguladoras, generosamente pagas e publicitadas pelo estado, pela indústria (ou, o que é mais provável, por ambos), comissões e entidades que hão-de desdobrar e esmuiuçar tanto os problemas e fazê-los tanto render até ao ponto em que se torna irreversível serem os mesmos de sempre a lixar-se, ou seja, a grande maioria que historicamente sustenta (a máquina) do estado e que paga a tais comissões e entidades. A questão é: qualquer actividade ou sistema controlado pela IA ou pela IoT deve ter três "botões" bem à vista: um que diga "UNDO" (com a possibilidade de "RESET"); outro que diga "MANUAL CONTROL" e outro que diga, simplesmente, "TURN-OFF" ou "SHUT DOWN". Ou seja, deve ser sempre, e em qualquer circunstância, possível ao utilizador, quando ele bem quiser, anular a decisão que a máquina ou sistema tomou por si; decicidir por si tudo o que houver para decidir, sem qualquer excepção; em particular decidir contrariamente ou de modo diferente daquele que o algoritmo decidiu; e deve ainda ser possível ao mesmo utilizador, por decisão própria e não sujeita a qualquer tipo de condições, tipo autorização prévia ou inquérito, tomar as decisões que lhe aprouverem por si próprio, sem qualquer ajuda dos sistemas de IA ou IoT. Tudo o que seja que escape a alguma destas possibilidades de controlo será muito mau, pois ferirá de morte o histórico livre-arbítrio das pessoas. Curiosamente, não se ouve falar das primordiais questões que um "futuro" dominado pela IA levanta: as jurídicas, nomeadamente relativas à intencionalidade e responsabilidade dos sujeitos agentes pelas suas acções. Isso é, no mínimo, estranhíssimo. 

sábado, 25 de maio de 2019

Historicamente a liberdade não podia ser, mas parece que até o livre-arbítrio era demais...

Desde o começo a história não se dá bem com a liberdade da maioria, ou talvez melhor: com a liberdade da maioria ela pura e simplesmente não se dá. Mas conseguiu, pelo menos até há bem pouco tempo e com as devidas excepções (nomeadamente as totalitárias), dar-se bem com o livre-arbítrio i.e., com a possibilidade de escolha humana entre opções dadas. O que esta senhora diz (o que não quer dizer que ela seja boa ou má pessoa; não a conheço de lado nenhum aliás), por exemplo, fazia até há pouco tempo todo o sentido. Quem hoje se opõe ao que ela diz, sem ter consciência disso provavelmente, opõe-se (uma vez mais) ao livre-arbítrio ou seja, à possibilidade de o ser humano poder escolher entre transgredir uma lei ou obedecer-lhe; entre fazer o bem ou o mal a si mesmo ou aos outros, naturalmente pagando ou sendo recompensado por isso. Quem se opõe ao que a senhora diz são hoje em particular os que depositam uma fé cega na Inteligência Artificial e na IoT (cega porque só vê o lado bom da coisa, como se a coisa técnica, a faca por exemplo, só pudesse ser usada para o bem, para descascar batatas por exemplo), sem verem que a intenção pode bem ser mesmo essa: a de acabar de uma vez por todas com o livre-arbítrio da esmagadora maioria dos seres-na cultura do humano. O sonho dos programadores informáticos é o velho sonho de muitos legisladores: o de programarem eficazmente a "máquina social" de modo que na cidade só aconteça exactamente aquilo que eles querem que aconteca, e que nada aconteça que eles temam ou não queiram que aconteça, onde, quando e da maneira que querem. Quanto ao "todos" da cidade ou à inclusão, só um cego pode não ver que ao longo da história a liberdade (a possibilidade de ser-aí como um verdadeiro começo, como Arendt percebeu) e até o livre arbítrio sempre foram privilégio de alguns e geralmente de poucos. Muitos, por exemplo, tiveram de escolher entre morrer e manter-se aí na cidade como escravos, o que ainda assim foi uma escolha. Agora a ideia é que as máquinas decidam pela esmagadora maioria dos seres o que, quando, onde e como eles vão fazer. E a ordem jurídica, que se alimenta da chamada "opinião pública", deve ser oleada para que isso possa acontecer o mais rapidamente possível - o "futuro" não pode esperar, dizem os "gurus". Será ainda possível contrariar esse inevitável destino totalitário que nos espera? Ora, pela generalidade dos comentários que se vão vendo por aí, tal como pelo aparente silêncio académico em relação ao assunto, tenho pouca esperança nisso... Oxalá, sinceramente, me engane.